RUGIDO VERDE

O ponto de partida para a reflexão de hoje, é a imagem que ilustra este texto.

Vimos, lado a lado, o antigo Estádio José Alvalade e, a seu lado, aquela que viria a ser, desde 2003, a nova casa do leão. A fotografia deverá ter sido tirada por volta de 2002, vínhamos de vencer um campeonato nacional de futebol e temos um estádio repleto, cheio de sportinguistas de todos os pontos do país e do mundo, claques, todos juntos, em família e com a família.

À tarde…A sonhar… Sporting, Sporting, Sporting…

Uma fotografia onde se aplica o cliché, e é para isso que ele serve, uma imagem vale mais do que mil palavras.

Acelera aqui o batimento cardíaco, eu sei. Viva o Sporting.

Ali ao lado é possível ver parte do nosso sonho na altura, o nascimento da nova casa do leão, o aumentar das expectativas em relação aquilo que iria ser o futuro de clube, o avançar, destemido, em relação ao rivais, um passo grande para o desporto nacional, mas outro ainda maior para todos nós sportinguistas.

Passados dezoito anos desde aquela fotografia, sinto que esta imagem é simbólica, pois representa o actual estado do clube, isto é: estamos, neste momento, e por total responsabilidade da actual direcção, parados no tempo, cristalizou-se o clube naquela imagem. Por um lado, o verdadeiro ideal e orgulho sportinguista, estádio cheio, ambição condizente com os pergaminhos do seu fundador, vontade de ver o crónico de volta, todos juntos, unidos, em família. Por outro, o abraçar do futebol moderno, que tanto mal nos tem feito, o abandonar de uma casa, que tanta saudade nos traz, o passar de geração em geração o ideal leonino, que tão mal tratado tem sido.

O Sporting Clube de Portugal, repito, por responsabilidade desta direcção, está a perder identidade, referências e valores. 

Estamos neste momento divididos entre aqueles que no seu imaginário estão naquele “velhinho estádio”, onde eu me encontro também, e uma pequena minoria que capturou o clube e que, no seu imaginário, acha que está na construção do novo Sporting, mas mais não faz do que conduzir o clube à ruína. Tentam vender a imagem de que ali ao lado se constrói o grande Sporting, quando aquilo que nós assistimos é o contrário, é o seu esvaziamento, o denegrir da sua imagem, a chacota e, ainda mais grave, a sua indiferença.

O que esta imagem, para mim, representa é um clube parado no tempo, com gente que não o conhece por dentro, com gente não conhece os sportinguistas e as suas verdadeiras ambições, e que lhes tenta, a todo o custo, vender a ilusão de que o futuro será risonho. Não foi, não vai ser.

Tenho para mim que com a transição de casa, nós, sportinguistas, ficamos mais pobres. Enquanto outros, talvez sportinguistas, passaram a bater no peito e a dizer sê-lo.

Como aquela imagem simbolicamente parece representar, vivemos num impasse. Tivemos, recentemente, um aproximar a todos os valores que o clube representa: estádio cheio, pavilhão novo e respeito por parte do rivais. Com a actual direcção de Varandas, o que aquele novo estádio representa é um clube que despreza as suas bases, os seus sócios, e que está disposto a perder a sua matriz associativa.

Nós, sportinguistas, não vamos deixar. Nós, sportinguistas, zelamos pelos estatutos, já que alguém não o faz. Nós, sportinguistas, não nos importamos de continuar, simbolicamente, naquele velhinho Alvalade. Nós, sportinguistas, queremos um Sporting dos sócios e para os sócios.

Bardamerda para todos aqueles que querem vender a maioria do capital da SAD. Está na hora, novamente, de dizer que “o Sporting é nosso, outra vez”.Viva o Sporting Clube de Portugal

Saudações Leoninas

Rui Côrte-Real