RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Abril 18, 2024

Alcochete: Assalto ao Poder

Começo este post, dedicado ao meu clube extremamente dividido, dizendo o seguinte: eu sou “Brunista” (termo atribuído a quem exigia mais do clube e a quem não se contentava quando perdíamos 1-0 com os Barcelonas desta vida). Por isso, peço a todos os que forem “croquetes”, (termo atribuído à outra metade do Sporting, os famosos 71% que aplaudem levar 0-5 do eterno rival com glamour porque “ao menos ninguém se aleijou”) que fiquem por aqui neste post.

A menos de uma semana do início da época 2019/2020, eu já não posso ouvir falar deste novo sporting. Quem me dera que não fosse assim. Quem me dera estar entusiasmada como nas épocas anteriores (2018/2019 não está incluída). Quem me dera que o meu Sporting não estivesse no estado em que está. No entanto, isto não passam de meros desejos. Desejos que, num país cheio de esquemas e sistemas controlados por mãos invisíveis, vão ser muito difíceis de concretizar.

O Sporting Clube de Portugal sempre foi um grande clube. Por mais anos que passassem sem ganhar um campeonato de futebol, sempre foi considerado um grande, devido às modalidades que esta direção parece desprezar e devido à enorme massa associativa. Este clube já não é o que era e está completamente destruído. Talvez as últimas épocas tenham sido um sonho para quem vibrou com as enormes conquistas – relembremos o ano em que fomos campeões em todas as modalidades, algo inédito.

Talvez a antiga direção nos tenha feito sonhar demasiado. Talvez tenhamos ficado mal habituados, ou demasiado bem. O que eu sei é que o meu Sporting era um clube que fazia frente ao sistema – clube que denunciou os vouchers e pioneiros na aplicação do VAR no futebol –  e que recusava colaborar com qualquer negociata que merecesse ser investigada (Jorge Mendes ou outros fundos). No fundo, era um clube sem medos e que exigia o máximo de cada atleta pago, e bem pago, para desempenhar as suas funções.

Foi construído um Pavilhão para as nossas modalidades poderem jogar em casa, para poderem sentir-se em casa. A nossa academia foi melhorada, apesar de agora se ter descoberto que os colchões não eram mudados há anos, sendo essa a razão por não aparecerem outros Ronaldos ou Nanis (palavras do presidente) –  problemas de costas ou lá o que era.  Devia ser num desses colchões que o coitado do Capel dormia, que ele, cada vez que entrava em campo, coitadinho, parecia carregar sempre uma mochila às costas.

Adiante. Foi criado um canal para o nosso clube, de sportinguistas para sportinguistas, onde seria o canal de comunicação para os sócios e adeptos em vez de lerem e ouvirem lixeiras como a cmtv. Os investimentos nas modalidades foram bem feitos com frutos provados no museu, a quem eu recomendo uma visita.

O Sporting conseguiu erguer-se do fundo. Podem não lembrar-se disto, mas eu lembro-me do pré-Bruno. Lembro-me de quando ele perdeu, de maneira suspeita, as primeiras eleições a que concorreu e Godinho Lopes as ganhou. Todos sabemos como isso acabou: sporting em 7º e assistências de 5 mil por jogo.

Felizmente apareceu alguém que nos salvou dessa situação e conseguimos encher Alvalade de novo, conseguimos pintar Alvalade de verde – as escadas e o corrimão, pelo menos, já que a questão das cadeiras multi coloridas já vem bem de trás.

E tão bom que foi… tão bom que foi ver o meu Sporting com saúde. Tão bom que foi sentir-me em casa e em família. O nome do Sporting estava novamente bem representado e nas bocas de toda a gente. O trabalho feito foi notável –  com idas à Champions e jogos de encher o ego a qualquer um –  e, felizmente, bem reconhecido. Ou não.

