RUGIDO VERDE

O Sporting perdeu, Paulo Bento criticou a arbitragem. O filme não tem nada de novo mas, no remake, ganhou um novo episódio – o ataque a Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga. No meio das críticas, há um dado pouco abordado: os leões já estão a oito pontos do primeiro lugar. Mas poucos parecem atentar no facto, “apesar de começar a ser difícil chegar ao título”, como ressalva o comentador Jorge Batista. “Na minha altura chamava-se Natal, agora diz-se arbitragem. Mas é o problema de sempre que afasta o Sporting, só muda o nome. Toda a gente sabe que existe um poder instituído”, diz Pedro Venâncio, ex-capitão do clube. Por isso, e para extinguir a postura “demasiado simpática” com os juízes, os lisboetas pedem a demissão de Vítor Pereira. E, já agora, manter o processo que têm a decorrer contra o árbitro Duarte Gomes.

Vitor Pereira, ex-árbitro internacional e sócio do Sporting há mais de 25 anos – foi o pai, um associado cinquentenário, que foi a Alvalade receber o emblema -, concentra as atenções no rescaldo do clássico. “Há uma incompetência generalizada na arbitragem e nas pessoas que mandam no futebol”, salienta Jorge Batista. “Por trás do manto onde se esconde, Vítor Pereira continua a prejudicar, e muito, o futebol português. E nem foi só a nomeação mas também, e sobretudo, o facto de não ter protegido o árbitro em causa”, acusa Octávio Machado, ex-jogador e treinador de Sporting e FC Porto. “A nomeação nunca devia ter sido aquela”, sublinha Alder Dante, ex-árbitro. “Foi uma provocação autêntica! Vítor Pereira está a gozar com uma instituição com mais de 100 anos”, remata Venâncio.

Em resumo, todos defendem que o líder da Comissão de Arbitragem – que teve o telefone desligado durante o dia – deveria pôr o lugar à disposição. Até para, se fosse esse o entendimento dos clubes, sair com uma posição mais reforçada. O “Kramer vs. Kramer” passou a Sporting vs. sportinguista. “Esse senhor veio agora falar da nomeação mas, na altura da Taça da Liga, acobardou-se”, atacou Bento, antes de relembrar outro dos ódios de estimação, Olegário Benquerença.

Historial

Haverá razões para se registar, de novo, tamanho alarido? “Paulo Bento insiste em Polga e apostou mal em Grimi. O Sporting, apesar de ter feito uma das melhores exibições da época, tem problemas. Mas entendo a explosão do treinador, que também tem direito à indignação. Mais uma vez, há razões de queixa”, defende Jorge Batista. “Paulo Bento está a passar por aquilo por que já passei: dá a cara quando, internamente, não são tomadas as decisões nem têm as reacções em tempo acertado contra os árbitros”, recorda Octávio, defensor do empate como “resultado mais justo”. “Há motivos para as queixas agora e há muito. Se o Sporting, com equipas de qualidade, esteve 18 anos sem títulos não foi azar. Hoje há mais de dez câmaras, antigamente só havia uma. Imagine como era…”, atira Venâncio.

Todos percebem as mensagens subliminares (ou nem por isso). “Quem jogou 15 anos à bola conhece-os a todos e sabe como fazem as coisas”, acusou Bento no final da partida. Tem semelhanças com a célebre ideia de Octávio “vocês sabem do que é que eu estou a falar” mas é facilmente perceptível. “Há maneiras de ir minando o jogo, consegue-se perceber”, descodifica Fernando Mendes, ex-capitão e treinador leonino. “Os jogadores detectam bem isso”, apoia Venâncio, que aponta igualmente baterias numa direcção mais interna: “O que me custa é ver sempre o mesmo a dar a cara. Será que Paulo Bento é a única pessoa sentada no banco? Há mais, e com responsabilidades no clube, que não fazem nada…”

A justiça do resultado, essa, é posta em causa de forma tímida. O empate podia aceitar-se, mas o triunfo portista não escandaliza, apesar dos erros técnicos. “Meireles devia ter sido expulso, Veloso não merecia o primeiro amarelo”, comenta Alder Dante. “E há um penálti sobre o Liedson, parecido com o do Tall sobre o Aimar”, acrescenta Batista. “A expulsão de Veloso a 30 segundos até parece premeditada”, conclui Venâncio.

Fonte: Jornal i

Dias da Cunha: «Vitor Pereira devia ser corrido do clube»

POR “PROVOCAR E ACHINCALHAR” O SPORTING

O antigo presidente do Sporting, António Dias da Cunha, defende que o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de Clubes, Vitor Pereira, devia ser expulso do clube leonino. O antigo árbitro internacional é o sócio número 1.923 do clube de Alvalade, estando filiado há 52 anos.

“Deve ser corrido de sócio. Tem provocado e achincalhado o clube. Para mim, era motivo para correr com ele. É um disparate tremendo o que ele fez”, defendeu esta quinta-feira Dias da Cunha, em declarações à Rádio Renascença.

Dias da Cunha reiterou ainda a convicção de que o atual presidente do clube, José Eduardo Bettencourt, deve manter a confiança em Paulo Bento. “Espero que não se deixe influenciar pelas críticas ao treinador. Seria um erro dramático, em nome da estabilidade. A equipa está unida, fazem o que podem e o que não podem”, concluiu.

À margem da polémica, esta noite, o Sporting reúne-se em Assembleia-Geral da SAD para apreciar e decidir a política de remunerações dos membros dos órgãos de administração do clube. Na mesma reunião, será igualmente votado o Relatório e Contas do último exercício, que apresenta um prejuízo de mais de 13 milhões de euros.

Fonte: Jornal Record