RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Março 28, 2024

Neste dia em 2010 – Marco Aurélio: «Com Figo e Balakov não sobravam livres para mim»

Antigo defesa do Sporting recorda carreira ao Maisfutebol

Nunca conseguiu ser campeão nacional mas marcou uma era com a camisola do Sporting. Marco Aurélio, defesa brasileiro que chegou a Portugal para jogar no União da Madeira, guarda as «melhores recordações» do campeonato luso e do Sporting, em particular, e aceitou o convite do Maisfutebol para recordar a sua carreira em Portugal. Enquanto tenta lançar a carreira como empresário e ser «o agente que nunca teve», lembra a Taça de Portugal e a Supertaça ganha com as cores do Sporting. O título, o desejado título nacional, ficou sempre nas mãos do F.C. Porto.

«É verdade que já não podia ver azul e branco à frente. Em cinco anos que estive no Sporting, eles ganharam sempre o campeonato. Não guardo mesmo boas recordações do F.C. Porto», brincou Marco Aurélio, para, logo depois, se debruçar sobre os problemas da equipa. «Falharam muitas coisas. O Sporting agora tem uma organização maior, é um clube que está cotado em bolsa, tem uma organização diferente da minha época, mas a culpa não foi só disso. Passa pela direcção, mas também pelos jogadores. Foi o todo que falhou», reconhece.

O que precisava o Sporting para ser campeão? Porventura que Marco Aurélio deixasse o clube, uma vez que, no ano seguinte da sua transferência para o Vicenza, de Itália, os leões quebraram um jejum de 18 anos sem vencer o campeonato. «Se calhar fui um bocado pé frio. Mas fiquei contente pelos meus colegas. O Pedro [Barbosa] que ficou com a braçadeira, por exemplo e pelos outros também», lembra.

Aventura em Itália durou mais 6 anos que o previsto

Ao todo passou nove temporadas a jogar no futebol português. Só por uma vez, em 1992/93, não alinhou no principal escalão, mas, ainda assim, essa é uma época para lembrar, pois foi a mais produtiva da carreira do defesa central, no que a golos diz respeito. No total, foram oito. Em cinco anos no Sporting, só fez três. Perdeu-lhe o jeito? «Não, nada disso. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. No União da Madeira era eu que cobrava os livres e quando cheguei ao Sporting o Figo batia do lado esquerdo e o Balakov do lado direito. Não sobrava nada para mim. Se calhar deveria ter sido mais ousado naquele período e tentar, também eu, marcar algumas faltas. Mas deixava para eles porque já se conhecia a sua categoria», recorda.

Em 1998/99, entrou em rota de colisão com Mirko Jozic, técnico dos leões, o que o levou a cometer um dos erros da carreira: «Na altura dei uma entrevista onde falei o que achava sobre o treinador o Jozic. Não deveria ter dito nada. Se pudesse voltar atrás riscava essa entrevista da minha carreira. Agora, passados tantos anos, vejo que isso não me fez ganhar nada, só perdi. Perdi um amigo e se calhar ganhei um inimigo. Foi a primeira e última vez que fiz algo desse género.»

A experiência em Itália foi, também ela, positiva. Tanto que se estendeu mais que o previsto. «O Vicenza queria que assinasse um contrato mais longo, mas eu disse que ficava dois anos e voltava a Portugal. Acabei por ficar oito anos em Itália e não me arrependo», assegura.

Marco Aurélio (ex-Sporting): «Infelizmente Benfica será campeão»

Ainda que reconheça não saber «tudo ao pormenor», Marco Aurélio é espectador atento do campeonato português. Pelo menos para analisar as capacidades do «seu» Sporting. O campeonato actual dos leões, apesar da recente melhoria, tem deixado muito a desejar, o que entristece o antigo capitão leonino.

«Obviamente que não gostaria que fosse assim. Queria ver o Sporting a lutar pelo título. No início as coisas andaram mal, com a saída do Paulo Bento e é sempre complicado recuperar. Isto num campeonato que o Braga disputa como um autêntico grande. Eu vi o jogo do Braga em Alvalade no início do campeonato e disse logo ali que este ano ia haver mais uma equipa a disputar o título. E com o Benfica e o F.C. Porto como crónicos candidatos, o cenário para o Sporting dificultou-se ainda mais. Agora é preciso ganhar todos os jogos e ver o que acontece, a ver se ainda dá para pensar na Liga dos Campeões», atira.

Marco Aurélio acha que falta ao Sporting e ao próprio campeonato português, um maior rigor na contratação de jogadores de fora do país. «Os estrangeiros têm de chegar e acrescentar algo, senão não vale a pena. O campeonato português precisa de estrangeiros de qualidade», afirma.

O prognóstico para o vencedor é dado em forma de fatídica certeza: «Infelizmente, para mim, vai ser o Benfica o campeão. Eu preferia que fosse o Sp. Braga, mas, fazer o quê? Entre o Benfica e o Braga prefiro o Braga. Está mais distante, não está do outro lado da auto-estrada. Quando ganha a equipa do outro lado é duro. Ainda hoje de vez em quando recebo mensagens de amigos meus do Benfica quando o Sporting perde.»

A gratidão a Queiroz num Sporting de grandes centrais

O ano de 2010 vai ficar, ainda, marcado pelo Campeonato do Mundo, onde o Brasil, o país de origem de Marco Aurélio, e Portugal, o país que o acolheu, se enfrentam. «Vai ser duro tanto para o Brasil como para Portugal. O Brasil, pela sua história, tem condições para se qualificar tranquilamente. Mas tudo vai depender da primeira partida, porque uma derrota no primeiro jogo condiciona. E no final há um Portugal-Brasil, que espero que aconteça com as duas equipas já qualificadas. Aí um 0-0 está bom. Depois, quem sabe uma final? Seria maravilhoso, porque para mim, quem ganhar ganhou…», refere.

No banco da selecção portuguesa estará um velho conhecido de Marco Aurélio: Carlos Queiroz, o treinador que o levou para Alvalade. «Foi muito importante na minha carreira. Cheguei a uma equipa que tinha o Vujacic e o Stan Valcx como titulares e que tinha acabado de contratar o Naybet. E mesmo assim ele fez força para me irem buscar também. E não fui só para integrar o grupo, fui para jogar. Aliás, o único treinador com o qual não joguei uma única partida foi o Carlos Manuel. Com o Carlos Queiroz foram dois anos maravilhosos, tenho uma gratidão muito grande», reconhece.

Fonte: maisfutebol.iol.pt

Data: 08/03/2010
Local: MaisFutebol
Evento: Entrevista a Marco Aurélio

Artigos relacionados

Comments

Leave a Reply

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>