RUGIDO VERDE

SPORTING Sem vertigens

Por Francisco Camilo

O Sporting teve, ontem, em Alvalade, o jogo que lhe convinha, após os desaires de Évora e Matosinhos. O encontro com o Salgueiros foi extremamente fácil, um mero acto de rotina, no qual a equipa «leonina» se limitou a marcar o ponto, ou os pontos para melhor dizer.

O Sporting entrou às 4 horas e saiu às 6, depois de fazer um desafio em que não colocou senão pequena parte do seu saber e do seu valor.

Mas ganhou por 6-0. Como não? Frente à equipa «leonina» estava um adversário desmoralizado pelo seu irremediável ultimo posto na tabela classificativa e claramente incapaz de colocar, no tabuleiro de Alvalade, qualquer problema ao «leader». Na verdade, ao desnível de forças, geralmente conhecido, há que acrescentar que os «encarnados» do Norte se bateram convencidos de antemão que apenas valia a pena procurar atenuar o volume da «goleada» prevista.

No primeiro tempo, com o vento a favor, ainda os visitantes desceram, embora em contadas ocasiões, ao meio-campo dos lisboetas, mas, na segunda parte, foi ininterrupto o domínio «leonino». Está em voga o «slogan» que diz não haver jogos fáceis. O de ontem, em Alvalade, foi, porém de uma tranquilidade para o Sporting, que nos atrevemos a classificar de excessiva.

Deste modo, as apreciações globais, as considerações sobre o encontro, carecem de temas, já que o acontecido sobre o relvado tem o cariz das coisas simples e inevitáveis.

O Sporting aproveitou a ocasião para fazer regressar Lúcio e Júlio à primeira categoria. O primeiro, demonstrou estar em boa «forma», já descontada a ausência de lances de perigo na área que lhe pertence. O luso-brasileiro não se limitou a cortar jogo, antes avançou frequentemente no campo, para visar as redes contrárias com pontapés fortíssimos.

Júlio recupera a olhos vistos, mas ainda não «apanhou» a toada que o fazia senhor do meio-campo e o tornou indiscutível na selecção. Os restantes sportinguistas tiveram tarefa desigual. Os extremos, Hugo e Morais, clamaram a si as melhores actuações. Aquele sobressaiu em vários «raids» empreendidos pelo seu corredor, culminados com excelentes centros atrasados, como indicam as regras do bom futebol. O segundo deu ao seu jogo um sentido prático de muita utilidade para a turma. Obteve três tentos seguidos, em que a sua sagacidade foi evidente.

Lino, Hilário e F. Mendes actuaram à vontade. Figueiredo procurou insistentemente um golo que se lhe negou. É de admirar a intuição com que este avançado «leonino» cria momentos de remate e, também, a prodigalidade com que os desperdiça. Diego teve altos e baixos e Geo fez feriado.

Entre os salgueiristas, os melhores encómios têm de ir para os dois guarda-redes utilizados, um em cada parte: Adelino e Vieira. Este, que entrou no segundo período, creditou-se, mesmo, de intervenções assinaláveis. Chau, Mário Campos e Silva Pereira deram um contributo, relativamente meritório, a uma equipa destroçada. Para agravar as coisas, Sampaio magoou-se muito cedo e, embora continuasse em campo, não pôde voltar a ser útil ao seu grupo.

Para terminar, acentuemos que o prélio foi, quase sempre, monótono, quase enfadonho a meio da segunda parte.

Encarnação Salgado esteve longe de fazer um trabalho perfeito, mas esteve mais longe ainda de justificar tantos protestos de jogadores e público.

Fonte: Diário de Lisboa

Ficha do Jogo:

Estádio: José Alvalade Público:
Arbitro: Encarnação Salgado (Setúbal)

Sporting: Carvalho; Mário Lino, Lúcio e Hilário; David Júlio e Fernando Mendes (cap.); Hugo, Figueiredo, Diego Arizaga, Geo e João Morais.

Treinador: Juca

Salgueiros: Adelino; Sampaio, Benje, Mário Campos, Morais, Chau, Lalo, Taí, Dário, Silva Pereira e Borges.

Treinador: António de Sousa

Golos: Hugo 15′, Diego 35′, João Morais 38′, 47′, 70′ e Lúcio 89′ (Sporting)