RUGIDO VERDE

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Quinta-feira, Abril 25, 2024

O dilema das claques

Em primeiro lugar, tenho de confessar que não sou fã das claques. Nunca fui. Sempre vi as claques como um grupo de arruaceiros que só armam confusão e provocam desacatos.

Os acontecimentos de Maio de 2018 só vieram confirmar esta minha opinião.

É também conhecido o negócio paralelo de venda de bilhetes em vigor nas claques. Para além disto, é público que as claques consomem, e se calhar até mais do que isso, substâncias proibidas.

Então, porque motivo Frederico Varandas assinou com as claques, após a sua eleição para a presidência do clube, um novo protocolo, curiosamente até mais favorável do que aquele que estava anteriormente em vigor? Não estava já esse (e outros) negócio em vigor?

Repito, não gosto das claques. Mas também não gosto de Frederico Varandas. O ideal era que todos desaparecessem do clube de vez. Mas é preciso ter noção que as claques, com todos os defeitos que têm, são essenciais no apoio às várias equipas leoninas. Sobretudo nos jogos fora. E de falta de apoio não os podemos acusar. Estão sempre lá.

Efectivamente, é preciso acabar com o negócio paralelo de venda de bilhetes. Efectivamente, é preciso correr com os elementos nocivos das claques. Efectivamente, é preciso um protocolo entre clube e claques que seja positivo para ambos.

As claques sempre existiram, existem e vão continuar a existir, quer queiramos quer não. Então o que pretende o presidente Frederico Varandas com esta guerra? Pretende fingir que as claques não existem como o seu homólogo do Sport Lisboa e Benfica? Terá esse senhor noção que mais rapidamente vai cair ele, do que vão acabar as claques?

Eu mais facilmente compreendia esta guerra se tivesse tido lugar imediatamente após a tomada de posse de Frederico Varandas como presidente do clube. Alcochete tinha sido há pouco mais dum ano com todo o prejuízo que daí adveio para o clube. Mas não, um novo protocolo foi assinado entretanto e agora Varandas decidiu rasgar o mesmo e atirá-lo para o lixo.

O que obviamente deixa os sportinguistas com a pulga atrás da orelha. O que pretende Varandas? Porquê só agora? Várias repostas podem ser dadas a esta pergunta.

A começar pelo facto das claques serem um excelente bode expiatório e manobra de distração para o seu desastroso mandato. Há contestação? São as claques. Há manifestações? São as claques. Há assobios às exibições deprimentes da equipa de futebol? São as claques. Há alegados insultos e agressões a dirigentes do clube? São as claques.

Ou seja, as claques têm as costas largas. São os culpados de tudo.

Na recente entrevista ao Record, já por mim aqui esmiuçada no Rugido Verde (e posteriormente numa  entrevista à TVI), Frederico Varandas proferiu o seguinte: “É injusto pôr toda a gente no mesmo saco. O problema é com as direções destas claques. Existem senhores, no caso da Juventude Leonina, que estão na liderança há uma década e acham que estão acima dos presidentes do Sporting”.

Ou seja, Frederico Varandas reconhece que não é justo pagarem todos pelos erros de meia dúzia de arruaceiros. Reconhece que existe um problema de hierarquias. Então porque não colocou essa questão às claques quando assinou o novo protocolo? Exigiu nessa altura que os invasores de Alcochete fossem expulsos, como, por exemplo, Fernando Mendes ou Minicapo? Exigiu que o negócio paralelo de venda de bilhetes terminasse? Colocou uma cláusula no novo protocolo que obrigasse as claques a assumirem a responsabilidade pelos seus maus comportamentos pagando as respectivas multas ao clube que daí pudessem resultar?

Ou pretenderá Frederico Varandas colocar na liderança das claques alguém da sua confiança? Relembro que Pedro Silveira “Barbini” é um apoiante seu, membro da claque, e que estava presente nos grupos de Whatsapp de preparação de Alcochete. Correm rumores de guerras internas nas claques, nomeadamente na Juventude Leonina, pretenderá Varandas aproveitar esse facto para tirar benefícios para si próprio e para a sua (moribunda) direção?

O que eu sei é que por estes dias não se fala na manifestação antes do jogo contra o Portimonense que mobilizou milhares de pessoas. Terá sido essa péssima exibição culpa das claques? Frederico Varandas até mentiras diz na tentativa de marcar posição na sua perseguição às claques, dizendo que as mesmas festejaram o golo dos Algarvios. Algo que foi categoricamente negado pela claque dos mesmos.

E conforme faz questão de salientar nas suas recentes entrevistas, não está minimamente preocupado com a Assembleia Geral Destitutiva. Considerando que não foi eleito pela maioria dos sócios e uma maioria dos mesmos recentemente votaram contra o seu orçamento, eu diria que Frederico Varandas tem razões para se preocupar.

Porque mesmo com Rogério Alves a protegê-lo heroicamente (prova disto é a recusa da AG Destitutiva), a força dos sportinguistas vai sair à rua e demonstrar a sua força.

E foi isto mesmo que a claque Juventude Leonina comunicou em conferência de imprensa no passado dia 15/02. António Cebola, na qualidade de dirigente da claque, fez questão de esclarecer publicamente várias temáticas na ordem do dia relativamente a esta questão.

Nomeadamente que na manifestação de 09/02 a PSP deu os parabéns à claque pela (boa) organização da concentração e o protocolo que foi apresentado às claques após as eleições de 09/2018 era mais vantajoso do que o em vigor até então – Varandas terá oferecido Gamebox a todo o staff (da Juve Leo) e 25 mil euros para deslocações.

António Cebola finalizou confirmando que estão já agendados novos protestos (contra a direção).

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