Neste dia… em 2012, surge o Movimento “Dar Rumo ao Sporting”
Foi a 29 de Outubro de 2012, que foi publicado pelos sócios André Patrão e Miguel Paím, o Manifesto “Dar Rumo ao Sporting”, base do movimento desencadeado durante a crise de 2012/13, com o objectivo de convocar uma Assembleia Geral extraordinária, com o fim de destituir o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, liderado por Godinho Lopes.
Este movimento que inicialmente não foi levado muito a sério, veio demonstrar a força da Internet, que foi o meio utilizado para a sua divulgação e crescimento, principalmente através de uma página no Facebook e do Fórum SCP, onde os contestatários se organizaram, angariando voluntários para a distribuição de folhetos e recolha de assinaturas nas imediações do Estádio, antes e depois dos jogos, para além de terem disponibilizado um apartado para onde os sócios poderiam enviar as suas assinaturas.
Os maus resultados da equipa de Futebol foram o fermento necessário para que rapidamente se atingissem as assinaturas correspondentes aos 1000 votos exigidos pelos Estatutos, para que fosse convocada a desejada Assembleia Geral, uma meta que seria largamente ultrapassada, atingindo-se cerca de 850 assinaturas, que correspondiam a mais de 3200 votos.
Entretanto André Patrão e Miguel Paím foram recebidos em audiência pelo Presidente Godinho Lopes que os tentou demover da iniciativa, mas sem sucesso.
Seguiu-se a recolha dos fundos necessários para a realização da referida Assembleia Geral, com a abertura de uma conta onde os apoiantes da iniciativa deveriam depositar os seus donativos, que foram crescendo lentamente até se aproximarem dos 10000 €, um valor ainda muito aquém dos 25 mil pedidos pela Mesa da Assembleia Geral.
Foi aí que Bruno de Carvalho garantiu que a Assembleia Geral não deixaria de se realizar por falta de verba, porque ele e mais alguns sócios iriam assegurar os valores necessários para a sua realização, o que efectivamente aconteceu poucos dias depois.
O requerimento foi entregue à Mesa da Assembleia Geral no início de Janeiro de 2013, resultando na convocação à luz dos Estatutos de uma Assembleia Geral extraordinária para 9 de Fevereiro, para se votar a revogação do mandato da Direcção presidida por Godinho Lopes.
Os intentos do movimento foram no entanto alcançados ainda antes dessa data, já que poucos dias antes, a 4 de Fevereiro de 2013, os Órgãos Sociais do Sporting anunciaram a sua demissão (oficializada a 6 de Fevereiro de 2013) e a Assembleia Geral acabou por ser assim desconvocada. Foram então realizadas eleições a 23 de Março, onde Bruno de Carvalho foi eleito presidente do Sporting Clube de Portugal.
O Manifesto Dar Rumo ao Sporting
Há muito que o Leão não ruge em Alvalade. Nos largos anos que vão estendendo o período mais negro da história centenária Sportinguista, foram apenas esporádicos os momentos de glória e orgulho que invocaram o sonho de outros tempos. Há muito que o sporting que não consegue ser Sporting.
As eleições de 2011 tomaram como tema central esta trágica descida a pique e a clara recusa numa “continuidade” em prol da mudança de rumo, e foi com esta promessa que o Eng. Godinho Lopes iniciou o seu projecto. Anunciavam-se promessas de um fundo de 100 milhões de Euros; a redução do passivo para os 200 milhões; uma lista infindável de jogadores; projectos infalíveis; estratégias de salvação…Todavia, passado somente ano e meio, os sócios sentem ser legítimo requisitar uma Assembleia Geral para discutir e votar o drástico e excepcional cenário de se realizarem eleições antecipadas. Porquê?
Estado actual do Sporting (e Sporting SAD)
Com pouco tempo se revelou que não só a Direcção liderada pelo Eng. Godinho Lopes foi incapaz de romper com a decadente continuidade de anos prévios, como até a acentuou ainda mais:
Falhou desportivamente:
– No futebol
– a primeira época agravou a tendência de um Sporting sem títulos, longe do Campeonato e fora do pódio (afastado por isso da Liga dos Campeões);
– a segunda época apresenta, ao fim de apenas dois meses, uma série de circunstâncias negativas raras no Sporting;
– Taça de Portugal: eliminação no primeiro jogo realizado, o que não acontecia há 14 anos.
– Liga Europa: um ponto em 3 jogos, e independentemente de resultados futuros a pontuação será sempre a mais baixa de sempre.
