RUGIDO VERDE

Cinco golos seguidos de Peyroteo

Por Manuel Mota

A visita do Sporting a Portimão despertou na risonha cidade do Barlavento algarvio o maior interesse. O campo encheu-se como nunca. O publico viveu o acontecimento e não só o do Algarve, mas também o de muitas terras do Alentejo.

Para os algarvios o resultado constituiu uma decepção profunda. Cremos que eles não esperavam eliminar a equipa do Sporting, indiscutivelmente mais forte do que a do Portimonense, mais forte do que todas, neste momento…

Mas era de supor que os algarvios esperassem fazer a vida dura aos «leões». Fizeram à sua maneira. Jogando com muita energia e entusiasmo, que nunca excedeu os limites do razoável. Se bem que, de fora, os incitamentos à violência fossem constantes… Mas os portimonenses, dentro do campo, com um ou outro laivo de aspereza, foram, em regra, comedidos. Acabaram, mesmo, por aceitar conformados a punição infligida pelos lisboetas…

A equipa algarvia fez exibição pouco consistente. Muita energia, algumas fases interessantes a meio campo da linha avançada, carência absoluta de remate e muita falta de juventude. Repare-se que, na linha da frente, estavam Gilberto e Jesus.

A favor do vento, na primeira parte, os portimonenses mantiveram leve domínio. Mas sem se tornarem perigosos. Em todos os quarenta e cinco minutos. Azevedo apenas fez uma defesa difícil, para canto. O Sporting, mais prático, de jogo positivo, eficaz, demolidor, marcou três golos, todos por Peyroteo!

Na segunda parte, virado o benefício do vento, coube ao Sporting dominar. Mas com mais insistência que fizera o Portimonense antes do intervalo… Outras três bolas, e mais duas de Peyroteo, coroaram a superioridade dos visitantes. A partir dos vinte minutos, acabou o desafio… O resultado ficou, nessa altura, em 5-1 e não só o Sporting se limitou, depois, a não perder um ritmo de ataque pouco pronunciado, como também os algarvios quase renunciaram à luta, Uma ou outra tentativa fugaz não chegou para dar animação à partida. . .

O Sporting ganhou bem. O próprio resultado o indica. Contudo, o triunfo foi facilitado pela deficiência de remate dos dianteiros algarvios e pela fraqueza da extrema defesa, em especial do guarda-redes e do terceiro defesa (o que marcava Peyroteo). O sistema defensivo dos algarvios ruiu ante a mobilidade e as desmarcações dos avançados leoninos. Aliás, o Sporting esteve longe de jogar o que pode. Jogou, porém, o suficiente, com calma e serenidade, para justificar a vitória. Foi, mesmo o que mais impressionou neste encontro, a calma e a confiança dos lisboetas…

Canário teve, em Portimão, uma tarde de pouca fortuna. Nem parecia o mesmo Canário dos últimos jogos… E a fraca exibição deste jogador reflectiu-se um tanto no trabalho de conjunto da equipa. De resto, a ala direita estava «handicapada», pois Jesus Correia tinha dificuldade em mover-se a contas com um principio de distensão.

Peyroteo foi «o homem da tarde». Grande proeza a do sportinguista! Cinco golos seguidos não é coisa que se faça todos os dias. Peyroteo jogou bem.

Dirigiu o desafio o sr. Cunha Pinto, de Setúbal. Arbitragem enérgica como convinha, não dando «ouvidos» aos gritos da assistência, que em tudo via perseguição ao Portimonense! Invalidou dois golos: ao Sporting, primeiro, ao Portimonense, depois. Ambos bem invalidados. E soube conduzir-se com autoridade, calma e confiança nos momentos mais difíceis. Momentos difíceis, diga-se, criados pelo publico. Os jogadores, mesmo os do Portimonense, mantiveram-se dentro das características de um desafio de Taça.

Fonte: Jornal Diário de Lisboa

O Sporting alinhou com: Azevedo; Álvaro Cardoso e Manecas; Canário, Veríssimo e Juvenal; Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano.

Golos: Peyroteo 7′ 22′ 44′ 51′ e 65′ e Vasques 83′ (Sporting)