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Quinta-feira, Abril 25, 2024

A formação do Sporting: A importância do dinheiro no futebol ou a deslealdade e ingratidão dos seus profissionais

Temos de recuar muitos anos para encontrar o primeiro caso de deslealdade dum jogador da nossa formação.

Foi nos longínquos anos 80 que Paulo Futre trocou o nosso emblema pelo Futebol Clube do Porto seduzido pelos prometidos e ambicionados milhões.

Não é segredo para ninguém que o futebol é cada vez mais um negócio de muitos e muitos milhões, a ganância dos seus intervenientes, desde dirigentes a empresários, está a matar cada vez mais um desporto que disso já tem muito pouco. Ou quase nada.

Após esse primeiro episódio, muitos outros se viriam a seguir, protagonizados por atletas muito jovens, pouco informados e mal aconselhados na demanda por uma vida fácil de bolsos e contas bancárias recheadas.

As motivações destes profissionais, sendo fáceis de perceber, careceram também de um tipo de intervenção diferente por parte dos nossos dirigentes. Se é certo que sempre fomos muito fortes a formar futebolistas, acabámos por falhar sistematicamente na formação de homens.

A seguir a Paulo Futre seguiu-se Luís Figo, que assinando dois contratos diferente com dois clubes italianos – Juventus e Parma – abriu um imbróglio jurídico que terminou com a sua saída para o Futebol Clube Barcelona.

Aqui viria a protagonizar o episódio mais mediático do mercado de transferências do ano 2000 e ainda um dos mais mediáticos de sempre, ao trocar o colosso catalão pelo seu grande rival de Madrid. Ainda nos dias que correm os adeptos catalães não esquecem a traição do “pezetero”.

Mais recentemente tivemos o célebre episódio de João Moutinho, que forçou uma saída para o Futebol Clube do Porto no mandato de José Eduardo Bettencourt, sendo apelidado por este de “maçã podre”.

Ou ainda as conhecidas rescisões unilaterais de contrato de nove profissionais no verão do ano passado, destacando-se aqui as rescisões de cinco jogadores da formação, violando todos os códigos de ética, valores, respeito e gratidão.

O que Rui Patrício, Gelson Martins, Daniel Podence, William Carvalho e Rafael Leão fizeram foi desrespeitar por completo a casa que os formou, que lhes deu de comer, que fez deles homens e tudo aquilo de que se podem gabar na vida neste momento.

Chegados aqui muitos outros nomes de jogadores podemos ir buscar que forçaram a sua saída do clube ou em algum momento fizeram birra para ir para outras paragens: Bruma, Tiago Ilori, Adrien, João Mário.

Ou ainda jogadores que não tendo saído a mal rapidamente cuspiram no prato onde comeram, fazendo juras de fidelidade e amor eterno a rivais, casos de Simão Sabrosa ou Carlos Martins.

No pólo oposto temos alguns exemplos de jogadores que sempre respeitaram a instituição Sporting Clube de Portugal mesmo que tenham construído as suas carreiras bem longe daqui, casos de Cristiano Ronaldo, Nani ou Ricardo Quaresma.

Em jeito de conclusão podemos afirmar que efectivamente temos falhado muito na formação de carácteres e de valores. O que não deixa de ser uma tendência da própria sociedade, que prima cada vez mais pela individualidade, pela ganância, pelo egoísmo.

O jogador de futebol é um profissional que vive num mundo à parte, sem noção do que é a vida, o trabalho, o esforço para sustentar a família ou pagar as contas.

Valores de respeito, lealdade e gratidão parecem não fazer parte dum dicionário onde cada vez mais só e apenas a ditadura do capital dita as regras.

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Comments

  1. Paulo Vieira

    E que pensar quando vemos esses mesmos cabrões que rescindiram com o clube, lesando-o em muitos milhões, serem convidados para assistir a jogos de futebol na tribuna presidencial de Alvalade e em amena cavaqueira com o actual presidente?

    1. Gonçalo Borges

      è como se fosse uma recompensa de ter ajudado a tirar de suas funções directivas uma certa pessoa que “nós” sabemos.