– Campeonato: o Clube encontra-se mais próximo da descida de divisão (1 ponto) que do primeiro lugar (8 pontos);
– Nas restantes modalidades: um dos anos com menos títulos da história recente do Sporting.Falhou financeiramente:
– O presente é pior que o passado:
– não só não surgiu o prometido fundo de 100 milhões, como ainda se agravou mais a situação financeira do clube com um novo empréstimo de 40 milhões;
– o passivo do Clube cresce dramaticamente, ao invés de se reduzir para os 200 milhões jurados;
– o resultado negativo de 90 milhões de Euros em ano e meio é o pior resultado de qualquer Direcção na história do Sporting;– O futuro está comprometido:
– aumentaram os encargos graças aos novos empréstimos pedidos à banca;
– grandes fatias dos passes pertencentes a jogadores influentes e/ou com potencial no plantel que foram vendidos, alguns abaixo do valor de compra (o Sporting detém 20% de Salomão; 30% de Carrillo, André Santos e Cédric; 35% de Wilson Eduardo, André Martins, Rinaudo, Wolfswinkel e Insua; 37,5% de Schaars) – perde-se por isso dinheiro no imediato, vendendo por menos do que se comprou, e perde-se uma fonte de rendimento crucial no futuro, já que pouco lucro da venda de jogadores reverterá para o Sporting.Falhou na Direcção
– Promessas eleitorais estruturantes provaram-se fraudulentas:
– não existe um fundo de 100 milhões;
– o passivo está a crescer, não a diminuir;
– a renegociação com a banca resultou, afinal, num novo empréstimo e com juros mais elevados (9,25%);
– não há estabilidade na estrutura do Clube, que aos poucos se desintegra;
– e outras discrepâncias entre o dito e feito;– A estrutura directiva eleita já não existe:
– Dois Vice-Presidentes, Carlos Barbosa e Paulo Pereira Cristóvão, demitiram-se no espaço de um ano: o segundo associou o até então impoluto nome do Sporting Clube de Portugal a condutas criminosas;
– Os dois responsáveis máximos do futebol do Sporting, Luís Duque e Carlos Freitas, também já não fazem parte dos quadros do Clube;– A equipa de futebol do Sporting teve três treinadores em pouco mais de uma época (Domingos Paciência, Ricardo Sá Pinto e Franky Vercauteren):
– os dois primeiros continuam a receber ordenado sem cumprirem qualquer função dentro do Clube;
– numa incapacidade sem precedentes, o Sporting esteve 19 dias sem treinador, situação que provocou danos desportivos irremediáveis para a época presente.Responsabilidades pela situação actual
É impossível desassociar os resultados de um projecto com quem o gere. O último ponto referido acima é um exemplo modelo deste paradigma: não foi a escolha de treinadores, assumidos como rostos do “projecto”, da responsabilidade do Eng. Godinho Lopes? Como se compreende então que os mesmos – participantes do “projecto” – sejam despedidos por não cumprirem os objectivos do Clube, mas o Eng. Godinho Lopes – autor do “projecto” – continue a ocupar o seu cargo? É razoável que o Eng. Godinho Lopes chumbe o seu próprio “projecto”, mas deflicta as consequentes responsabilidades sobre terceiros?
Domingos Paciência, contratado até 2014, viu-lhe ser dado um voto de confiança numa noite, e foi despedido no dia seguinte; Sá Pinto, contratado até 2014, teve confiança reforçada com a renovação de contrato, e semanas depois foi despedido; porque escapa o Eng. Godinho Lopes, a quem nem os sócios deram confiança – pois foi somente o 2º candidato mais votado nas eleições – da sua própria regra?
Pedido de Eleições Antecipadas
O projecto falhou, cedo e repetidamente, e a maioria dos rostos representativos desse projecto já não está no clube. Neste momento o Sporting não é feito daquilo que foi “eleito” pelos Sócios, e o cumprir do mandato é feito no caos desenrascado em cima do joelho. Nem há motivos de esperança nem capacidade de confiança que tal mude com quem já tanto desiludiu, defraudou e destruiu.
