RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 19, 2024

Breve reflexão sobre a utopia no Sporting

Como os nossos caros leitores já devem ter reparado, através do meu histórico de textos aqui no Rugido Verde, sou um assumido crítico desta direcção.

E como crítico desta direcção sou rotulado de Brunista. O que é isso de ser Brunista? Bem, essa questão deve ser colocada a quem inventou o rótulo em questão.

Porque o que é certo é que quem é crítico desta direcção é imediatamente colocado nesse catálogo, um catálogo de gente maluca, uma minoria sem qualquer relevância, que são acusados de nem sequer ser do Sporting.

Mas sabem que mais? Sou do Sporting sim, mas não deste que temos agora, um Sporting vergado a interesses exteriores, manso, o eterno derrotado e o pequenino que os rivais tanto gostam. Realmente deste Sporting não sou, sou do outro, o tal Sporting maluco e irresponsável, o Sporting vencedor, que se bate com os melhores, que assusta os rivais e malha no sistema instalado.

Obviamente que esse sistema instalado prefere o Sporting de agora, não incomoda, não conta, então vai daí toca a lançar a cartilha de que este Sporting é que é bom, e naturalmente a diabolizar o anterior, o mau, o Belzebu, o mafarrico, vade retro Sporting 2013/2018!

Nesta diabolização tem papel principal a nossa comunicação social – ou como eu lhe costumo chamar, “comunicação social nacional benfiquista”.

A atitude de constante crítica à anterior direcção e toda a perseguição que lhe foi feita é uma vergonha para o código deontológico do jornalismo. Faz-me lembrar a diabolização que desde sempre foi feita ao Comunismo. Basicamente, quando alguém ou alguma coisa não interessa ao sistema em vigor diaboliza-se, monta-se junto da opinião pública uma imagem negativa e que essas ideias são hereges e perigosas, não são politicamente correctas e deve-se fugir delas.

Não vou obviamente discorrer aqui sobre o que é o Comunismo, o caro leitor se estiver interessado em saber mais sobre esta temática tem a liberdade de pesquisar. Na minha vida académica estudei Karl Marx a fundo, a sociedade sem classes, sem opressão, igualitária, é obviamente uma utopia, é utópico pensar-se que uma sociedade assim é viável, a natureza maldosa, gananciosa, egoísta e corrupta do ser humano jamais o permitiria. 

O Comunismo é, portanto, uma utopia. E dado os acontecimentos recentes no nosso clube eu começo a achar que um Sporting forte, vencedor, pujante e que se bate com os melhores do mundo também o é. O Brunismo é, portanto, uma utopia.

Mas será mesmo? Eu prefiro acreditar que a determinação, a exigência, o rigor, a paixão e a garra com que o Sporting foi dirigido entre 2013 e 2018 fez escola, serviu para acordar a massa adepta e a margem de manobra desta linhagem croquete que voltou a pegar nos destinos do clube é cada vez mais curta.

Karl Marx, o pai dessa utopia que é o Comunismo, foi também o pai da luta de classes. E essa é inegável que existe no Sporting e cada vez mais sócios e adeptos já abriram os olhos para essa realidade. Aqui no Rugido Verde já vários de nós abordaram essa temática e se bem se recordam foi inclusive o título do meu primeiro texto.

E agora estarão a pensar os caros leitores: mas que raio está este maluco deste Brunista a fazer, a misturar futebol com política, não tem nada a ver! Meus caros, tem tudo a ver! Ora acompanhem-me:

Em Portugal existem dois clubes que controlam o sistema. Existem também dois partidos do sistema.

Em Portugal, esses dois clubes são autênticas máfias, controlam a comunicação social, as instâncias desportivas, até a justiça. Os dois partidos do sistema também.

Em Portugal, esses dois clubes são corruptos. Os tais dois partidos também.

Inclusivamente muitas das pessoas que controlam esses dois clubes controlam também os tais dois partidos, o sistema político e a sociedade em geral.

E o nosso clube não sendo um desses dois clubes corruptos que controlam o sistema, está também ele cada vez mais parecido com um partido político do sistema. É um clube dividido em facções sempre em guerra, em que uma minoria elitista controla o clube a seu belo prazer, ignorando a vontade popular.

Nos meus tempos de jovem rebelde e radical universitário, estive quase a inscrever-me no Bloco de Esquerda. Actualmente, não voto em ninguém. E cada vez me sinto menos Sportinguista. Já viram? Sou Comunista e sou Brunista. Que raio de mania esta a minha de estar sempre contra o sistema hein?

Artigos relacionados

Comments

  1. alcides andrade

    Não entro em discussão , gosto do texto….sou do Sporting há 73 anos , mas obviamente não sou deste Sporting , claro sou critico desta direcção , tanto assim que deixei de ser sócio…se isto é ser Brunista , então sou Brunista a 100% …este clube nunca mais terá paz !!!!Estes que clamam agora,por união são os mesmos que organizavam manifestações e outros eventos contra a direcção anterior…esperavam o quê?Que os 21 aceitassem o que eles querem para o Sporting?Francamente , já hoje vi sugestões para voltar a paz , no entanto , não acredito…

  2. Leão Comuna

    Fantástico texto!

    Mais um Brunista e Leão Comunista.

  3. Anabela Figueiredo

    Parabéns pelo esclarecedor texto. Já somos dois Brunistas e Comunistas.

  4. GreenLantern

    Realmente este texto não faz qualquer sentido.
    Basta pensar que em Portugal não existem dois partidos mas duas tendências. A esquerda que tudo pode e tem a CS na mão, e a direita (que na realidade é centro) que fica subjugada aos ataques da dita CS quando está no Governo.
    Isto chega a ser ridiculo, quando se pensa que existiu um Golpe de Estado em Portugal mas a CS tratou o assunto como se tivesse sido um acto perfeitamente normal.

    1. Gonçalo Palminha

      O texto faz é todo o sentido. Pensar que a esquerda, a verdadeira, pode tudo e tem a CS na mão… a esquerda em Portugal não tem qualquer peso, precisamente pelo poder que a CS tem. Há por aí muito conceito a rever, deixe que lhe diga.

  5. Rei Leão

    Excelente. Realmente a forma como gostaríamos de ver o nosso clube se torne cada vez mais uma utopia. Nós ainda temos mais um “contra” em relação aos dois corruptos. Nos dois corruptos que controlam o sistema as pessoas que os dirigem vão fazendo alguma coisa em benefício dos clubes. Já nós, actualmente, também fomos tomados de assalto por corruptos, só que estes ainda por cima só actuam em benefício próprio, o clube é apenas um meio para poderem praticar os seus crimes.
    Parabéns pelo texto.