Que raios se passa com a formação?
Estas últimas semanas têm sido pródigas em notícias que em nada abonam para o actual conselho directivo do Sporting Clube de Portugal.
Se por um lado a demonstração de “democracia” na Assembleia Geral me deixou boquiaberto, uma vez que assistimos a um pouco de tudo, desde ameaças a sócios por parte do Conselho Directivo até uma aberrante política de porta aberta que parece ter vindo para ficar, no outro lado temos assistido a uma debandada de atletas da nossa formação que parece ser muito pouco característica do nosso clube.
Ainda me recordo vivamente das críticas que foram e continuam a ser feitas ao anterior Conselho Directivo pela fraca aposta na formação, críticas essas que vão desde a mentira e malvadez puras até aquelas que têm um fundo de verdade.
Começando pelas primeiras, vi utilizado o argumento de não ter sido feito qualquer investimento na infraestrutura, o que é uma mentira pegada. Recordo que o relvado do Estádio Aurélio Pereira foi mudado na altura em que o problema com o relvado do estádio foi resolvido. Existem também outros pequenos pontos, mas acho que este demonstra a mentira mesquinha que tem sido repetidamente utilizada para atacar os antigos órgãos sociais.
Relativamente a críticas com fundo de verdade, concordo plenamente que largos anos passaram desde a última vez que a nossa formação estava bem acima da dos rivais. Mas tudo isto não deixa de ser irónico com a supracitada debandada.
Começo por Domingos Duarte, uma das saídas do conjunto de jogadores “made in Alcochete”.
Deixa-me profundamente desapontado constatar que um jogador que se podia afigurar como uma das figuras do centro da nossa defesa, ainda que não apresente mesma qualidade de Mathieu ou Coates, saia por “meia dúzia de tostões”, quando mantemos um jogador chamado Tiago Ilori. O primeiro, bem mais promissor, sai por um valor semelhante ao que gastámos no segundo, um atleta que já demonstrou muito potencial, mas que ou por falta de determinação ou por real qualidade, mostra ser um “peso morto”.
Estou para compreender as valências desta política, numa altura em que temos de reduzir a nossa massa salarial, enquanto aumentamos a qualidade geral da equipa de Futebol.
No entanto, mais aberrante ainda foi a saída de Félix Correia por uma autêntica ninharia, especialmente quando constatamos que rumou a um colosso financeiro chamado “Machester City”. Podemos argumentar que este atleta ainda pouco mostrou numa equipa sénior de futebol profissional, e isso seria um excelente raciocínio, mas custa-me ver que um clube da melhor liga do Mundo veja potencial num jogador e que nós não utilizemos isso para fazer um negócio único a nível financeiro. Sim, podem argumentar com a suposta “parceira” com o Manchester City, mas desenganem-se se pensam que isso nos trará benefícios financeiros. Quanto muito, teremos alguns benefícios desportivos em troca de sermos um entreposto de jogadores para um gigante financeiro.
Depois temos as saídas de atletas campeões pelos sub-20 de futsal.
Bruno Mota, Edmilson Semedo e Rui Moreira. Aqui ainda mais chateado fico, uma vez que esses atletas irão reforçar o nosso rival Benfica. “Porquê?”, pergunto-me eu, enquanto me sobe um pequeno sentimento de raiva ao cérebro e procuro argumentos para justificar o que se passa com o nosso Clube.
O pior? Este não é caso isolado! Temos atletas desde os sub-14 da nossa equipa de futebol a reforçar esse mesmo rival, numa manobra incompreensível e incaracterística do que o Sporting representa. No total, mais de 20(!) atletas já saíram do Clube, com muitos deles a rumar ao rival!
Gostava de acreditar que existe uma estratégia delineada para nos engrandecer enquanto clube e que alguns destes atletas simplesmente não têm qualidade para se afirmarem, tanto nos nossos escalões formativos como na nossa equipa principal, uma vez que isso seria um excelente indicador de que estaríamos servidos para os próximos anos com os melhores atletas nacionais.
Mas ao fim do dia, cada vez mais considero que a estratégia é de esvaziar as nossas academias de real talento. Porquê? Eu tenho uma leve ideia, mas isso fica para outro dia.
Por agora, vou acender umas velas e rezar três vezes para que esta debandada termine. Para o bem do Sporting.
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Isto é apenas mais do mesmo, já o Dias da Cunha tinha despachado o Cristiano Ronaldo por um valor semelhante ao deste Félix Correia, também com promessas duma parceria como o Manchester United que, como era de prever, nunca existiu.
Quanto ao regresso do cepo do Tiago Illori, um jogador que forçou a saída do clube e que nunca se conseguiu afirmar em nenhum dos clubes por onde passou, ainda por cima pelas verbas envolvidas, para mim, é um caso de polícia.
Chamem o Moita Flores… oh, não, também apoiou a golpada!
Eu acho que precisamos de chamar um exorcista, já estou por tudo!