RUGIDO VERDE

Vamos lá então falar de futebol. Contudo, e porque vamos falar do futebol do Sporting, torna-se complicado abordar esta temática quando quem ocupa o lugar da presidência do clube é alguém que percebe tanto de futebol como os bichos-da-seda do meu vizinho do quinto andar.

Sem querer aqui ofender os bicharocos em questão, que me merecem o maior respeito (o mesmo já não posso dizer do presidente do Sporting), é simplesmente inenarrável que após o fracasso na Luz, que nos atirou para o quarto lugar atrás do Sporting de Braga, a única reação tenha sido de um jogador estrangeiro – Sebastian Coates, que atirou sem qualquer pudor que a equipa não cumpriu com os desígnios da instituição.

Nem uma palavra por parte de Roberto Severo ou Hugo Viana. O treinador, esse, limitou-se a dizer que está muito feliz onde está e muito motivado para continuar. Pudera, com os milhares de euros que recebe ao final do mês, haveria de estar infeliz? Infeliz anda o pobre sócio e adepto, envergonhado com a prestação deplorável do seu clube que definha a olhos vistos. Já para não falar no risco diário em que incorre pelo facto de frequentar transportes públicos repletos de Covid-19, enquanto o senhor lampião Amorim se pavoneia confortavelmente num belo Audi ou num belo Mercedes.

O presidente do Sporting, Frederico Varandas, acabou timidamente por libertar a sua abjeta reação numa entrevista publicada no jornal Record no passado dia 28. E a culpa é – pergunta para queijo – da pesada herança! Que queijo tão fácil, fossem todos assim!

Nada de novo portanto, o discurso é sempre o mesmo, já ninguém o leva a sério mas Varandas prefere manter-se no seu caminho autista e declamar a mesma cartilha gasta e ultrapassada. Nesta entrevista o nosso Calimero tem inclusive o descaramento de proferir que o Sporting está melhor hoje que há dois anos. Que falta de vergonha na cara!

Mas este indivíduo não se enxerga?

O clube deve mais dinheiro à SAD do que há dois anos, o clube deve mais dinheiro a fornecedores que há dois anos, a equipa principal de futebol acaba no quarto lugar por oposição ao terceiro de há dois anos e a valer pouco mais de 30 milhões, ao contrário de há dois anos atrás nenhuma modalidade é campeã, temos uma estrutura mais pesada e mais despesista, e estamos melhor do que há dois anos?

Mas a diarreia mental continua. Varandas afirma perentoriamente que o clube é gigante e o seu rival nunca será o Braga. E aqui tem toda a razão, é assim que deve ser. E chegado a este ponto não há ninguém que coloque o dedo na ferida e questione Varandas porque continua a ir em sentido contrário à grandeza do clube e a diminui-lo a cada dia que passa?

Um chorrilho de banalidades portanto. Quando o jornalista questiona Frederico do motivo de não pagar as dívidas a resposta é – nova pergunta para queijo – a pandemia! (novo queijinho fácil fácil)

Mas convenhamos que ter uma boa imprensa do seu lado ajuda muito, os jornaleiros não só não fazem perguntas difíceis a Frederico Varandas como até lhe passam a mão pelo pêlo em intermináveis caricias que ele tanto aprecia. Nesta entrevista ao Record o jornaleiro questiona Varandas sobre o facto de sempre ter sido muito crítico da gestão de Luis Filipe Vieira.

AHAHAHAHA Varandas crítico da gestão de Luis Filipe Vieira AHAHAHAHAHAHA

E aqui vem ao de cima o orgulho croquete de Frederico Varandas, “estes órgãos sociais do Sporting mostram que é possível ter no futebol pessoas com valores, pessoas de bem, com coragem e provas dadas na sociedade civil”. Cá está a grandeza da casta, valorosos e corajosos, mas provas dadas de quê páh???

Deve ter sido por causa da elevação a que está obrigado que Varandas, nesta entrevista, faz questão de deixar uns felacios a Jorge Jesus. Ou deverei apelidá-lo de Jorge Judas? Uma criatura que não obstante lhe ter sido dado tudo e mais alguma coisa não hesitou em desrespeitar o clube que lhe pagava o ordenado e ao qual devia lealdade.

Devo dizer que acho muito bem que vá para o toupeirense, e que leve com ele os traidores mercenários todos: o rescisor casa de banho, o rescisor Gelson de patins, etc etc. Porque tal como já dizia a minha avozinha só se estraga uma casa. E assim como assim o nosso campeonato já se percebeu que não vai esse, o da luta pelo título, será provavelmente o da luta pelo recorde de pior classificação de sempre, neste momento aquele honroso sétimo lugar protagonizado por Godinho Lopes. Afinal de contas os recordes são para serem batidos e Varandas ainda não bateu esse, deve viver numa imensa frustração por isso.

Quanto às modalidades… bem, acho que nem é preciso dizer nada pois não? Menos cinco milhões para as mesmas. Doutor, porque não diz logo que quer acabar com as modalidades? Seja honesto, seja frontal, aja em conformidade com os elevados valores morais que tanto gosta de apregoar que tem…

Há uns anos atrás havia num desses fóruns que pululam pela internet fora um user que estava sempre a dizer que não misturava futebol com política. Eu sempre discordei desta máxima e continuo a achar que tem tudo a ver.