Assim sendo, considerando que: 1. o projecto apresentado aos Sócios durante as eleições difere radicalmente nas questões essenciais do praticado ao longo do mandato, não por alguma condicionante externa mas por responsabilidade exclusiva da Direcção; 2. a estratégia seguida entretanto marcou um agravamento sem precedentes no plano desportivo e económico do Clube, colocando em causa a sobrevivência do mesmo a médio e curto prazo; 3. ao fim de um mandato e meio a Direcção, após sucessivas alterações de rumo, encontra-se sem uma estratégia definida para o Sporting, vivendo do improviso de forma a sustentar-se a si enquanto Direcção e não o Sporting como Clube; 4. as últimas eleições mostraram que existem vários projectos alternativos e válidos para o Sporting, em oposição à ausência de projectos que agora se testemunha;
os Sócios subscritores deste requerimento, conscientes do carácter grave e excepcional do seu pedido, sentem que se justifica a discussão e votação em Assembleia Geral do recurso extremo a eleições antecipadas (segundo os termos referidos na primeira página do Manifesto): seja para evitar que o Sporting perca tempo no cumprir meramente formal de um mandato precocemente esgotado; seja para dissipar dúvidas quanto à credibilidade da actual Direcção e a posição dos Sócios quanto à mesma. Em qualquer caso, que se abra espaço para a discussão reflectida – como a medida exige – e acção célere – como a situação urge – em prol do futuro do Clube.
Queremos dar rumo ao Sporting Clube de Portugal!
29 de Outubro de 2012
O Requerimento
Os Sócios André Patrão (41.303) e Miguel Paim (70.056), organizadores do Movimento “Dar Rumo ao Sporting”, e os demais subscritores deste requerimento invocam o Artigo 20º 1.c) dos actuais Estatutos do Sporting Clube de Portugal – qualificados pelas exigências do Artigo 20º 2) e Artigo 21º), e tirando partido do estipulado no Artigo 41º) – e requisitam a concretização de uma Assembleia Geral Comum Extraordinária – segundo o Artigo 50º 1.c) – na qual o ponto único da ordem de trabalhos será deliberar a revogação do mandato do Conselho Directivo – ou seja, o disposto no Artigo 39º 2) – concretizando-se assim a situação prevista no Artigo 50º 1.d).
A justificação do requerimento apresentado é exposta no Manifesto “DAR RUMO AO SPORTING!”, de 29 de Outubro de 2012, também subscrita pelos signatários deste requerimento (como indicado claramente nos formulários de assinatura).Os Sócios André Patrão (41.303) e Miguel Paim (70.056) são os representantes do Movimento. Caso se exija um só representante, para os efeitos necessários será considerado o Sócio André Patrão (41.303).
Artigo 20º 1.c) São direitos dos sócios: requerer a convocação de Assembleias Gerais extraordinárias, nos termos dos presentes estatutos;
Artigo 20º2) Os direitos consignados nas alíneas a), b), c) e d) do número anterior, com excepção da mera presença nas Assembleias Gerais, respeitam apenas aos sócios efectivos admitidos como sócios do Clube há pelo menos doze meses ininterruptos e que tenham, de acordo com a lei, atingido a maioridade.
Artigo 21º) Os sócios têm por deveres: a) honrar o Clube e defender o seu nome e prestígio; b) pagar as quotas ou outras contribuições que lhes sejam exigíveis nos termos estatutários; c) cumprir pontualmente as disposições dos estatutos e regulamentos do Clube e acatar as deliberações dos órgãos sociais e as decisões dos dirigentes; d) congregar-se exclusivamente nos termos e condições estabelecidos nos presentes estatutos; e) aceitar o exercício dos cargos para que sejam eleitos ou nomeados e exercê-los com exemplar conduta moral e cívica e em conformidade com a orientação definida pelos órgãos sociais do Clube; f) zelar pela coesão interna do Clube; g) manter impecável comportamento moral e disciplinar de forma a não prejudicar os legítimos interesses do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, nomeadamente defendendo e zelando pelo património do Clube; h) manter, até a Assembleia Geral respectiva, a confidencialidade das informações obtidas no âmbito do disposto na alínea d) do nº 1 do Artigo 20º, respeitando, em qualquer caso, o disposto nas alíneas a) e f) do presente Artigo; i) comunicar ao Conselho Directivo no prazo máximo de sessenta dias a mudança de residência.
Artigo 39º2) A revogação do mandato dos membros do Conselho Directivo e do Conselho Fiscal e Disciplinar depende de justa causa e é deliberada em Assembleia Geral comum.
Artigo 50º1.c) Extraordinariamente, a Assembleia Geral comum reúne-se em qualquer data: a requerimento de sócios efectivos, no pleno gozo dos seus direitos, com o mínimo de mil votos, desde que depositem na tesouraria do Clube a importância necessária para cobrir as despesas inerentes.
Artigo 50º1.d) Extraordinariamente, a Assembleia Geral comum reúne-se em qualquer data: votar a revogação do mandato dos titulares dos órgãos sociais, nos termos dos presentes estatutos.
Fonte wiki sporting
Data: 29/10/2019
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