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Sexta-feira, Abril 26, 2024

O estranho caso de Matheus Pereira ou como este clube não é para novos

Matheus Felipe Costa Pereira chegou ao nosso Sporting em 2009 para as camadas jovens. Tinha na altura 12 anos.

Desde logo se evidenciou como um jovem talento e um dos mais promissores jogadores da nossa cantera. Tanto que fez o seu primeiro jogo na equipa B ainda com 16 anos.

Na época 2015/2016, estreou-se na equipa principal, aproveitando o afastamento forçado de André Carrillo. Com apenas 19 anos, entre jogos para a Liga, Taça da Liga, Taça de Portugal e Liga Europa apareceu em 18 jogos marcando 4 golos.

Este percurso risonho não foi contudo suficiente para o jogador ter uma oportunidade a sério na equipa principal. Na época a seguir continuou a evoluir na equipa B, aparecendo esporadicamente na equipa principal.

E quando se pensava que finalmente ia explodir ao mais alto nível na época 2017/2018, Matheus é emprestado ao Grupo Desportivo de Chaves. Com a camisola Flaviense cumpriu 30 jogos marcando 8 golos.

Na época 2018/2019 esperava-se que tivesse finalmente a sua oportunidade. Sobretudo devido à fase atribulada que o clube atravessava em que vários jogadores titulares tinham acabado de rescindir. Um alegado desentendimento com o treinador da altura, José Peseiro, levou a que o jogador fosse uma vez mais cedido, desde vez para o Nuremberga da Alemanha.

Na Alemanha não foi tão feliz como em Chaves, cumpriu apenas 20 jogos e marcou três golos.

Ainda assim números muito interessantes, se considerarmos que teve alguns problemas disciplinares e físicos.

Para esta época não foi apresentado aos adeptos no troféu Cinco Violinos, o que indicia que volta a não contar para a estrutura directiva do clube. Aparentemente o treinador, Marcel Keizer, não tem voto na matéria, uma vez que questionado sobre o assunto remeteu esclarecimentos para a direcção.

Chegados aqui importa tentar perceber o ou os motivos que podem estar por trás desta opção. Pessoalmente posso especular algumas razões. Será o jogador fraco do ponto de vista emocional/psicológico? Estará em falta no que toca a espírito competitivo? Faltar-lhe-á compromisso com o clube/equipa? Será indisciplinado? Não cumpre com as directivas do clube?

Independentemente do que possa estar por trás desta total ausência de oportunidades ao jogador em causa, julgo que é do âmbito da estrutura do clube uma gestão responsável, profissional e competente da carreira do mesmo. Se o jogador é fraco mentalmente cabe à estrutura fortalecê-lo. Se lhe falta espírito competitivo cabe à estrutura moldá-lo à imagem dum verdadeiro leão. Se lhe falta compromisso cabe à estrutura compromete-lo.

Seja qual for a situação, é sempre da responsabilidade da estrutura encaminhar e potenciar o jogador. Não é desistir dele, não é empresta-lo ad eternum, não é “queimá-lo” nem reduzir as suas possibilidades a constantes falhanços, como se houvesse uma qualquer necessidade de justificar a não aposta como um “estão a ver, nós bem dizíamos”.

Infelizmente Matheus Pereira não é caso único. Olhando apenas para este defeso mais nomes de jovens jogadores têm sido sistematicamente descartados. Domingos Duarte, Franciso Geraldes ou Gelson Dala são apenas alguns exemplos.

Será Domingos Duarte assim tão inferior a Tiago Ilori por exemplo? Creio que não. Será Gelson Dala inferior a Diaby? Não me parece.

O caso de Francisco Geraldes é tão aberrante como o de Matheus Pereira. Após empréstimos bem sucedidos a Moreirense (20 jogos, 2 golos) e Rio Ave (38 jogos, 4 golos), continua a não merecer uma oportunidade por parte dos nossos responsáveis. Foi a cara escolhida para uma campanha de marketing e pouco ou nada mais. Neste defeso foi despachado para a Grécia.

Se os Irmãos Cohen filmassem uma longa metragem sobre o nosso clube certamente que lhe chamariam este clube não é para novos. Neste caso, e ao contrário do conhecido filme, parece que é só mesmo para velhos.

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Comments

  1. Neca Pinto

    Custa imenso aceitar que se desaproveite desta maneira tanto talento destes jovens que nada ficam a dever a muitos cepos que são contratados a peso de ouro. Mas que gestão desportiva miserável!
    Em vez de se desenvolver o potencial dos nossos jovens jogadores, dando-lhes oportunidades, motivação, valorizando-os, em prol da equipa e dos aspectos financeiros, cada vez mais se vê precisamente o contrário.
    O caso de Mateus Pereira é paradigmático.
    Quem perde é o jogador mas principalmente o Clube.