Por exemplo, neste momento o Sporting parece um partido político. Está completamente à deriva, sem rumo, sem projecto, ao sabor do vento, mas o seu líder mantém-se autisticamente impávido e sereno com um sorriso nos lábios confiante no futuro a dizer que não se passa nada e que está tudo bem. Tal como tantos líderes partidários a cada nova derrota eleitoral não arredam pé, confiantes que a vitória poderá surgir um dia se forem insistindo, Varandas a cada nova derrota encolhe os ombros, sorri e debita a cartilha da praxe: para o ano é que é!

E curioso que grande parte dos cartilheiros que com ele estão são também eles políticos, nomes como Miguel Poiares Maduro, António Pires de Lima ou Jorge Coelho. Relembro aqui que o actual presidente do CDS era membro directivo da estrutura de Frederico Varandas, e o “pai” do croquettismo era também ele um notável político, Pedro Santana Lopes, que apesar das estrondosas derrotas políticas que foi colecionando na carreira demorou a sair de cena.

Há duas semanas atrás escrevi aqui sobre dois potenciais reforços na iminência de assinar contracto connosco para a próxima época desportiva a iniciar muito em breve – e agora com a necessidade de disputar duas eliminatórias para chegar à fase de grupos da Liga Europa, mais breve ainda será.

Ainda nenhum desses dois foi confirmado oficialmente. Já lá vai o tempo em que se contratavam jogadores e pronto. Hoje em dia as contratações de jogadores parecem uma daquelas telenovelas mexicanas dobradas em brasileiro que costumavam dar à tarde nos canais privados de televisão.

Hoje vou abordar outros dois nomes: Adán e Antunes. Ah, tão bom o entulho do Mendes!

Antonio Adán Garrido é natural do país vizinho e guarda-redes de posição. Tem 33 anos, o que não é muito para um redes e fez a sua formação no Real Madrid. No Real pouco ou nada jogou, daí saiu para o Bétis de Sevilha onde esteve cinco épocas e foi sempre titular. Depois saiu para o Atlético de Madrid (conhecido clube do carrossel Jorge Mendes) onde em duas épocas esteve presente em apenas sete jogos.

Adán está em final de contracto com o Atlético, o que significa que pode vir a custo zero, ainda assim os rumores da praxe sibilam que o jogador estará a exigir prémio de assinatura. E Varandas parece estar a ponderar seriamente tapar Luís Maximiano, que até tem dado bem conta do recado, por um veterano guarda-redes que nos últimos dois anos esteve em sete jogos.

Coisa de gigante não haja dúvida.

O segundo reforço que estará alegadamente em vias de assinar é Antunes.

Tal como Adán tem 33 anos e pode chegar livre visto que está sem clube. Defesa internacional por Portugal Antunes há muito que viveu os seus momentos de glória no futebol. Se é que algum dia os chegou a viver. Olhando para o seu currículo andou sempre por clubes de segunda linha do futebol europeu, o clube de maior renome por onde passou foi a Roma onde praticamente não chegou a jogar.

Nesta época desportiva que agora termina Antunes viu expirar o seu contrato com o Getafe de Espanha, clube onde em Abril do ano passado se lesionou com gravidade nunca mais tendo recuperado a 100%.

Eu diria que é a típica contratação croquete, um veterano “coxo” para conferir experiência a um plantel de miúdos.

Portanto até agora temos: Feddal, Porro, Adán e Antunes. E diz Frederico Varandas que é gigante, mas estes reforços cheiram-me mais a anões, com todo o respeito pelos clubes em questão isto parece-me mais mão-de-obra (ou pé de obra neste caso) para ombrear com Rio Ave e Vitória de Guimarães que outra coisa.

E mais reforços deprimentes haverá certamente para comentar. Como por exemplo um tal Jason Remeseiro do Valência (cá está outro clube do carrocel Mendes). À parte ter nome de cantor pimba e rimar com José Peseiro parece-me bom… mais um bom jogador para os memes!

Mas os Sportinguistas parecem estar a acordar, após o desaire na luz surgiram uma série de mensagens contestatárias por parte de vários núcleos sportinguistas espalhados por esse país fora em algo que se percebeu ser concertado entre eles.

E é cada vez mais urgente concertar esforços de forma inteligente por forma a forçar Rogério Alves a convocar uma AG destitutiva. A próxima época adivinha-se ainda pior do que esta e quanto mais tarde proporcionarmos aos sócios uma possibilidade de mudança cada vez será mais difícil sair do abismo para onde Varandas e companhia nos empurram a cada dia que passa.

Mas não é uma AG destitutiva com o tão propalado i-voting, um sistema que tem sido abandonado um pouco por todo o lado por não ser fiável nem seguro.

Uma coisa eu sei: a guerra civil no Sporting está mais frenética do que nunca, e os chamados croquetes nunca mais vão ter descanso, os sportinguistas já não vão tolerar as travessias do deserto protagonizadas por José Eduardo Bettencourt ou Godinho Lopes, não desta vez, não depois de entre 2013 e 2018 lhes ter sido mostrado taxativamente que afinal é possível fazer muito mais e melhor. E é assim que tem de ser, os sportinguistas devem ser exigentes e não ter memória curta.

#AcordaSporting

Eu já acordei, e tu?