RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 26, 2024

A Normalização da Zona de Conforto

No Sporting, uma das coisas que nos voltou a acontecer nos últimos tempos foi uma regresso à normalização da banalidade, à falta de ambição, o viver na zona de conforto da mediania, onde ninguém nos chateia e nós pouco também incomodamos.

Depois de 5 anos em que o fervor e a alma Sportinguista voltaram a crescer, a ambição a aumentar e o número de sócios a crescer exponencialmente, regressámos agora ao marasmo, ao descrédito e ao “razoavelzinho”.

Frases como: “não temos equipa para ombrear com os melhores”, ” se ficarmos em 3º já não é mau”, “uma taça e já ficava contente”, “não podemos nos dar ao luxo de comprar jogadores caros, isso é para os outros”, voltaram a ser o pão nosso de cada dia no clube e em toda a CS que sempre gostou muito de nós.

Claro que isto, em conjunto com todas as outras guerras que existem e alimentamos, fazem as pessoas se afastar do clube e desmobilizar. Voltámos ao tempo do “perdemos mas jogámos bem”, “empatámos mas merecíamos ganhar” e “vá lá que só levamos 2, podiam ter sido muitos mais.”

O importante é sermos pessoas de bem e éticos, mesmo que se perca. Com tanta elegância e falta de ambição, não é de admirar que os nossos jogadores não sejam tão competitivos, não se esforcem tanto e não dêem valor ao leão que trazem ao peito. É a mensagem que lhes é passada nos corredores. Que não há problema.

Um pouco como o país. Os Portugueses têm medo de sair de uma zona confortável, onde se sintam seguros. É o síndroma do funcionário público. Não se ganha muito, mas também ninguém nos chateia, nem exigem muito de nós. Antes culpava-se os 50 anos de ditadura, que nos tinha fechado a mente, mas agora com as novas gerações, viajadas, a falar várias línguas e a poder trabalhar em qualquer lugar do Mundo, tenho esperança que isso mude.

Como dizia José Gil no brilhante “Portugal Hoje – Medo de Existir”, os Portugueses são, no geral: invejosos, ressentidos e com medo de arriscar e enfrentar desafios. É esse medo de existir que os faz fechar na zona de conforto, seja por medo de falhar ou de confrontar os outros.

Ora, o Sporting, actual e passado, funciona precisamente como um microcosmos da sociedade. Muitas aparências, muito glamour, muita gente de bem, mas sempre com medo que se veja para lá da fachada. Em que tudo está podre. O ideal é andar ali “nas zonas onde se tem pé” e onde nem se chateia ninguém nem ninguém nos chateia a nós.

Foi quase sempre assim, com 2 ilhas pelo meio: João Rocha e Bruno de Carvalho. O que Bruno de Carvalho e sua direção nos deu a conhecer foi a excepção e não a regra. O problema é que agora conhecemos. Agora conhecemos outro caminho para podermos comparar. O medo só nos tolda a mente e nos bloqueia os passos se não conhecermos os valentes, os corajosos, os que não têm medo de arriscar. Agora conhecemos.

Nos 5 anos de Bruno de Carvalho, os sócios não aumentaram por acaso. As pessoas não iam mais ao estádio, porque não tinham outras coisas para fazer. Iam, porque observavam um caminho, viam ambição e rumo. Havia, finalmente, outro caminho que não era ainda conhecido. Existia uma direção que não tinha medo de enfrentar os poderes instalados com a conivência da CS e de vários poderes. Uma direção sem medo de denunciar práticas ilegais e pouco éticas. Sem medo de, finalmente, tornar o Sporting tão grande como os maiores do Mundo.

Foi isso que mobilizou os adeptos e fez o sangue leonino voltar a ferver nas veias. Foi isso que nos fez voltar a acreditar que contávamos, que estávamos vivos e que podíamos lutar de igual para igual com os melhores. Via-se um rumo, que podia levar algum tempo, mas era um rumo de ambição.

Pois como era de esperar, não descansaram enquanto não acabaram com tudo isso. Os sportinguistas de bem, que preferem o “status quo” instalado e a zona de conforto onde não se incomodem. E os rivais, que com a ajuda da CS amiga aproveitaram logo para fazer baixar a juba do leão. Quem ele se julga. Que se deixe estar quieto como sempre esteve.

Esqueceram-se de um problema. Um grande problema. Nós agora conhecemos o outro lado. Nós agora sabemos que este não é o único caminho e a triste sina que nos espera. Nós agora sabemos que não queremos esta mediocridade e este “poucochinho” que nos vendem na propaganda da tv.

Nós agora sabemos que podemos lutar de igual por igual com os melhores sem vergonha ou sentimentos de culpa. Nós agora queremos o estádio cheio e o orgulho leonino a correr nas veias.

Nós agora queremos que todo o Mundo conheça o Sporting. Seja um kamikaze Japonês numa ilha do Pacífico, à espera que cheguem os Americanos, um vietcong em cima de uma árvore a fazer uma emboscada na selva ou um médico-tenente com o seu rádio nas montanhas áridas do Afeganistão, enquanto contempla ao longe um vasto campo de papoilas saltitantes a sangrar.

Nós agora sabemos que podemos sair da zona de conforto e enfrentar o medo. E sermos melhores. Nós agora conhecemos para lá daquilo que sempre nos toldou o discernimento.

Por isso é que não aceitamos as coisas como estão.

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Comments

  1. jorge mendes

    cada imbecil, frouxo e com os neurónios ligados ao intestino, tem o país e o clube que merece.

  2. Green Marquis

    Concordo, excepto que os portugueses são assim.
    Os portugueses são conhecidos por abandonarem o seu pais e irem para outras paragens onde recebem melhor e têm maior qualidade de vida. Os que ficam é que são esses que ficam no conforto.

    Quando decidi emigrar várias pessoas disseram-me que era corajoso e tal, e eu sempre pensei para comigo “corajoso era se ficasse, com um ordenado miserável como vocês”.

    Quem ficou no pais é que vive na zona de conforto, mas os portugueses em geral saem fora. Não é por acaso de existem 5 milhões de portugueses fora do país…. isso é metade da populacão residente actual.

  3. Pedro Filipe Andrade

    Nem mais! O Clubezinho que a maioria deseja e que agora tem, não é o meu! Eu não desejo isso para este Clube, desejo o que se viu nos cinco anos de BdC, pode não ter ganho nenhum campeonato, mas esteve lá lutando, contra tudo e todos, de cabeça levantada, alma limpa e de coração cheio! É este o Sporting C.P. que desejo, ambicioso, sem medos, com carácter e honesto, pode até não ganhar, mas não será por falta de entrega e ambição!