RUGIDO VERDE

Muito se tem falado, nos últimos tempos, sobre se o Sporting tem sido, ou não, mais bem tratado nos últimos tempos, do que era, por exemplo, nos mandatos de Bruno de Carvalho. Escrevo este artigo para relembrar que, tendo em conta o quão mal era tratado o Sporting nessa altura, não é sequer necessário que seja beneficiado agora, para ser tratado com mais respeito por comparação – basta que seja tratado justamente.

Posto isto, vou falar um pouco sobre a primeira época completa que o Sporting fez sob a presidência de Bruno de Carvalho, com o objetivo de refrescar algumas memórias sobre o que é, realmente ser prejudicado, e logo vindo da época em que mais se falou sobre “fazer falta ao futebol português um Sporting forte” (e coisas do género).

Na época 2013/2014, o Sporting vinha da sua pior classificação de sempre no campeonato. Financeiramente, no seu pior estado, fora das competições europeias… Todos sabem como se encontrava o Clube, nessa altura. Toda a gente se lembra, também, de como conseguimos um inesperado segundo lugar, a jogar bem, e como numa só época se recuperou o fulgor Sportinguista perdido ao longo das três/quatro épocas anteriores.

Há, no entanto, coisas que vão ficando para trás, e só são relembradas quando se fala sobre o tema. Na época 2013/2014, o Sporting ficou em segundo lugar, a 7 pontos do benfica. Na Taça de Portugal, foi eliminado no segundo jogo que fez, pelo benfica, e na Taça da Liga, ficou-se pela Fase de Grupos, no grupo do F.C. Porto. Após a catastrófica época de 2012/2013, talvez todos os Sportinguistas comprassem este cenário de eliminação apenas aos pés dos rivais, com maior poderio financeiro e desportivo na altura, e de regresso à Liga dos Campeões, tantos anos depois. No entanto, não deixa de ser impressionante como bastou uma mudança de paradigma para o Sporting, outrora moribundo, ser completamente puxado para baixo outra vez.

Os 7 pontos de distância para o benfica, a que o Sporting termina o campeonato são uma farsa. Não vou contar, para esta análise, com as últimas duas jornadas, em que empatámos na Madeira, e perdemos em casa com o Estoril, porque o benfica já foi campeão para a 29ª jornada, e também acabou por empatar e perder esses dois jogos.

Digo que estes sete pontos são uma farsa, pelo seguinte. Na fase inicial do campeonato, em casa com o Rio Ave, empatámos, tendo ficado por marcar um penalti nas barbas de Carlos Xistra, que confrontado pelos jogadores responde com um infame “Não vi”. Depois, também em Alvalade, empatámos com o Nacional, com um famoso (pelos maus motivos) golo mal anulado a Slimani. Já no final do campeonato, empatámos 2-2 no Estádio do Bonfim, em que há, novamente, um golo mal anulado ao Sporting, e um penalti mal marcado a favor do Vitória de Setúbal. Não é rebuscado dizer que o Sporting, destes três jogos, devia ter trazido mais 6 pontos do que trouxe.

Há ainda algo que pode passar despercebido aos olhos da história, mas antes da deslocação à Luz, num empate (massacre) com a Académica, o melhor jogador da equipa, William Carvalho, leva um amarelo forçado aos 90+2’, que o tira da visita ao benfica. Isto não quer dizer que, com William, o Sporting vencia o rival na Luz, mas é o que é. Independentemente disso, com os 6 pontos mencionados acima, o Sporting chegaria à última jornada apenas a… 1 ponto do benfica, sendo que o benfica se deslocaria ao Estádio do Dragão, e o Sporting recebia o Estoril.

Na Taça de Portugal, depois de cilindrar o Alba por 8-1, fomos eliminados na Luz por 4-3 (após prolongamento), num jogo também ele cheio de casos, incluindo uma possível falta no golo do 4-3, e faltas por marcar na área do adversário.

Na Taça da Liga, o Sporting foi eliminado na Fase de Grupos, após o famoso incidente do “atraso” no jogo do F.C. Porto. O Sporting partiu em igualdade pontual com o Porto para o último jogo, e o jogo do Porto começou com uns quantos minutos de atraso, permitindo que houvesse um penalti conveniente a seu favor, já depois de o Sporting ter vencido o seu jogo.

Tudo isto para relembrar quem se ultraja com os que dizem que o Sporting, atualmente, está muito mais inserido no sistema. Por muito que seja anti-cartilha admitir isso, se o Sporting tivesse sido tratado como é agora, no tempo do anterior Presidente, tinha sido, oficialmente, campeão até mais que uma vez. E o facto de não se falar sobre isso, de forma a poder atacar os muitos sócios que sempre estiveram do lado do projeto 2013-2018, sim, é nojento e anti-Sportinguista.

É impressionante o fenómeno “Sporting Não-Moribundo” em Portugal. Depois da época do 7º lugar e das lenga-lengas sobre a falta que o Sporting fazia ao futebol português enquanto grande, Bruno de Carvalho pega no Sporting e inicia um projeto vencedor com a sua equipa diretiva, técnica e plantel.

Foi o que se viu.