Como chegámos aqui
Na minha opinião o Sporting encontra-se, actualmente, numa fase ambígua, a navegar à vista, o que o torna perdido e indefinido. Observo exteriormente este “ser híbrido” e não vejo carisma, cultura de clube e identidade.
A energia contagiante que observei na antiga direcção e que em certo momento me pareceu imparável, transformou-se na frieza e calma temperança que antecede a tempestade. Um autocontrolo e comedimento que mais parece uma raiva contida à espera que o vulcão encha para se soltar.
A actual direcção, sob o lema hipócrita de “unir o Sporting”, mais não fez do que o contrário. Solta a informação que lhe interessa a “conta-gotas” para a CS amiga, faz um revisionismo histórico e uma caça às bruxas incansável apagando, numa purga Estalinista, o antigo Presidente de fotos e vídeos de festejos, como se pudesse reescrever a história e as memórias dos sócios e adeptos do Sporting.
Esta “lavagem cerebral” e a criação de um bode expiatório só serve enquanto os resultados o permitirem, assim nos ensina a história, no desporto e em todas as áreas da vida. Quando isso deixar de acontecer, a memória curta dos adeptos e sócios, colada com o cuspo pouco resistente das vitórias, dará rapidamente lugar a memórias de um passado recente.
É aqui, nesta altura, que tudo pode ruir porque pouco sustentado e alicerçado em estruturas frágeis. É aqui, nesta altura, que se dará o trigger point e se soltará toda a raiva contida e acumulada. E não vai ser bonito de se ver.
O que nos trouxe até aqui foi uma série de acontecimentos estranhos e que em tudo nos fez parecer coincidência. Será mesmo?
Todo o final da época passada, desde o jogo em Madrid, passando pelos acontecimentos na Madeira (antes, durante e depois do jogo) e terminando na dupla “Cashball + Alcochete”. Será mesmo tudo coincidência?
As rescisões posteriores a caírem ao ritmo de uma por dia, será coincidência? As classes política, empresarial e desportiva a levantarem-se a uma só voz contra a mesma pessoa, ultrapassando todos os limites do razoável, da presunção de inocência, será coincidência?
As horas infindáveis, transversalmente a todos os canais de televisão, onde hordas de “gente de bem” e sem nada para fazer se revezavam, será coincidência?
A rábula da demissão da MAG e do CFD e darem o dito por não dito, será coincidência?
Os telefonemas e as mensagens políticas (e de políticos) a ameaçarem pessoas pertencentes ao CD que se aguentavam estoicamente, será coincidência?
A escolha a dedo da Comissão de “execução” será coincidência?
Quem ganhou (e quanto) com tudo isto?
Tenho para mim que tudo começou num artigo do ex-presidente ao DN, onde fala que chegou a acordo com a banca para a compra das VMOCs a 0.30 cêntimos e com um aumento de capital na SAD, o que faria o maior accionista privado perder valor.
Foi a partir daqui que estas “coincidências” aconteceram a um ritmo alucinante.
Mas a realidade é que passado um ano nos encontramos nesta encruzilhada e totalmente perdidos.
Poderia tudo ter sido feito de outra maneira? Podia, mas ao não deixarem ninguém pertencente ao anterior CD concorrer a eleições, abriram um precedente grave e uma ferida que vai demorar a sarar.
Terá sido esta a melhor maneira de “unir o Sporting”? Terá sido esta uma medida inteligente, quando podiam ter ganho as eleições com todos a concorrer de uma forma democrática?
Pois podiam, mas para isso tinham de fazer as coisas de outra forma. Da maneira que foi feita, não só não dissiparam as dúvidas e calaram a contestação, como ainda abriram mais a ferida.
A juntar a tudo isto, os processos de suspensão e expulsão ainda vão piorar e muito as coisas.
Jogaram com o tempo, os resultados e a memória curta de alguns sócios e adeptos, mas para outros a memória perdurará e a história não se reescreve. Vamos continuar divididos e em guerra por muito tempo. Nunca se esqueçam que os que expulsam hoje serão os expulsos de amanhã e isto não vai parar.
Não é assim que se une o Sporting. A raiva, o ódio e a vingança irão estar sempre à flor da pele em ambas as facções que perduram desde a fundação do clube.
E se em algum momento da história eu cheguei a pensar que se podiam unir e ultrapassar ou mesmo esbater as diferenças, chegados aqui, sei que nunca mais vai ser possível. Agora, só quando uma das partes conseguir expurgar a outra o clube vai ter paz.
Refundação? Talvez.
O Sporting das elites e o Sporting do povo jamais se aproximarão depois de todos estes acontecimentos, as duas partes encaram o clube e a sociedade de uma forma diametralmente oposta.
E se até há um ano essas diferenças se esbatiam nas vitórias e no ambiente vivido, depois de todos estes acontecimentos e todo o processo subsequente mal resolvido, isso nunca mais irá acontecer.
O Sporting é neste momento um clube frágil e dividido, por muito que alguns digam o contrário, em que se sente no ar uma raiva e ódio latentes prestes a explodir a qualquer momento.
Será essa explosão contraproducente? Ou pelo contrário será a partir daí e das cinzas que sobrarem que renascerá um Sporting em paz?
…óbvio que não foram coincidências… foi um plano meticulosamente urdido pelo gabinete de crise com o conluio da ‘elite’ sportinguista…(para se ter apenas uma pequena ideia do quão atroz e vil foi/é esse plano, basta lerem o email de godinho lopes para os seus amigos toupeiras)… em relação à próxima AG, o resultado já está decidido desde a feitura desse plano…
Grande texto caro Leão. Coloca realmente aí o dedo na ferida, as elites sempre gostaram de controlar o Sporting, e a bem da verdade quase sempre o conseguiram. E, na minha opinião, o facto de quase sempre terem o clube sob controlo leva-os ciclicamente a um estado de relaxo tal que por vezes perdem a noção de que quem não pertence a essas elites não é acéfalo. Vão com tanta sede ao pote que delapidam o clube em seu favor de tal forma que quando se apercebem já não resta nada, vidé o que aconteceu em 2013. É nessa altura que tem de entrar em cena quem realmente ama o clube e se noutras alturas a diferença na gestão não foi grande e eles conseguiram voltar com alguma facilidade,desta vez apareceu alguém com quem eles não contavam… Então as coisas tiveram de ser feitas da forma como o meu amigo explica no seu excelente e elucidativo texto. Nós os mais velhos já não acreditamos em tanta coincidência, não é amigo Leão Africano?
sabado lá estaremos para tentar reverter alguma coisa …o povo português e a sua submissão
Se há tanta gente descontente com o rumo do clube, só resta a alternativa de dar um valente cartão vermelho a esta direção para abrirem os olhos…
Votar contra a expulsão dos 2 sócios na AGM de Sábado.
“Penso eu de que!”
SL