RUGIDO VERDE

Por Neves de Sousa

Yazalde, do Sporting, com 46 pontos, recebeu a bota de ouro do «France Football». O austríaco Krankl, do Rapid, com 36 pontos, recebeu a bota de prata e «ex aequo» com 30 pontos entregaram-se as botas de bronze ao alemão Gerd Muller, do Bayern Munique, a Joseph Heynckes, também alemão do Borussia e ao argentino Carlos Bianchi do Stade de Reims. Este último, todavia, estava ausente pois partiu uma perna. Mas Yazalde foi-lhe entregar o troféu à clínica onde se encontra.

As taças da «Adidas» foram entregues aos representantes do Bayern de Munique e do Feyenoord de Roterdão, respetivamente os «capitães» Franz Beckenbauer e Wim Jansen.

Praticamente, o essencial está dito em relação à entrega da Bota de Ouro ao sportinguista Yazalde, no Bosque de Bolonha (em Paris). Foi uma festa que reuniu gente importante no mundo dos futebóis: e que, desde o presidente «verde» João Rocha ao jornalista Jacques Ferran, teve discursos bonitos, de louvor à iniciativa da Adidas e do France-Football, de elogio ao jogo que atrai multidões em todas as coordenadas e, apesar de ser considerado «alienatório» por certos sectores de «pseudo-intelectualóides», dia-a-dia conquista mais adeptos e ganha mais expansão.

Na reunião desenrolada no Pré-Catlan, figuras populares açambarcaram os olhares: embora sem nenhum dos mais importantes ter proferido afirmações por aí além (Beckenbauer, Muller e Kovacs preferiram comer e beber, gozando uma bela almoçarada) a verdade é que também Yazalde e o presidente sportinguista foram alvos de grande curiosidade, com João Rocha a fazer excelente promoção da sua colectividade, não apenas através de recordações que entregou a presidentes federativos, a dirigentes clubistas e a jogadores premiados mas, também, em afirmativas feitas à Imprensa internacional, com destaque especial para o entusiasmo que o avassala em relação ao futuro do ciclismo de Alvalade, que parece decididamente virado para provas além-fronteiras, com a meta lógica no Tour de France-75.

Não há dúvida: foi uma bela jornada leonina, a rodear (por iniciativa pura de João Rocha e do dr. Nunes dos Santos) a consagração internacional do profissional argentino Hector Yazalde que, neste momento alto da sua carreira, teve ao lado uma embaixada de portugueses que lhe proporcionaram a mais adequada moldura. Agora, resta a Yazalde cumprir o que prometeu a João Rocha: recuperar a forma (psicológica, sobretudo) que sofreu tratos de polé após um insípido e estranho comportamento no Mundial74, em que compareceu (contra todos os conselhos válidos) lesionado e a «dez por cento». Um erro que pagou bem caro: menos dinheiro no bolso, fama restringida, moral por baixo.

Que este impulso parisiense possa ser útil ao clube que gastou uns bons contos de réis para o transportar novamente às primeiras linhas da grande Imprensa…

Fonte: Jornal Diário de Lisboa