RUGIDO VERDE

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Sexta-feira, Dezembro 05, 2025

Barómetro Audaz VIII – Carvão no Sapatinho

A audácia é definida no Dicionário Priberam como um “impulso que leva a realizar atos difíceis ou perigosos”, ou um “comportamento ou atitude que contraria hábitos, costumes ou hierarquias”. Sinónimo de coragem, intrepidez e ousadia na primeira definição, e de atrevimento e insolência na segunda.

Ora, se não é um Sporting assim, audaz, que queremos, o que é que andamos aqui a fazer?


Depois de uma semana de interregno, por falta de inspiração, volto a escrever a habitual crónica semanal. Não por estar particularmente inspirado desta vez, mas por achar importante deixar uma mensagem nesta altura do ano.

Não me sinto inspirado, pois continuo com muita dificuldade em partilhar do entusiasmo que se vive em parte do Universo Sportinguista. Vejo o futebol, como esperado, a perder algum gás, e o principal rival a começar a beneficiar dos empurrões do costume. Vejo as restantes modalidades sem fulgor, a não mostrar o devido espírito e qualidade na hora da verdade.

Continuo a ver uma fraca capacidade para priorizar os assuntos. Uma grande fatia dos Sportinguistas teima em preocupar-se com os assuntos básicos, que qualquer pessoa pode debater em qualquer conversa, em vez de se desafiarem a lutar ativamente por algo mais que o básico.

O futebol é o ópio do povo português, e naturalmente no reino do Leão não se foge à exceção. Eu também gosto muito de futebol, não me incomoda que seja a modalidade predileta da maioria e, consequentemente, a mais relevante do Clube. No entanto, noto cada vez mais que o desespero dos Sportinguistas em ver o seu Clube campeão após (quase) duas décadas faz com que deixem para o lado temáticas que deviam ser muito mais relevantes do que o futebol e aquilo que o rodeia.

É também impressionante, embora irónico, dado que é Natal e um dos principais valores do Catolicismo é o valor do perdão, que com um bom arranque de Campeonato, se esqueçam situações gravíssimas como os valores astronómicos que empresários têm faturado com esta Direção ao leme do Sporting Clube de Portugal, por exemplo. Que se esqueça que houve um Orçamento chumbado, e já se varreu isso para debaixo do tapete. Esquece-se também, com facilidade, a forma como o PMAG brinca com a vontade dos sócios, usando e abusando dos estatutos do Clube, que outrora foram arma de arremesso, mas que, aparentemente, perderam a importância.

Isto levanta uma grande questão, que deixo no ar para quem leia: se é certo que é cáustico se houver Sportinguistas a desejar derrotas do Sporting, não é certo também que só se o Sporting perder é que os sócios acordam para a vida?

Vejo-me forçado a concordar com ambas as orações da questão.

Se em 2012/2013 o Sporting não tivesse tido os resultados desportivos catastróficos que teve, e tivesse ficado num 3º/4º lugar, à medida de muitos Sportinguistas pouco exigentes, Godinho Lopes não teria saído como saiu. Será preciso desenvolver muito este cenário hipotético? Talvez não, penso que qualquer pessoa chega sozinha à conclusão do que teria acontecido ao Sporting Clube de Portugal se isso tivesse acontecido.

É isso que se pretende, atualmente? Vendemos a preocupação e a exigência por um 1º lugar à 10ª jornada, sem nenhuma visita aos três maiores adversários, numa época em que nem à Fase de Grupos da Liga Europa chegámos?

Os Sportinguistas não se podem insurgir apenas quando a casa já tiver ardido. Será tarde demais. Não sejam ingénuos, nem se agarrem a falsas esperanças. É o meu conselho, vale o que vale.

Feliz Natal aos Sportinguistas que, todos os dias, decidem lutar por um Sporting um pouco mais limpo que o que temos atualmente. Aos outros, não desejo um mau Natal, mas fiquem sabendo que o Pai Natal vos vai deixar carvão no sapatinho, porque não têm sido bem-comportados.

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