RUGIDO VERDE

Era uma vez um rapaz que não tinha medo de nada. Todos se admiravam com a sua coragem. Andava no meio da guerra com um rádio na mão, entrava nas trincheiras inimigas sozinho e nada o fazia ter medo, por isso toda a gente o apelidava de Frederico Sem Medo.

Mas ele gostava de ser como os outros e desejava saber o que era o medo pelo menos uma vez na vida. Por isso, decidiu deixar a pacata vida de médico e partiu numa aventura.

Certa noite, já muito tarde avistou um estádio e foi até lá. No caminho encontrou um homem com uma camisola número 71 que lhe disse: “Aquilo é um estádio assustador, assombrado por grupos organizados de adeptos que atormentam quem por lá passa. O rei Rogério dará uma grande recompensa a quem conseguir lá passar 3 noites seguidas.”

O Frederico achou que era esta a oportunidade que procurava, depois de informar o rei do seu plano, instalou-se no estádio e deitou-se.

Entretanto, ouviram-se barulhos estranhos. Eram 3 chefes de claques furiosos. Aproximaram-se do Frederico e um deles ameaçou-o: “Vai-te embora, o estádio é nosso!” Afiaram as garras e lançaram um olhar assustador, mas como ele era muito corajoso não sentiu medo nenhum.

Na segunda noite, o Frederico ouviu correntes a arrastar e gargalhadas, e à sua frente apareceram os fantasmas do Croquettismo: Dias da Cunha, Roquette, Soares Franco, Godinho Lopes e Bettencourt. Ele nem mexeu um dedo e disse: “Vocês não me metem medo, eu até vos admiro muito. Bem-haja a todos.”

O rei Rogério espantado disse, então “Este é o tal, o meu herdeiro natural, só falta passar um teste final!”

Na terceira noite, o Frederico ouviu uma voz vinda da chaminé: “Vais morrer de medo quando me vires.” Era um sócio com 20 votos. Frederico convidou-o, então, para se aquecer com ele ao pé da lareira. O teste final foi ultrapassado.

No dia seguinte, o rei anunciou ao Frederico que lhe ia conceder o lugar de primeiro-ministro do reino! “Vais ter uma bela vida, vai ser uma maravilha!”. No dia seguinte tomou posse.

Nessa noite enquanto dormia, Frederico sonhou com um tribunal. Ele estava sentado no banco dos réus por ter traído o reino de Alcochete. Que susto que ele apanhou! Deu um salto da cama e disse: “Isto sim é medo verdadeiro! Valha-me o meu querido rei, só ele me pode salvar!”