RUGIDO VERDE

Frederico Varandas foi eleito presidente pelos sócios do Sporting em Setembro de 2018 para levar o clube a bom porto. Foi eleito para arregaçar as mangas e trabalhar exaustivamente pelo bem do clube. Não foi eleito para passar a vida a queixar-se, a lamentar-se e a arranjar desculpas.

Quando Bruno de Carvalho pegou no clube completamente em fanicos em 2013, nunca o ouvi queixar-se de nada, nem de heranças pesadas, nem de heranças leves nem de heranças de espécie alguma. Bruno de Carvalho meteu mãos à obra, muitas vezes, inclusive, com grande prejuízo para a sua vida pessoal e mostrou resultados. Não culpou A ou B nem se refugiou nisso. Resolveu os problemas e recuperou um clube à beira de fechar portas.

Frederico Varandas teve a sorte de herdar um clube em muito melhores condições do que Bruno de Carvalho. Ainda assim só se queixa. Se calhar não é assim tão fácil não é Frederico?

Frederico Varandas começou logo mal quando diz numa entrevista ao Jogo (09/09/2018)“Não posso ser presidente 24 horas por dia. Tenho de dormir e fazer desporto”.

Declarando aos quatro ventos esta lógica de compromisso logo no primeiro dia que moral tem ele para exigir compromisso, dedicação e profissionalismo aos funcionários do clube? Rica exigência esta realmente…

Nesta mesma entrevista Varandas queixa-se dum Sporting fragmentado. Tinha razão. E o que fez então para promover união? Apesar de ter dito que se fosse presidente não expulsaria de sócio Bruno de Carvalho, acabou mesmo por o fazer. Eu na minha humilde opinião diria que não foi a melhor forma de combater a fragmentação do clube.

E esta é uma questão que há um ano não me sai da cabeça: mas Frederico Varandas quer realmente promover a união no clube? Alguma vez foi esse o seu objectivo?

E a forma como desvalorizou a Academia de Alcochete? Citando declarações do próprio; “Os relvados da equipa principal têm 15 anos! Clubes como o Arsenal mudam de relvado todos os anos. Isto faz diferença. Vamos começar a mudar já em 2019. Vamos avançar com novos campos também. Academia está a rebentar pelas costuras. Tenho uma equipa feminina que treina num sintético em que eu não jogaria com os meus amigos à 5.ª feira (Record 17/12/2018). Ou ainda “Sobre as infraestruturas conto-vos que os sub-23 treinam num relvado com 16 anos e a duração máxima é 10 anos. Custa 200 mil euros mudar o relvado. O meu treinador queixa-se todos os dias do relvado. A equipa de juniores e futebol feminino treinavam num sintético com buracos. Com buracos. Os atletas da formação vivem em quartos com os mesmos colchões de há 16 anos. E os mesmos móveis. As máquinas no ginásio têm partes rasgadas” (O Jogo mesma data).

Afinal parece que as lamentações não são exclusivas de Frederico Varandas, também os treinadores se queixam. Curioso que, mesmo assim, a treinadora do futebol feminino faz questão de jogar em Alcochete em detrimento do Estádio José Alvalade, essa sim a casa do Sporting. Mas fica agora a questão: já foram substituídos os relvados de Alcochete? Já compraram novos móveis para os quartos? E os colchões? Ainda servem para os miúdos jogarem ao Pulgas na Cama?

E o que dizer da forma deselegante como falou de Sousa Cintra? “Existem sempre pessoas que falam do Sporting CP, que vêm para televisões, rádios e jornais falar constantemente, muitas vezes sem propriedade e conhecimento e com maldade. Falam sem que isso ajude o Sporting CP. Sousa Cintra foi presidente da SAD na altura da Comissão de Gestão e nós, Conselho Directivo e restantes órgãos sociais, temos muito respeito pela Comissão de Gestão. Deram a cara num momento extremamente difícil do Clube. É fácil criticar as decisões deles, mas eu prefiro dizer que eles fizeram o que podiam fazer. Agora, não podemos ser bombardeados com entrevistas como essa, de uma profunda irresponsabilidade. Sousa Cintra disse um chorrilho de disparates. Desde o empréstimo obrigacionista, desde o contrato do Nani, desde a situação do Bruno Fernandes. E demonstra um constante desrespeito pelo nosso treinador Marcel Keizer, nem que seja pelo facto pelo facto de já ter oferecido mais títulos ao Sporting CP do que Sousa Cintra em seis anos de mandato” (site Sporting 27/06/2019)

Hoje em dia o que há mais por esse Portugal fora é todo o tipo de declarações sobre o clube, naturalmente umas piores e outras melhores, mas no que respeita às piores Sousa Cintra é que é o mau? Então o que dizer dos tesourinhos deprimentes debitados regularmente por Luís Paixão Martins, conhecido benfiquista, escolhido por Varandas para liderar a comunicação do clube?

Mais recentemente, Varandas queixou-se das críticas de que tem sido alvo, classificou esses críticos de “esqueletos a sair do armário”. Mostra assim que lida mal com a crítica, a ser assim está claramente no sítio errado. Uma figura como o presidente do Sporting Clube de Portugal está sempre sujeito à crítica, e a melhor forma de a calar é evitá-la.

Não é vir dizer após o desaire da Supertaça que não ficou preocupado, mas afinal um mês depois já foi algo que o marcou muito. E, sobretudo, que foi aí que se deu a perda de confiança no treinador Marcel Keizer. Logo ao primeiro jogo da época. Mas ainda assim demorou um mês a despedi-lo. Porque não podia despedir um treinador que tinha ganho a Taça da Liga e a Taça de Portugal.

Mas até em relação a Marcel Keizer Frederico se queixou, queixou-se que o ex treinador não apostava na formação. Deve ter sido portanto Keizer que dispensou jogadores como Francisco Geraldes, Domingos Duarte ou Matheus Pereira.

E agora o seu sucessor, Leonel Pontes, “não tem prazo, tem uma tarefa. Depois estaremos cá para tomarmos as decisões que temos de tomar”. Ou seja, logo se vê, deixa andar! E é assim que Varandas pretende evitar a crítica? Tanto se gabou de ter em apenas um ano tantos títulos como Bruno de Carvalho em cinco que se prepara a curto prazo para ter despedido em apenas um ano mais treinadores que Bruno de Carvalho em cinco.

E porque esta crónica já vai longa, talvez seja melhor ficar por aqui. No entanto, dada a propensão para o nosso líder se lamechar interminavelmente prevejo uma continuação a breve prazo. Quem sabe não vai sair aqui uma bonita trilogia sobre o nosso Frederico “calimero” Varandas.

Não percam as suas próximas lamúrias, porque nós também não.