RUGIDO VERDE

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Sexta-feira, Abril 26, 2024

A (Re)Encomenda 150: Propaganda vs Herança

Este texto teve a colaboração de siberianwyvern – fica um agradecimento ao precioso contributo.

No domingo de Páscoa, dia 12/04/2020, o jornal A BOLA, novamente através de Eduardo Marques, que desempenha o papel de caneta BIC de Miguel Braga no referido jornal, presenteou os seus desinformados leitores – o mercado mais explorado pela medíocre imprensa desportiva nacional – com um artigo digno de figurar nos destaques do dia das mentiras. 

Pensei, por momentos, que o homem estivesse a escrever sobre o clube vizinho, mas não, incidia mesmo sobre o Sporting. O escriba alinhavou qualquer coisa, que pode ser algo ou nada consoante a escolaridade do leitor; propaganda sem dúvida alguma, mas que não é uma avaliação séria e isenta pois consegue falhar redondamente em tudo.

Comecemos pelo início:

1. Que jogadores valorizou Frederico Varandas? Nenhum. 

Limitou-se a negociar (mal) a “herança” e apenas conseguiu vender ocasionalmente por valores superficialmente aceitáveis em troca do pagamento de pesadas comissões. Nunca se pagou tanto em comissões de vendas, nem sequer algo próximo disso. Eram, aliás, raras e residuais antes desta administração assumir funções. 

Nem a miserável venda de Bas Dost escapou ao pagamento de comissão, reduzindo o valor que o senhor escreveu como 7M a 5.9M. Nem o miserável acordo com Podence escapou, reduzindo o valor que o senhor escreveu como 7M a 6.3M. Nem a, aparentemente razoável, venda de Raphinha (substituído por Bolasie e Jesé) escapou, reduzindo o valor que o senhor Eduardo escreveu como 21M a 17.45M. Isto verificou-se em quase todos os valores fictícios transmitidos aos leitores, e vou concluir esta parte informando o senhor que até os 18M de Rui Patrício foram na verdade 12.04M nos cofres. A única coisa que se vende bem é a imprecisão, para não chamar de mentira. 

No R&C que facilmente verificamos que mais de 23% do produto das vendas é distribuído em comissões e benesses pelos “amigos de negocio”:

2. “(…) Para fazer face a um fluxo de pagamentos de 225M. ” 

Até tem piada que fale nisto quando não existe nos R&C do Clube qualquer evidência que suporte a alegada informação. Porquê 225M e não 175M ou 258M? A verdade é que a 30/06/2018 o passivo de curto prazo era de 173M, e um ano depois era de 140M: uma redução de 33M. Redução obtida não por boa gestão, mas apenas pelo empurrar para a frente dos compromissos, pois o passivo total no mesmo período cresceu dos 282M para os 324M: um aumento de 42M.

3. Não meu caro escriba, o empréstimo obrigacionista não foi pago: foi substituído por outro a 22/10/2018. Foi feito aquilo que estava preconizado desde o início, o chamado “revolving“, e se o novo não teve o êxito desejado deveu-se tão só à incompetência da gestão, que não soube encontrar os parceiros necessários nem cativar os associados. A arrogância, a maledicência e a prepotência dão nisto. Quem não se recorda do desfile de notáveis-emplastro às portas de Alvalade em desespero, após terem assegurado que ia tudo de vento em popa, estava garantido o sucesso da operação, e que tinham a confiança dos investidores? 

4. Não meu caro articulista, o adiantamento dos 74M do contrato da NOS não foi para fazer face ao fluxo de pagamento, foi utilizada para torrar em jogadores de qualidade duvidosa e para pagar comissões a amigos e em negócios suspeitos (a AT está atenta…) ; ainda nos lembramos do Wang apesar da sistemática amnésia jornalística. Mais, a 21/3/2019, à Agência Lusa, o senhor Zenha afirmou que esse adiantamento serviria para reduzir a mítica dívida a fornecedores de 40M, uma falácia criada, explorando a desinformação do adepto da bola, visto que os rivais há muito devem valores substancialmente superiores nessa rubrica. Presentemente, essa dívida ultrapassa os 50M. 

5. Precisa, de facto, de ganhar noção, caro acrobata das palavras, pois o equilíbrio financeiro nunca, mas mesmo nunca, pode ser obtido à custa das receitas extraordinárias, como são as vendas de jogadores, e quando essas vendas são as dos ativos mais valiosos “herdados”, sem criação de qualquer valor no horizonte real (e não nos artigos promocionais encomendados). Não admira que não tenha noção, pois quer o fisiatra (na realidade) ou neo-virologista (na ficção) Varandas, quer a sua vice rulote sobrinho-de-Zenha-com-fama também ainda não demonstram ter noção que se ajuste à realidade, mas apenas à sua ilimitada vaidade. 

