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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Rescaldo das eleições de 2011 no Sporting. A noite das contas longas


Petardos, agressões, ameaças e nove horas para se saber o resultado das terceiras eleições mais concorridas da história do clube leonino

Alvalade, madrugada, são quase cinco da manhã. Já houve discussões entre sócios, já se ameaçaram jornalistas, já rebentaram petardos e partiram vidros de um carro, oito horas depois do fecho das urnas só ainda não há resultados oficiais nas eleições do Sporting. A noite das contas longas prossegue, fria e chuvosa, aquecida pelo rumor de que o vencedor é Bruno de Carvalho, uma ideia alimentada por uma projecção do jornal “Record”, logo às oito da noite, depois ampliada pelas rádios e pelas televisões e, mais tarde, reforçada pelas informações que resultavam do início da contagem – nas primeiras mesas, Carvalho estava à frente e até Rogério Alves, induzido em erro, chegou a dar-lhe os parabéns (o que também não ajudou…).

À frente da hall vip de Alvalade, talvez um milhar de apoiantes de Bruno de Carvalho concentraram-se à espera dos resultados finais, na expectativa da festa. “Acabou-se o tacho, acabou-se o tacho”, cantaram para Rogério Alves. “Acabou, acabou, a m… do Roquette acabou”, continuaram depois. O cansaço e a cerveja faziam crescer a ansiedade, também a de alguns apoiantes de Godinho Lopes, que circulavam mais discretos. “Acho que ainda podemos ganhar”, ouvia-se. À medida que a madrugada avançava, os boatos eram o que de mais confuso e fresquinho existia: “Quatro ou cinco recontagens”, “Carvalho à frente por 600”, “Godinho ganha por 200”. No final, ganhou mesmo Godinho, mas por 360 votos. Só faltava criar as condições para anunciar o resultado, numa praça dominada pelos adversários. Aí, o momento foi surreal, os “brunistas” ainda cantavam de festa quando se abriu uma porta de onde saiu Godinho Lopes. Supostamente, a segurança deveria conseguir levá-lo até ao palco, mas ficou a meio caminho, isolando o novo presidente num beco. Estava sitiado. O que se viu, então, só não foi pancada de meia-noite porque já passava das cinco da manhã. Houve sócios e seguranças a molhar a sopa, se calhar porque já apetecia pequeno-almoço. “Godinho, cabr…, pede a demissão”, ouviu-se, ainda ele não tinha sido empossado. A polícia, que nunca pareceu em excesso, lá conseguiu serenar os ânimos, até que Godinho Lopes teve condições para regressar para dentro do estádio.

Bruno de Carvalho é que acabou por subir ao palco, mas para pedir calma aos seus apoiantes. Uma hora depois, por volta das 6h00, Godinho Lopes era oficializado presidente do Sporting, mas na sala de imprensa, onde surgiu com elementos da sua lista, entre eles Paulo Pereira Cristóvão. Este, a determinada altura, interpelou um jornalista do “Record” e acusou-o (e ao jornal) de ter estado na origem da tensão vivida em Alvalade, através da projecção que afinal não se confirmou. “Vamos ver se voltam a entrar aqui”, ameaçou o antigo director da PJ.

No discurso de vitória, Godinho Lopes tratou os sócios como “queridos”, mas não se alongou acerca dos acontecimentos vividos fora do estádio. A multidão que estava no exterior foi desmobilizando e os candidatos (Bruno de Carvalho incluído) só saíram de Alvalade por volta das nove da manhã, quase 23 horas depois do início do terceiro acto eleitoral mais concorrido da história do clube (14 205 sócios). Os votos ficaram selados nas urnas, vigiadas pela polícia. No domingo, uma mensagem divulgada pelo Sporting fazia crer que estávamos num outro país. “Não temos espaço suficiente para agradecer a todos aqueles que fizeram do Sporting um campeão da democracia”.

O Sporting anunciou no dia 27 os resultados finais das eleições de sábado, que conduziram Luís Godinho Lopes a presidente, nas quais votaram 14.619 sócios, para um total de 91.482 votos expressos.

Os números divulgados no site oficial do clube são superiores ao último balanço efetuado por responsáveis do clube no sábado, que anunciaram um total de 14.205 sócios a votar e 88.530 votos expressos, já depois do encerramento da votação.

A agência Lusa contactou o Sporting, que explicou que a diferença entre os números finais hoje anunciados e os divulgados à imprensa no sábado está relacionada com as informações do computador e dos cadernos eleitorais.

Fonte: ionline.pt

Sporting: Lista C revela que ‘votos estavam no lixo’ Rui Morgado, membro da candidatura de Bruno de Carvalho, apontou que «os votos estavam num saco do lixo» no final da votação. A revelação foi feita durante a conferência de imprensa do presidente da Assembleia-geral do Sporting, Lino de Castro, realizada esta segunda-feira.

O delegado da candidatura de Bruno de Carvalho – presente no público da sala de imprensa do Estádio de Alvalade -, interveio para enaltecer algumas «situações» que detectou no processo eleitoral.

Antes de começar a sua intervenção, relevou: «Não vamos fazer quaisquer comentários sobre eventuais irregularidades».

O actual membro eleito pela lista de Eduardo Barroso para a Assembleia-geral prosseguiu, ao apontar diversos casos constatados pelos membros da lista de Bruno de Carvalho durante o processo eleitoral que decorreu a 26 de Março.

O ex-delegado da lista C revelou a existência de uma discrepância de dados, pois «os votantes apurados foram inferiores ao número de votos contados».

«O número de votantes carregado no sistema informático é inferior ao número de votos contabilizados», explicou, adiantando que «não houve qualquer acta oficial nem nada foi apresentado».

Rui Morgado abordou igualmente o que foi constatado no interior da sala reservada à equipa que trabalhava no acto eleitoral.

«Os votos estavam num saco do lixo, com um nó e um elástico», aludiu, adicionando que «ao lado estavam uma série de caixas com boletins [de voto] por preencher».

O delegado confidenciou: «Foi-nos dito que o Sporting guardava os votos selados».

O agora membro da Assembleia-geral finalizou a sua intervenção ao garantir: «Não fomos nós que o conduzimos [processo eleitoral] mas agora temos que tomar conta do assunto».

Presidente da Assembleia-geral do Sporting, Lino de Castro, reagiu às declarações justificando a discrepância de dados com «o aumento constante do caderno eleitoral durante a votação».

Lino de Castro revelou que «os números que foram passando nunca foram revelados pela Mesa», admitindo também que «não houve qualquer candidato que pedisse um processo de recontagem».

À pergunta de um jornalista sobre as «irregularidades» apontadas por Dias Ferreira ao processo eleitoral, o presidente da Assembleia-geral afirmou: «Se ele disso isso, então provavelmente não me deveria ter deixado presidir ao acto eleitoral».

O dirigente admitiu ainda que «todos sabiam que era impossível proceder a uma recontagem» devido às dificuldades humanas e logísticas inerentes ao processo.

Fonte: sol.pt

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