Infelizmente, o meu clube tem adeptos que nunca souberam reconhecer o trabalho da antiga direção. Talvez se aquela bola do Bryan Ruiz, contra o Benfica, tivesse entrado e tivéssemos sido campeões tivesse sido tudo diferente, mas a vida não pode basear-se em “se”.

Infelizmente, foram esses adeptos que colocaram o Sporting no estado em que está neste momento. Preferiram expulsar a única pessoa que não beneficiou com o ataque à academia e resolveram aplaudir e votar em quem ficou a rir-se e a pedir para gravar a fivela do cinto.

Aplaudem, ainda, quem ganhou milhões de prémios de assinatura ao rescindir e ao partir para outro clube (e, como fez bem a sua parte do golpe, tem direito a um camarotezinho entre as muitas borlas dadas por esta direção). Refiro-me a William.

Sempre fui Sportinguista ferrenha e em 2016 oficializei esse amor, tornando-me sócia desta grande instituição que é o Sporting Clube de Portugal. Sinceramente, não me arrependo de o ter feito, mas sinto que já não estamos a lutar todos pelo mesmo fim: elevar o nome do Sporting.

Adquiri a minha primeira gamebox no início da época 2016/2017. Desde aí, fui renovando sempre o meu lugar em Alvalade, assim como a minha energia para apoiar o meu grande amor durante as épocas. Mesmo que não ganhemos o título no final, não é isso que me move, mas sim, ver, vibrar e sentir que aqueles jogadores que carregam o meu símbolo ao peito deixam tudo em campo como eu deixaria se pudesse.

No início da época passada, a minha confiança no meu clube já não era a mesma. O Sporting tinha-se tornado o sporting e estava completamente virado do avesso e já não representava os valores de outrora. A minha motivação para apoiar já não era a mesma, e eu, que ia sempre com o meu namorado (ele com 7 anos de gamebox), olhava para ele e via-o aborrecido por estar ali, nem os golos festejava… foi isso que fizeram a muitas pessoas: mataram a paixão pelo clube. Eu não me revejo neste sporting.

No entanto, continuei a acreditar que a situação ia melhorar e que o Sporting iria voltar a erguer-se. Acreditei que a justiça iria ser feita e que os adeptos iriam compreender o erro que tinham cometido ao afastar a antiga direção. Não foi isso que aconteceu. Ficámos entregues a mãos alheias e maldosas que só trabalham em função dos seus interesses, que trabalham para a destruição do bom nome do Sporting Clube de Portugal.

Estamos prestes a iniciar um nova época. Uma época que tem tudo para ser desastrosa. Os jogos da pré-época não correram bem, como já era de esperar. Como de costume, não assisti aos jogos de forma assídua. No entanto, fui acompanhando os péssimos resultados.

Como já tinha referindo num post anterior, acredito que devemos confiar no trabalho que é preparado ao longo desse período, para, quando chegar a altura de regressarmos à nossa casa, estarmos na máxima força, prontos para dar o nosso melhor. Contudo, este ano essa confiança já não existiu, tendo em conta todo o panorama que se tem vindo a desenrolar.

Não prevejo bons resultados para esta época. Não sinto motivação para apoiar o meu clube. Não, enquanto estiver a ser controlado por pessoas que não têm a mínima noção daquilo que andam a fazer. O estádio vai ficar cada vez mais vazio, assim como o Pavilhão João Rocha. Os resultados desportivos vão ser desastrosos.

Querem destruir o Sporting? Não contem comigo para isso. Vamos voltar a ser o sporting que se rende perante os adversários? Vamos voltar a ser o sporting que não tem capacidade para lutar pelos títulos? Vamos voltar a ser um clube submisso e fraco? Vamos voltar a ser um clube dominado por croquetes e pelos interesses pessoais da direção? Vamos aplaudir os resultados medíocres e as voltinhas olímpicas aos estádio dadas pelos atletas?

