Sporting, o porquê do fim
Na verdade, o que se passou no Sporting foi o transpor da nossa sociedade como portugueses e humanos. A sociedade foi fundada no princípio de servir o melhor para as pessoas, no entanto a pessoa que é o melhor governante tem quem não o queira lá, porquê?
É, na verdade, uma resposta fácil. Afinal de contas, criaram-se ideologias políticas, as pessoas tornaram-se crentes em ideais, no fundo partidárias, esquecendo-se qual o verdadeiro significado quando elegemos alguém.
Quantas são as pessoas que há cinco anos atrás idolatravam Bruno de Carvalho e agora o odeiam? Não gostam e não há nada que os faça abrir os olhos. Também podemos ver estes casos em fanáticos por famosos, que vêem nessa pessoa uma aceitação e de tudo farão pela sua aprovação. E quando não a conseguem? Um ódio desenvolve-se pela rejeição e pela humilhação de alguém que admiravam. Este sentimento é sempre uma reflexão agressiva de tristeza.
Toda a sua vida, todas as suas crenças foram postas em causa, é normal sentirem um sentimento de revolta, pois descobrem que os seus ídolos não são a sua salvação.
As divisões e as diferentes ideologias advêm de algo que ultrapassa a sobrevivência, o rancor. A sociedade deixa de ser o mais importante e a vingança passa a ser a prioridade neste instinto insaciável do ser humano, o orgulho.
Se quiséssemos todos o bem do Sporting, tínhamos posto os rancores todos de lado e teríamos apoiado quem quis. A história do Sporting será sempre esta. Os próprios adeptos perdem o foco demasiado rapidamente e acabam por perder tudo.
Em todos os sectores da sociedade há gente que se julga com mais direitos do que os outros. No caso do nosso clube isso é elevado ao expoente máximo. Quem tem a ousadia de confrontar os poderes instituídos é alvo de perseguição. Dificilmente isso alguma vez será alterado neste clube.
Eu diria que um clube como o Sporting, em particular, terá sempre esses problemas ao passo que outras equipas não. Os nossos adeptos assim o permitem. O futebol reflete o país. O porto, de quem se revolta e luta por algo melhor, benfica, o clube do sistema e do crime, Sporting, o clube dos conformados. Nós acabamos por ter 40% que gosta de lutar, mas, infelizmente, a maioria não é assim, não gostam de levantar ondas e morrem sempre na praia porque têm medo de arriscar. Chegam àquela meta e decidem um acordo para darem 2 passos atrás a troco de uma espécie de ‘perdão’ por ir contra o sistema preestabelecido. A juntar a isso temos uns 10% que se dizem do clube mas, na verdade, apenas querem viver dele. O Sporting é, foi e sempre será isto.