RUGIDO VERDE

E pronto:  mais uma deslocação na companhia do Pedro, parceiro destas aventuras de 600 kms. Sempre que nos é possível aproveitamos estes jogos a meio da tarde, para que não tenhamos que chegar a casa às 2 ou 3 da manhã, depois de 300 kms de viagem e de vésperas de mais um dia de trabalho. Em prejuízo de um domingo passado com a esposa e filha (curiosamente estamos os 2 nas mesmas circunstâncias).

Mas fazêmo-lo com gosto. Com paixão por uma causa. Por algo forte que, desde sempre, nos acompanha.

Curiosamente, o destino levou-nos a ambos para uma distância considerável dessa paixão.

Se até aos meus 24 anos podia deslocar-me a Alvalade, aos campos de treinos, à Nave, sempre que entendesse, com a mudança essa situação mudou drasticamente. Não basta pegar no carro e pensar que em 20 minutos estamos em Alvalade.

À distancia de 300 kms (para cada lado) e de 3 horas de viagem, as deslocações já não são tão frequentes. São selecionadas com critério. Tem de ser durante a tarde, para não termos que fazer a viagem de regresso de madrugada. Tem de ser ao fim de semana, porque de semana não conseguimos sair a horas para chegar a tempo a um jogo da Liga Europa por exemplo,… Enfim, “N” condicionantes.

Mas enfim, a paixão leva-nos a cometer estas “loucuras”.

“Ah ganhámos! Desta vez vamos felizes para baixo”.

Não, não vamos. Vamos frustrados. Vamos desiludidos, desgostosos, aborrecidos e enraivecidos. Não pela vitória do Sporting.

Vamos assim, porque além do miserável futebol a que assistimos (infelizmente salvo uma ou outra excepção, tem sido a nossa prática ao longo dos 30 e muitos anos que me lembro de futebol), mas há algo que nunca tinha sentido: este jogo foi acompanhado por muitos milhares de zombies. Adeptos(?) amorfos nas bancadas sem uma única manifestação de apoio. Como se estivessem numa missa.

À frente da minha gamebox, adquirida apesar de vir apenas 7 ou 8  vezes por ano, 2 jovens, na casa dos 18/20 anos. O entretenimento deles são as apostas online. Zero manifestações de apoio. Zero palmas, zero cânticos, zero tudo!

Nas redes sociais, inúmeros testemunhos de um silêncio ensurdecedor nos vários sectores do estádio. Não foram apenas 1 ou 2 vídeos a demonstrar isso. Foram muitos!

As “claques” ou “GOA”, ou como lhes queiram chamar, continuaram, mesmo ostracizados, a demonstrar o amor que sentem.

Em 42 anos de Sportinguista nunca vi o Sporting assim. As coisas podiam não correr bem em campo e, infelizmente, foram bastantes dezenas de anos em que isso ocorreu, mas os adeptos estavam lá, activos, sempre a apoiar. Era isso que nos fazia “diferentes”. Era não ganharmos e estarmos lá a apoiar, semana após semana!

Ser diferentes não era , como somos agora, sermos “de bem”, sermos educados e darmo-nos bem com todos e depois “sermos comidos de cebolada” ano após ano.

Isso não é ser diferente, é ser tótó, é ser parvo.

Esta direcção quer fazer dos  sportinguistas parvos, tótós. “Yes Men”.

Mas há algo que ainda não perceberam: Aos sportinguistas, aos sportinguistas mesmo, não vai conseguir. Porque esses não são estúpidos.

Vai conseguir fazer aos que estão no estádio mais preocupados com as apostas, aos que se vendem por um punhado de croquetes e convites. Aos cinquentenários que “subornam” com homenagens e jantares, mas que, na maior parte dos jogos, estão com a mantinha nas pernas e o gato ao colo tranquilos a ver o jogo na Tv…

Mas as que estão lá, ao frio e à chuva, semana após semana, em casa e fora, aos que fazem 300, 400, ou 500 kms para ir ver o jogo, aos VERDADEIROS SPORTINGUISTAS, vocês não fazem isso. Os SPORTINGUISTAS não comem gelados com a testa.

E ao contrário do que querem fazer passar, esses não são uma minoria. Esses são o Sporting. Não são vocês, movidos por interesses financeiros que lesam o clube por dá cá aquela palha.

Esses, vocês, vão cair. Com estrondo. E em breve.

Porque o Sporting, SOMOS NÓS!

São estes os Sportinguistas que são os verdadeiros heróis!