6. “Investimento no “projeto desportivo”, quer em compra de jogadores quer em infraestruturas… o Eduardo Marques deve estar enganado e não deve estar a falar em jogadores de carne e osso (mas até já vi uma camada de pintura num par de paredes ser chamada de “nova academia”); quando muito estará a falar em investir em indemnizações que terá de pagar aos vários treinadores – todo um recorde de “projectos” num espaço temporal curto – do “projeto desportivo” e, quem sabe, em infraestruturas invisíveis cujo única materialização será em faturas de dezenas de milhões e num mural de amigos de rescisões políticas. Gostava que um dia definisse “projecto desportivo”, pois tenho a certeza que não faz a mais pequena ideia de qual é, tal tem sido a confusão e caos de ideias. No presente, não passa de uma palavra oca, que no dia seguinte poderá mudar pela enésima vez, mantendo-se oca na mesma. 

7. Pois, foram 14 jogadores já vendidos (mal, na esmagadora maioria)  e muitos mais adquiridos, mas diga um, diga um, basta um jogador adquirido por Varandas que se tenha valorizado exponencialmente. 

Quer a lista dos que já desvalorizaram?

8. Falar nos acordos com os rescisores quando, a cada dia que passa, mais evidente se torna a gestão lesiva dos processos para os interesses do clube – ex. os testemunhos embaraçosos de Frederico Varandas em Monsanto e no TAD – e ainda por cima acordos feitos à custa do pagamento de comissões milionárias. O senhor é um brincalhão.

9. “Recorde de venda” (BF) Esta é de mestre da propaganda, Eduardo. Consegue falar num suposto recorde ‘esquecendo’ deduzir do preço da venda as mais-valias devidas à Sampdoria, a luxuosa comissão paga de 5.5M, e isto falando apenas do que já se sabe. Talvez um dia também se saiba quanto custou a retirada da cláusula de 5M imposta pelo Bruno Fernandes. Também ninguém sabia, nem o próprio (? ? ?), dos 1.6M que o empresário cobrou pelo regresso. Mas claro, era mentira, diziam; o Eduardo e outras canetas BIC é que são um poço de verdades. 

10. É um pândego da escrita, que aborda e bem os milhões que a herança produziu (que má que era, decidam-se) , esquecendo mencionar o elevado preço pago em comissões, mas sobretudo esquecendo que são receitas extraordinárias e que se destinam a suportar uma gestão incompetente, intriguista, supérflua, e manifestamente incapaz de reduzir gastos operacionais; nem os salários , até esses têm de ser alvo de artigos que dizem “veja a 100 anos quanto se terá poupado em salários no SCP; no ano 3020 ter-se-ão poupado 70 mil euros!” (parodiando um serviço ridículo do Maisfutebol que foi trucidado nas redes sociais, bem informadas, ao contrário do pobre leitor do café, que mereceria muito melhor serviço informativo da vossa parte). Promessas falhadas – basta ler qualquer entrevista de Zenha em 2018 e 2019 – e doações miseráveis de jogadores para alegadamente poupar em salários: nem assim conseguiram reduzir fosse o que fosse a não ser a nível raquítico. E aprovaram um aumento salarial à administração pelo meio. Já a nível desportivo conseguiram com sucesso reduzir estrondosamente a competitividade, ombreando com o pior de Godinho Lopes. 

11. Chegados ao fim, e porque o artista que escreve no jornal tal não referiu, certamente por esquecimento, vou sublinhar: trata-se uma gestão no mínimo incompetente que sobrevive à custa da pesada herança, desbaratando um plantel que valia milhões e que atualmente já vale tostões, recorrendo ao adiantamento de receitas sejam elas da SAD, sejam do clube, e do recurso ao endividamento de que é prova a pesada fatura de juros.

Tal como o algodão que não engana, no R&C facilmente constatamos os 21,570M de receitas da SportingTv já adiantados pela SAD:

E como não há jantares de borla, a fatura aparece no brutal aumento dos gastos em juros, lembrando que em dezembro de 2017 o gasto em juros valia 3.577M, registando agora um aumento bem superior a 100%:

E sobretudo, sobrevive graças às encomendas de que é exemplo este infeliz artigo abordado, embora no caso, e sabendo que é alegadamente escrito para Leões desinformados, terá saído pior do que o esperado.

Para finalizar, consigo fundamentar tudo o aqui está escrito com informação oficial do clube. Basta querer estar informado ou querer genuinamente informar.

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Comments

  1. Neca Pinto

    Bravo pelo artigo.
    A verdade dos factos é indesmentível.