RUGIDO VERDE

O primeiro lugar do Sporting na Primeira Liga tem, entre outras consequências, um efeito clarificador sobre o que vai na alma dos sportinguistas. Curiosamente, a par da satisfação que a boa prestação da equipa de futebol traz, outro sentimento vem à tona: o anti-brunismo primário de parte dos adeptos.

Ou seja, há quem esteja tão feliz com o primeiro lugar do futebol como estão felizes que isso seja algo contra os chamados “brunistas”. Para estes “varandistas envergonhados”, o facto da equipa de futebol ter um bom desempenho implica que os “brunistas” estavam errados e, pasme-se, o Varandas até é bom presidente. Seguindo esse mesmo critério, presumo que, quando na temporada passada o futebol do Sporting fez uma das piores épocas da história do clube, o Varandas nessa altura era… “mau”. Ou tinha desculpas. Agora já é bom.

Que estes sentimentos existam ainda se compreende. Agora que andem a criar bots nas redes sociais, perfis falsos, para andar a “picar” os brunistas, já revela um certo comportamento lampiânico. O impulso de atacar os “rivais” dá-lhes tanto ou mais prazer que o sucesso desportivo do seu clube. Afinal de contas, este “sucesso” do futebol alimenta a base de apoio de Varandas: o anti-brunista primário.

Já os tais “brunistas” não percebem a celeuma: qualquer sucesso desportivo do Sporting é bem vindo. O que não implica que o Sporting deixe de estar nas mãos do pior presidente da história do clube e do pior PMAG da história da instituição. Isso é factualmente comprovável.

Uma boa prestação no futebol nao erradica os graves problemas estruturais que esta direção trouxe ao clube: contas a vermelho, divisão e discriminação entre os sócios, democracia inexistente, ecletismo a esmorecer, violação constante dos estatutos, política de valorização de activos desastrosa, incapacidade de gerar receitas, delegação de poder a agentes de futebol, etc, etc, etc… Podia escrever mais três ou quatro parágrafos com exemplos de incompetência, totalitarismo e carneirismo dos actuais orgãos sociais. Factualmente comprováveis. Os anti-brunistas varrem tudo isso para debaixo do tapete e proclamam agora: “ O Varandas é o maior!’

A preocupação que muitos de nós temos nao é se o Sporting vai ser campeão. A preocupação são as consequências desse possível título. Os benefícios financeiros desbaratados nas mãos de terceiros e, acima de tudo, a forte possibilidade de esta corja se perpetuar no poder. Um possível título de futebol engana muitos papalvos, enquanto o clube continua a definhar nos bastidores. Para os anti-brunistas nada disso interessa: o que importa é que o Sporting campeão prova que os brunistas estavam errados. Naquelas cabeças o ódio e a mesquinhez impera. O sportinguismo é algo de secundário.

Deste modo, continuam cobardemente (sim, porque os anti-brunistas raramente dão a cara) a destilar ódio e veneno nas redes sociais, aproveitando a onda positiva da equipa de futebol. Desse desempenho futebolístico extrapolam posições mirabolantes, tipo, “afinal esta direção é boa” ou “agora precisamos de união” quando, afinal, são os próprios a fomentar a divisão entre os sócios e adeptos. Aliás, a união só faz sentido quando existem valores e formas de viver o clube comuns à maioria dos adeptos. Estamos muito longe disso e para tal contribuiu (e muito) a actual direção.

Entretanto vamos continuar a assistir a estes fenómenos de masturbação colectiva “anti-brunistas” até porque, não existe um espaço próprio de apoio ao “varandismo”. Primeiro porque o “varandismo” não existe e segundo porque, se excluirmos a equipa senior masculina de futebol, existe muito pouco ou quase nada a dizer em abono desta direção. E dessa discussão os anti-brunistas fogem como o diabo da cruz.

Nós por cá, os chamados brunistas, continuamos felizes e motivados: felizes porque o futebol do Sporting está a corresponder ao estatuto do clube. Motivados porque estamos do lado certo: do lado da razão, da verdade e, sobretudo, do lado dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal.