RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 26, 2024

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Não é fácil por estes dias ser presidente do Sporting, o que só se reveste mesmo de alguma surpresa para os mais desatentos. Fácil era só o futebol, a presidência nunca o seria. De qualquer modo, nem uma coisa, nem outra. E até o bastante simples esta direcção conseguiu complicar.

Através de uma intervenção com um tempo de entrada outrora tão criticado, no seguimento de um pequeno escândalo no clube rival, Frederico Varandas logrou o que muitos anteviam, mas com a mais rasteira distinção. Batendo todos os recordes de incompetência, desferiu a última machadada no batel já despedaçado. Depois em AG divertiu-se com os cacos, sempre com o respectivo bobo da corte das finanças a ajudar. E nem faltou a respectiva cereja da suspeição zero: onde andam as prometidas declarações de rendimentos?

Varandas já sabe, bem como os seus lacaios, que os homens de bastidores se movimentam atarefados, mais não fosse por experiência própria. Aliás, ainda que estivesse a mostrar uma presidência valorosa, sempre existiria quem andasse a espalhar minas e armadilhas pelos trilhos da instituição. Podemos ter um só capitão do exército, mas peritos em explosivos temos bastantes. Desde jogadores a ex-jogadores, passando por notáveis que brotam das pedras como água de uma nascente, há para todos os gostos.

Bom, pelo menos em teoria. Na prática comungam do mesmo, a sua assinalável incompetência e/ou ligações fraternais pouco recomendáveis. E era precisamente a este ponto que queria chegar, não sem antes de introduzir um novo factor na equação.

Pese embora a trapalhada que foi a explicação da escolha de Silas para a equipa técnica, o certo é que o mesmo granjeia grande simpatia juntos dos Sportinguistas. Seja pelo seu Sportinguismo, seja por apreço pelas ideias de jogo que já teve oportunidade de demonstrar, colhe uma grande receptividade da parte dos sócios e adeptos. Orientando uma equipa na qual não teve poder de decisão quanto a escolhas, e sem pré-época, não se se lhe pode pedir muito. Por outras palavras, a cartada Silas pode ter o condão de criar um mártir (mais um…) para as bancadas.

Para Frederico Varandas, isto nem terá grande importância. Como disse anteriormente, o tapete já lhe foi puxado, restando-lhe agora saber se cai sozinho ou se sai empurrado. No entanto, para o Sporting e para os Sportinguistas (especialmente os mais “desatentos”), o assunto reveste-se de alguma importância.

Fora dos circuitos habituais, e mais fechados, de troca de ideias e debate, vai-se notando a moldagem da ideia de que tivesse Silas a possibilidade de ter participado activamente na construção do plantel e no planeamento da pré-época, outro galo cantaria, como se costuma dizer. Ora, não contesto de forma alguma essa ideia. Não tenho sequer um conhecimento profundo que permita projectar o que poderia ser o trabalho do referido treinador. No entanto, também ainda não é aqui que reside o problema.

O problema é a constatação de que nada se aprendeu com o último ano. No fundo, depois da catástrofe que tem sido esta via que nos foi imposta, a crítica mais comum e ruidosa é que esta direcção afinal não percebe de futebol e a equipa tem algumas lacunas. Só isto. Assim, sem mais. Dirão que os mais atentos não vão na cantiga. Pois eu relembro que os mais atentos não são quem decide. E quem decide vai a reboque do vai lendo e ouvindo por aí. Reduzir o péssimo trabalho desta administração a um ou dois jogadores que saíram, e a dois ou três que entraram, não traz nada de novo ao clube. Nem sequer ao futebol, quanto mais.

E porquê esta conversa? Porque já se ouve em surdina vários nomes, sempre patrocinados pelos mesmos maestros, e uma multidão disposta a aclamar um rei de entre eles. Não sei se é a chamada terceira via, ou a quarta, ou a quinta, ou a sexta, ou a décima (como diria o nosso jogral presidente)…mas sei que é mais do mesmo. E sei que o Sporting fica cada vez mais longe do sucesso.

Para já, a chegada de Silas tem um grande mérito: desde que haja pão e circo, tudo vai bem no reino do Leão. Circo já temos bastante, e irá continuar; quem faça o pão, também. Temos razões para acreditar que Silas consiga fazer bom pão. Faltam só mesmo os cereais e o moleiro. Portanto, resta que não caiam os Sportinguistas no velho ditado “muda-se de moleiro, não se muda de ladrão”.

Que desta vez se mude de ladrão, mas também se mude de moleiro.

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Comments

  1. HULK VERDE

    Um clube de afanados da moleirinha (o próprio presidente o refere) só podia ser liderado por apanhados do clima. Eles aí estão, semeando ventos, cozinhando tempestades, umas mais perfeitas que outras.

  2. Rei Leão

    Boa análise. A chegada do Silas pode ser vista como a última cartada. Mas pode também funcionar como uma faca de dois gumes. Pode vir a mostrar trabalho mas também pode pôr em evidência que venha quem vier não conseguirá fazer mais com o plantel construído pela estrutura do futebol fácil fácil.
    Quanto às movimentações de bastidores é aquilo que refere no seu título. Já os conhecemos. Normalmente quando há este tipo de movimentações sabemos que só muda uma coisa, são as moscas…

    1. HULK VERDE

      Desta feita, nem as moscas mudaram… não houve tempo.