Quanto a vocês não sei, mas eu preferia a sensação de sair do estádio frustrada por perdermos com a Juventus, com o Barcelona, com o Real Madrid. Ou quando não conseguimos virar a eliminatória com o Atlético, por pouco, e vimos de seguida um post a exigir mais desses mesmos jogadores para termos um clube tão grande como os maiores da Europa. Preferia isso do que um clube que leva 0-5 e vem um desorientado dizer que jogámos bem durante os primeiros 60 minutos da primeira parte e para ninguém se preocupar.

E de quem é a culpa? A culpa vai ser dos que vão a julgamento, mas eu não como gelados com a testa. Para mim a culpa é, e passo a citar, de: Jorge Mendes, Frederico Varandas, Álvaro Sobrinho, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Jorge Jesus, Jaime Marta Soares, Sousa Cintra, entre outros, que contribuíram para o golpe de milhões, ao qual agora chamamos terrorismo.

O problema não são os outros, somos nós. O problema está dentro do Sporting e não fora dele. Enquanto não perceberem isto, nada vai mudar. Temos, mais a norte, um clube em que os jogadores levaram de um grupo de adeptos, mas tiveram um treinador que os protegeu e não deixou sair nada para a comunicação social e que, devido a isso, provavelmente, este ano até terminam à nossa frente. No entanto, nesse caso, não foi terrorismo, foi em terras de D. Afonso Henriques e aí, no máximo, foi uma batalhazinha. Para ser terrorismo tinha de ser num clube com sede na capital –  sorte deles – azar do clube da capital.

“O sporting já não é alvo de chacota” dizem eles. Pois eu digo-vos que AGORA o sporting é alvo de chacota e até por alguns sportinguistas que já desistiram e só querem ver onde isto vai parar.

Eu não consigo apoiar esta direção e esta equipa técnica. Mas, se renovei a gamebox este ano? Renovei. Se vou apoiar o Sporting? Não, enquanto estiver neste estado. Vou ao estádio como quem vai ao teatro ver um drama vezes sem conta e que já conhece o final. Se vou lutar contra esta situação? Claro que sim. Eu faço parte dos adeptos que querem o Sporting de volta.

Habituaram-me a um Sporting que é respeitado e que não se curva perante ninguém. Habituaram-me a elevar e a respeitar o bom nome do meu clube e o símbolo que ele representa. Habituaram-me a não desistir perante as adversidades e a erguer a cabeça (aliás, durante anos, ouvi o Rui Patrício dizer que era altura de levantar a cabeça – um dos tais que rescindiu e ganhou milhões em prémios de assinatura. De certeza que, desde aí, nunca mais precisou de levantar a cabeça, pois ainda deve estar a contar quanto lucrou com o golpe).

Podem ter a certeza absoluta de que não me vão calar e de que não me vão desabituar a isto. Eu não vou desistir do meu Sporting, eu não vou desistir enquanto não expulsar do meu clube todos aqueles que não querem o seu bem ou enquanto eles não acabarem com o clube.

Quero deixar um agradecimento especial ao Alexandre Guerreiro por ter elaborado este post em colaboração comigo. Sem ele, não teria a mesma piada.

Saudações Leoninas

 

Nota do editor: texto enviado por Nídia Piza

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Comments

  1. Um das coisas que gostava em Bruno de Carvalho era a forma como ele topava os / as “sempre fui sportinguista ferrenha e em 2016 oficializei esse amor”. Antes era ferrenha mas…
    Faz-me lembrar os membros deste blog que são muito sportinguistas mas não são sócios.
    Volta BC para desmascarar esta gente!

