RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Dezembro 05, 2025

Neste dia… em 1960, poker de Fernando Puglia frente ao V. Guimarães

Mário Lino, Silveira (Guimarães) e Geo, no final do jogo.

Por Nuno Mota

Um relvado demasiado encharcado pelas chuvas e também, aqui e ali, bastante danificado traz, normalmente, enormes dificuldades aos futebolistas mesmo aqueles cuja técnica permite sempre uma maior possibilidade de «controle» do esférico.

Este aspecto, observado ontem, no estádio «José Alvalade», no decorrer do encontro entre o Sporting e o Vitória de Guimarães, tinha, fatalmente, de prejudicar, como na verdade prejudicou, a boa factura de jogo de qualquer dos «onzes».

Muitos endossos e muitos ressaltos foram consideravelmente afectados pelo estado do terreno. Por outro lado, a movimentação dos atletas também sofreu uma certa redução, em especial pelo lado dos vencidos, menos favorecidos fisicamente.

Não se infira, porém, que o jogo não teve motivos de agrado. Longe disso. A partida pode até, considerando as condições já atrás assinaladas, considerar-se de muito razoável, para não escrevermos boa.

Verificaram-se excelentes fases com lances de certa dureza, mas dureza própria de futebol, nem sempre, porém, devidamente aceite nem fielmente interpretada e, para além destas facetas, sempre agradáveis, houve cinco golos – não referindo um, muito bem anulado ao Guimarães, por fora de jogo. Não há duvida de que o golo tem grande influência emocional no futebol. Quando ele surge por vezes até se esquece o que de mau se acabou de observar! Insistindo ainda neste ultimo pormenor – o golo – acrescentemos que, em Alvalade, se viram alguns de bom quilate.

E para tanto, muito contribuiu a tarde inspirada do dianteiro Fernando. (Que esplêndido rematador ele esteve neste jogo!, a ponto de podermos dizer que foi um goleador por excelência!). Por, quatro vezes, logrou fazer levantar dos lugares os incondicionais adeptos do seu clube.

O Sporting, vencedor justíssimo, refira-se desde já, repartiu os golos pelos dois meios tempos mas não repartiu a exibição. Queremos dizer, os «leões» muito embora, em tentos tenham sido iguais foram bastante diferentes em produção de jogo, em clareza nos lances de ataque. E o que é mais curioso é que foi-nos mais agradável observar a toada sportinguista, na primeira parte quando ainda não estava minada a resistência minhota, do que no segundo meio tempo quando os vimaranenses começaram, quase todos, a ficar no seu meio campo, deixando apenas lá à frente esse portento jogador, que se chama Edmur. É que no período de abertura, os sportinguistas, talvez mercê da resistência com que deparavam na zona central do terreno – Osvaldo Frenque queimou-lhes de início a elaboração de muito lance ofensivo – tentaram jogar pelos extremos para melhor chegar à zona da verdade.

Morais, o extremo-direito, teve, nessa altura, excelentes lances e como se não bastasse proporcionou os dois primeiros tentos. Neste período os vimaranenses conseguiram, com frequência, enlear a defensiva adversária em especial, enquanto Morato, esse homem que sobe de dia para dia não acertou com a movimentação de Edmur.

Fernando ameaça as redes vimaranenses.

Os pupilos de Quaresma esquematizaram, nessa altura, alguns bons lances de ataque e mereciam até ter conseguido um tento que, valha a verdade, não surgiu por mero acaso, num lance em que intervieram, salvo erro, Edmur e Bártolo.

No segundo período, os «leões», que rapidamente alcançaram mais dois tentos, feitos no jeito dos anteriores, em vez de prosseguir na toada do primeiro tempo deram em afunilar os lances, com os extremos, em especial, o direito, a quererem levar a bola em vez de a mandar e perderam, com essa teimosia, a obtenção de um resultado mais expressivo, muito embora, mesmo assim, pudessem ter ampliado o resultado se Seminário e Fernando têm tido mais «chance», em duas ou três ocasiões.

E foi o Guimarães, numa altura em que, como já se acentuou, vivia já quase só sobre a defesa, que conseguiu um tento, obtido pela momentânea paragem do ultimo reduto leonino e graças ao expediente de Bártolo.

Concluindo: vitória merecida dos «leões» da capital num jogo de nível muito razoável, com igualdade de tempos – no que se refere ao Sporting – em períodos de diferente rendimento.

Nas inevitáveis referências individuais merece destaque, entre os vencedores, Morato, salvo no período inicial, Lino, Fernando e Morais, e, por vezes, Geo. E entre os vencidos, Silveira, Osvaldo Trenque, Edmur e Bártolo. Caiçara, que reapareceu, pareceu-nos demasiado duro em situações que nada o justificavam.

Braga Barros teve alguns deslizes mas não merecia o «apoio» que quase sempre teve nas suas decisões.

Fonte: Diário de Lisboa

Ficha do Jogo:

Estádio: José Alvalade

Árbitros Braga Barros (Leiria)

Sporting: Aníbal Saraiva; Mário Lino, António Morato e Hilário; Fernando Mendes (cap.) e David Júlio; Morais, Fernando Puglia, Figueiredo, Géo e Seminário.

Treinador: Alfredo Gonzalez

V. Guimarães: Silva; Caiçara, Daniel, Frenque, Silveira, Virgílio, Bartolo, Edmur, Romeu, Ferreirinha e Azevedo.

Golos: Fernando Puglia aos 10′, 22′, 47′ e 50′ (Sporting) ; Romeu 85′ (V. Guimarães)

Data: 04/12/1960
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (4-1) V. Guimarães, CN - 10Jornada

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