RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 19, 2024

ECLETISMO

Em paralelo com a “guerra” existente desde sempre entre os “dois” Sporting (das elites e do povo), surge sempre acoplada uma outra entre o Sporting Clube de Portugal eclético e o Sporting SAD do futebol.

Para fazer jus ao lema do nosso fundador “tão grande como os maiores da Europa”, obviamente só o Sporting eclético responde a essa máxima.

Reparem que aquele que foi considerado o Presidente mais querido do clube – João Rocha (à posteriori claro, porque na altura não descansaram enquanto não correram com o homem) foi aquele que abriu o clube ao ecletismo, com maior ênfase no atletismo (foi aqui que ganharam “vida” os Lopes e os Mamedes) e no Hóquei em Patins com a vitória na Taça dos Campeões Europeus em 76-77.

Ora, se o futebol é o cérebro do clube, que puxa por tudo o resto, as modalidades são o coração e a alma do Sporting Clube de Portugal.

Aquele Multidesportivo é a artéria aorta que faz esse coração pulsar. Desde as piscinas à ginástica, desde os ginásios aos treinos do futsal e andebol. É ali que o coração começa a fazer-se sentir desde manhã muito cedo.

Multidesportivo, diga-se, que escapou à razia completa que o património do clube sofreu a certa altura (por muito pouco, por muito pouco).

Há 2 anos temos mais um motivo de orgulho no nosso ecletismo, a nossa veia cava que é o Pavilhão João Rocha. Aqui o clube voltou a ganhar saúde e a respirar melhor.

Se havia dúvidas do que os sócios querem para o clube é ver a quantidade de vezes que encheu nos últimos anos. O coração do clube voltou a bombear sangue cheio de oxigénio.

Mas desde João Rocha até isso acontecer com Bruno de Carvalho, muito se passou com este coração e muita gente o tentou enfraquecer.

Desde Presidentes que achavam que se devia acabar com as modalidades e o clube dedicar-se exclusivamente ao futebol, até outros que diziam que as modalidades, não dando lucro, não estavam lá a fazer nada.

Com tudo isto, o prometido pavilhão (inexistente desde a famosa Nave de Alvalade) ia sendo empurrado com a barriga.

Assim, o coração, mesmo enfraquecido, foi sobrevivendo a Santana Lopes que implementou a 13ª quota no clube, passando pelo projecto Roquette, pelo inenarrável Franco, que nas suas famosas 2 horas dedicados ao clube conseguiu estilhaçar todo o património existente, até se chegar ao dia em que “obrigaram” os sócios a escolher as modalidades que acabavam e as que ficavam.

Facadas no coração, umas atrás das outras, enfraqueceram este coração que ia bombeando cada vez menos oxigénio para o cérebro. Como se percebe e muita gente gosta de dizer, sem o futebol (cérebro) as modalidades não existiam, mas esquecem-se de dizer que sem as modalidades (coração) o cérebro é um vegetal por falta de oxigénio.

Foi com Bruno de Carvalho que voltámos a ter o nosso tão prometido pavilhão JR e agora parece que muita gente cavalga essa onda. Até gente que esteve, no passado, ligada a quem quis acabar com as modalidades.

Mesmo estes últimos 2 títulos Europeus foram alavancados por quem trouxe de volta as modalidades, fez o pavilhão e permitiu, com a passagem de 100% das quotas dos sócios para as modalidades, que estas se tornassem sustentáveis e competitivas.

As modalidades do clube, sendo o coração e a alma que oxigenam o cérebro, não podem nunca acabar. É o alicerce que dá corpo à casa. Mesmo que não dê lucro, funciona um pouco como os serviços públicos num Estado. Servem para fazer pulsar o país que, neste caso, é o Sporting Clube de Portugal.

Quem pensar o contrário não sabe e não aprendeu nada sobre o Sporting nestes anos todos. Sempre que uma direcção subvaloriza as modalidades está a cometer um erro. Sempre que lhes tira competitividade, baseando-se na teoria que dão prejuízo, estarão a dar uma facada no coração do clube.

Para além disso, como se viu nos últimos 5 anos, até deram lucro e conseguiram ser campeãs.

Por isso não há desculpas.

Se queremos “ser tão grandes como os maiores da Europa” só o seremos com um clube eclético.

Quem pensar o contrário não sabe nada de Sporting.

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Comments

  1. Se em vez de élites tivesse escrito fina flor da merda o texto sería de mais facil compreençao

  2. Rei Leão

    Muito bem. Tudo explicado. Só por manifesta má vontade se pode ignorar que as modalidades só têm engrandecido o nome do Sporting além fronteiras. E além disso tem sido através das modalidades que temos vivido as maiores alegrias de há muito anos para cá. Só mesmo pela cabeça de ignorantes que não compreendem a alma sportinguista pode passar a ideia do clube viver sem elas.
    Parabéns pelo texto.

  3. Neca Pinto

    Excelente reflexão sobre o valor das modalidades e a sua importância para aquilo que é a força do Sporting.