RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Abril 25, 2024

Neste dia… em 1971: Apresentação de Yazalde aos Sócios contra os franceses do Red Star

Yazalde: uma «finta» em Alvalade

O CAMPEÃO PORTUGUÊS CONTRA O 1.º DE FRANÇA

HECTOR YAZALDE: ATÉ À PRÓXIMA…

Por Francisco Camilo

Hector Yazalde, o argentino que o Sporting contratou recentemente foi ontem apresentado, no Estádio de Alvalade, a muitos milhares de espectadores, frente aos franceses do Red Star, que militam na Divisão principal do seu país.

Os «leões» não jogaram bem nem disso precisaram para vencer os gauleses por 3-0. Limitaram-se os portugueses a fazer a sua obrigação, já que os visitantes já mais saíram duma exagerada modéstia, como se procurassem confirmar a conhecida crise que avassala o seu futebol.

Constantemente ao ataque, o Sporting deu-se ao luxo de desperdiçar prodigamente inúmeras ocasiões de marcar construídas durante 40 minutos. Tomé, integrado na frente no momento das conclusões, esteve tão sagaz a infiltrar-se como desastrado a rematar.

Sobre a beira do intervalo um cruzamento de Hilário recebeu o fim que merecia, pois Chico desmarcou-se e cabeceou excelentemente. Entretanto, já Hector perdera um ensejo de baliza aberta.

Como é de uso nestas partidas houve substituições com fartura no segundo tempo. Ao contrário do que se esperara, o labor dos «verdes» ganhou clareza, pois Pedras fez questão de variar os serviços à frente, abrindo jogo com magnífica visão e Gonçalves, um caso de aplicação, nunca parou, entregue a louvável actividade.

Os franceses lá foram defendendo e contra-atacando quando lhes era permitido (Pintenat forçou Botelho a uma estirada espectacular), tanto mais que o seu guarda-redes era de todos o melhor. Veio a ser, no entanto, mal batido no segundo tento «leonino», ao deixar que um pontapé comprido de Laranjeira o desfeiteasse infantilmente.

Uma descida vistosa de tabelas entre Yazalde e Gonçalves terminou em golo, com muito mérito do médio que soube combinar com o companheiro, entrar na área e chutar para as redes antes que o «keeper» o afrontasse.

A quase inexistente resistência do Red Star rouba significado ao relativamente volumoso triunfo «leonino».

Os sportinguistas tiveram em Chico e Gonçalves, com particular relevo do primeiro, os seus homens mais destacados. De Yazalde não ficámos com uma ideia definida. Por isso nos despedimos dele até à próxima para então o conhecermos melhor.

Nos visitantes, Landu, mesmo descontando a «fífia» do segundo golo, evitou a «goleada», os laterais pareceram preferíveis aos colegas do meio e, na frente, ninguém a realçar, incluindo o nosso compatriota Valter.

Francisco Lobo arbitrou sem deparar com dificuldades, a não ser num lance ocorrido na segunda parte quando uma falta sobre Yazalde, dentro da grande área não foi punida, vindo o Sporting a fazer posteriormente o golo por intermédio de Lourenço, em posição de fora de jogo.

Equipas:

SPORTING – Botelho; P. Gomes, Caló, A. Baptista e Hilário; Tomé e Gonçalves; Chico, Yazalde, Lourenço e Marinho.

No segundo tempo, Celestino, Pedras, Laranjeira, Manau e Armando Luís substituíram P. Gomes, Tomé, Caló, Hilário e Chico, respectivamente.

RED STAR – Landu, Mouthon, Garriques, Terrie e Monin; Bacquet e Faure; Sinon, Valter, Pintenar e Gueniche.

Na segunda parte, Bernard rendeu Faure que viria a reentrar a fim de substituir Valter.

Golos: Chico (40 m.), Laranjeira (58 m.) e Gonçalves (69 m.).

Yazalde apresentou-se mas não ficámos a conhecê-lo…

Hector Yazalde, pelo que vimos ontem, não é um «génio» nem um «nabo».
O Argentino não mostrou o malabarismo de outros compatriotas seus, mas, em contrapartida, possui espírito de luta em grau elevado.

Entra na grande área com decisão e remata facilmente com ambos os pés, embora acusasse falta de concentração no momento final. Domina a bola com facilidade, procurando, por vezes, romper sozinho, em vez de o fazer através de trocas de bola com os companheiros,

Na segunda parte jogou mais para a equipa e o seu rendimento subiu, assinalando vários lances de mérito, como aquele de que saiu o terceiro golo do Sporting.

Algumas oportunidades perdidas colocaram em dúvida a sua eficiência.

Numa síntese: Yazalde não entusiasmou nem decepcionou. Para se estabelecer uma opinião mais segura sobre o seu verdadeiro valor, a estreia não chegou.

Fonte: Diário de Lisboa

Data: 24/02/1971
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (3-0) Red Star, Jogo particular de apresentação de Yazalde aos sócios

Artigos relacionados

Comments

Leave a Reply

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>