    1. Alexandre

      Uma das coisas que mais gosto nas famílias é que pagam tudo o que queremos, então só em 2012 é que me deixaram tornar sócio, volta Godinho para me desmascarar, nem todos arranjamos trabalho aos 5 anos de idade para pagar quotas, se foi o seu caso parabéns espero que não leve muito caro à hora. Cumprimentos

  2. Gomerra

    Quando os 9 fdp rescindiram perdi a minha fé no futebol. Morreu ali.
    Mas quando tivemos aquela AG onde se expulsou o Presidente (resultado aldrabado mas ainda assim foi aceite por todos) decidi fazer o luto pelo clube.
    Para mim o Sporting morreu. E morreu porque já não tenho paciência para estas golpadas. Para mim o clube continua nas modalidades, mas até essas estão a morrer.
    De resto existe o novo sporting, que não é o meu clube, nem nunca será.

    Ao fazer o luto posso viver tudo com distanciamento, sem ter de me enervar. O Sporting morreu, e tudo de mau que anda a acontecer é a um clube novo, o novo sporting….. Claro que deixei de ser sócio, isso nem se fala.

    Boa sorte às modalidades. Que elevem o nome do clube o mais possivel. São a nossa ultima esperanca.

  3. Sportinguista com mais de 2 meses de sócio.

    Sócia desde 2016. Não percamos tempo a discutir com quem se lembrou que é do Sporting há um par de mses.
    Fazem lá ideia do que estão a falar.

    1. Sócio desde 2012, co-autor do texto, quer discutir algo?

  4. Revejo-me no post e no que o Sr Neca disse, também não renovei a gamebox pela 1ª vez em anos nem sei se o voltarei a fazer pois não é um clube em que me reveja mais.. ainda ontem tive a rever videos do Sporting 3-2 Braga em que tavamos a perder 0-2 ao intervalo e chovia torrencialmente e ninguém arredava pé, e sentia-se, sentia-se mesmo ao intervalo que podíamos dar a volta, e a explosão depois do golo da reviravolta mesmo a acabar, momentos inesquecíveis.. e este domingo? Os 71% que aplaudam como no golf para não perturbar muito a mente afetada dos jogadores devido aos acontecimentos de alcochete que ainda estão muito frescos que eu estarei a dormir ou a ver um filme, não me preocupo mais com isto, fiz a minha parte durante estes anos, votei quando foi necessário mas este clube cospe-me em cima e diz-me que os meus poucos votos não valem nada comparados com os 22 votos de croquetes portanto eles que fiquem com o clube, eu crio o meu próprio no football manager e serei feliz ai. Saudações leoninas a todos

  5. Neca Pinto

    Caríssima, revejo-me em muito do que escreve, com uma diferença. Com mais de 35 anos de sócio, pela primeira vez não renovei a gamebox. A minha paixão pelo Sporting não morreu mas está como que moribunda. Foi isso que estes senhores conseguiram, matar a paixão que se via nos Sportinguistas.
    Anteriormente, tivesse o Sporting perdido seja com quem fosse, nessa noite eu nem conseguia dormir, atormentado e angustiado pelo resultado. Agora, a nossa equipa leva chapa 5 dos lampiões e nem a mínima perturbação senti, dormi como se nada fosse. Tento entender friamente o porquê desta reação pois não é normal para alguém que é doente pelo Sporting há muitos anos. Creio que isto não se passa só comigo, pelo que vou lendo aqui e acolá, mas a verdade é que me sinto perdido em relação a este Sporting.

    1. Bancada de Leão

      Portanto, agora é que morreu a sua paixão. Com Godinho Lopes, Bettencourt e Soares Franco estava bem viva, certo?
      É que é sócio há 35 anos, por isso apanhou essa gente toda.

      1. Nessa altura não havia ninguém que avivasse a paixão que é diferente, depois de ter algo e existir um golpe que tira tudo muda o paradigma

      2. Gonçalo Palminha

        Somos muitos a sentir isto. Antes desses que enumeras, há décadas que não sabíamos o que era um Sporting forte. Voltámos a sê-lo e voltámos a deitar tudo por terra. Onde é que está a dúvida ou o problema em afirmar-se que a paixão morreu ou está moribunda? Sportinguismo não se mede.