RUGIDO VERDE

No passado dia três de Dezembro saiu no jornal A Bola uma entrevista ao ex diretor para o futebol, Augusto Inácio, onde abordava vários temas da agenda leonina, desde o caso de Alcochete, passando pelo despedimento de  Mihajlovic até ao atual estado do plantel do Sporting. 

Em primeiro lugar, achei a entrevista bem conseguida, totalmente transparente, coisa que nos últimos tempos tem faltado no universo Sporting, Em segundo, os tópicos foram bem explorados, tanto aquilo que aconteceu depois de Alcochete, com a confirmação de que os jogadores iriam regressar mesmo com Bruno de Carvalho à frente dos destinos do clube, como a questão da qualidade como treinador e a liderança que Mihajlovic poderia ter trazido para o balneário do Sporting, visto que pelos clubes que passou soube tomar decisões difíceis, como por exemplo a aposta em Donarumma que, tendo qualidade, é sempre um jovem jogador numa posição particularmente difícil, como é a de Guarda-Redes. 

Achei muito bem terem dado o contraditório a Augusto Inácio, uma vez que já se adivinhava uma procura por bodes expiatórios, sacudindo a água do capote aos dirigentes do Sporting da altura, principalmente a Sousa Cintra, mostrando, mais uma vez, o péssimo trabalho que este ex-presidente do Sporting fez durante o período da comissão de gestão.

Foi, também, importante termos o ponto de vista de alguém que trabalhou de perto com Bruno de Carvalho e que mostrou a realidade: em 2013, o Sporting estava bem pior do que qualquer crise que precedeu Alcochete e foi com o trabalho de Bruno de Carvalho que o Sporting voltou a ser uma verdadeira força desportiva. 

Senti, também, que Augusto Inácio está verdadeiramente preocupado com o rumo que esta direção está a dar ao clube. Aliás, nenhum verdadeiro Sportinguista devia estar contente, mas é bom ver a comunicação social a dar espaço e tempo a pessoas que, na minha opinião, poderão fazer parte de uma oposição equilibrada e devolver um bocadinho daquele “Sportiguismo” que Bruno de Carvalho nos devolveu em 2013, coisa que esta direção nos retirou e ainda pensa que nos fez algum favor. 

Sinceramente, não sei se o Augusto Inácio  vai voltar ao dirigismo num futuro próximo, talvez quando este trabalho no Brasil acabar, mas gostaria de o ver outra vez numa estrutura do Sporting com pensamento vencedor, com paixão naquilo que faz e não andasse a agradar outras agendas ou preocupado com outros lobbys. 

Outro tema importante e que já vem sido falado desde o fecho do mercado de transferências, é o fraco plantel que o Sporting tem. Na opinião de Augusto Inácio, a gestão das expectativas podia ter sido feita de outra forma, neste caso as entrevistas de Salgado Zenha e Hugo Viana, que falaram de um Sporting melhor e de rivais piores, o que pela amostra desta época é precisamente o contrário. Os rivais estão na mesma e nós descemos o nível competitivo do nosso plantel, bem como as opções que esta direção trouxe para os quadros, coisa que numa opinião generalizada todos os Sportinguistas concordam. 

A questão das claques também foi tema de debate nesta entrevista. Aqui, mais uma vez, Augusto Inácio esteve bem ao colocar o dedo na ferida. Esta direção dispara ataques ao seu mais preciso bem, os seus adeptos e simpatizantes, e não consegue reconhecer os erros que cometeu no péssimo planeamento da época desportiva.

Para terminar, sei que ainda existem pessoas como Augusto Inácio, Sportinguistas que se apaixonaram pelo projeto de Bruno de Carvalho, e acham que aquele rumo é o certo para o clube. Só espero é que, mais cedo do que tarde, se juntem e consigam fazer uma oposição transparente a esta direção e, eventualmente, ganhem o direito de gerir esta grande instituição chamada Sporting Clube de Portugal. 

Saudações Leoninas