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Sábado, Dezembro 06, 2025

Neste dia… em 1976: Baltazar culpa «panelinha» na selecção para a não convocação

A selecção que o responsável escolheu para defrontar o Chipre causou certa e justificada surpresa nos meios virados para o futebol. Na realidade parece mais um conjunto escolhido aos «dados» de que fruto de um trabalho de laboratório consciencioso como seria de esperar. Chega-se ao desplante de colocar Toni (que nos declarou há dias estar a atravessar a sua pior forma de sempre) num lugar que não é o seu deixando-se de fora elementos que bem pareciam estar mais aptos do que o «capitão» do Benfica. De entre esses surge-nos BALTAZAR, o possante futebolista do Sporting, que, apesar da sua boa forma física, nem sequer foi chamado.

E foi precisamente para saber o que o «leão» pensava que nos deslocámos a Alvalade onde, após um treino a entrevista se processou. Feita a pergunta, exactamente acerca da sua forma, BALTAZAR respondeu-nos:

– Acho que estou bem fisicamente e, até moralmente, pois a nossa carreira tem sido boa e isso tem muita influência, como sabe.

– Então a que atribui a sua não chamada à selecção, ademais agora que Toni, por exemplo, surge no lugar de defesa esquerdo?

– A minha não chamada à selecção é um conjunto de factores. Eu tive o Juca o ano passado como treinador. Uma vez também era para ir para Setúbal, onde estava o Pedroto e optei pelo Atlético.
Todas estas pequeninas coisas feriram certos senhores, especialmente os dois que citei, os quais, integrados numa «panelinha» que existe junto da selecção, tudo têm feito para me prejudicar.

– «Panelinha?» Explique-se melhor.

– Sim, uma «panelinha» composta por Juca, José Maria Pedroto, Prof. Rodrigues Dias que escolhe amigos e não os melhores jogadores ou, pelo menos, aqueles mais em forma.

ELES NÃO GOSTARAM DA MINHA ENTREVISTA DADA A «BOLA»

Além disso há um director da Federação de Futebol, cujo nome não quero indicar por ser meu amigo, que me veio dizer que eu não era convocado devido a uma entrevista que dei à «BOLA» em que dizia não saber porque não era chamado dado que tinha direito a ter lugar na selecção, o que todos dizem e que eu, pelo que tenho visto, concluo ser assim mesmo.

Pelo que diz chega-se à conclusão que a sua não chamada se filia em problemas meramente pessoais, não é assim?

– Exactamente! Eles não engraçam comigo apesar de nunca lhes ter feito mal algum, principalmente o Juca e o Pedroto.

– Considera com tais atitudes ser prejudicada a própria selecção?

– Acho que sim, e não apenas no que se refere a mim como a outros. Penso que a Federação deve tomar uma atitude e ver como isto anda. Repare que o Chalana não tinha sido chamado, um jogador que todos sabíamos já o que ele vale, e foi preciso o Artur ter dado uma entrevista, creio que à vossa Revista, para que o Pedroto resolvesse chamar esse autêntico craque. E aquele que havia dito ser muito jovem acabou por ser o «maestros da equipa.

Como vê os erros são constantes e todos eles da autoria do triste «trio» que citei já.

A FEDERAÇÃO DEVE TOMAR UMA ATITUDE E VER COMO ISTO ANDA

– Vê então que seria de tentar substituir a equipa técnica federativa?

– Com tantos senhores competentes como a Federação tem – e tem mesmo – só não compreendo como isso não se deu já. Melhor que o Juca para treinador arranjo-lhe já o Fernando Vaz, o Lino, o Carlos Silva que, pode estar certo, estão muitos furos acima do ex-técnico do Sporting. Como seleccionadores isso então o role poderia ser enorme. A quem está actualmente entregue a selecção é para a constituição da equipa para se ver logo tratar-se da «Selecção dos Amigos salvo nos lugares que todos sabemos «terem acertados. Isto, assim, entristece principalmente aqueles que, como eu, levam a sua profissão a sério e consideram o ser-se internacional como uma honra que todos desejam alcançar.

Deixámos Alvalade. Naquele Pavilhão onde o treino decorria estava alguém de mal com o critério selectivo da «Equipa de todos nós».

Limitámo-nos a escutar as suas palavras mas, verdade verdadinha, no decorrer da entrevista muitas respostas nos parecem acertadas. Que algo está mal ninguém duvida. Até quando?
Aí a música é outra!

Fonte: Revista «Golo»

Data: 08/12/1976
Local: Pavilhões do Estádio José Alvalade
Evento: Entrevista a Baltazar

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