RUGIDO VERDE

Um Sportinguista sofre muito. Sofre a falar da sua equipa porque a esquizofrenia anda no ar, sofre para ver o seu clube jogar num estádio frio a horas impróprias, sofre para vencer um jogo contra um equipa fraca porque não encarou a partida como deveria ter feito. Sofre, sofre e sofre.

Não admira que no início do jogo e mal entrei no estádio dos Arcos a primeira coisa que ouvi foi “Slimani marca no último minuto do jogo o golo da vitória”. Sofre. Aquele Sportinguista não pediu três golos de Montero, ou um bis de Carrillo. Não. Pediu um golo no último minuto depois de 89 minutos a sofrer.

Estava dado o mote!

Vinte jornadas depois há Sportinguistas que ainda não compreenderam o que temos feito ao longo deste campeonato. Dos 3 grandes somos a equipa com menos recursos financeiras e consequentemente menos soluções, acabados de sair da pior época de sempre da história do clube, que precisamos de correr mais que o normal para fazer um jogo decente. Dois terços de campeonato depois e ainda barafustam por tudo e por nada, quando, naqueles 90 minutos o que se pretende é um grito de incentivo para superar o que nos falta em soluções.

Foram 45 minutos desperdiçados? Foram. Entramos com 9 em campo e isso estava à vista? Verdade. Foi uma segunda parte de sacrifício que valeu os merecidos três pontos? Foi. Tudo isto é responsabilidade da mesma equipa que no início da época levou os que ontem reclamavam, a dizer que ainda podíamos ser campeões.

Por isso compreendo muito bem aquele ajoelhar do Maurício quando o Sporting marcou o segundo golo. É preciso acreditar até ao último minuto e sofrer cada segundo de jogo. Não chega apenas aos 14 jogadores acreditar, quem está de fora também precisa de perceber que, podemos não estar a jogar o que pretendíamos, mas esta equipa dá-nos a garantia que luta até o último homem cair no chão de cansaço.

Por isso se percebe que o Mané quando ia tirar a camisola (e levou amarelo na mesma, deve ser inédito em Portugal), baixou e rapidamente o primeiro jogador a chegar a ele foi Wilson Eduardo que tinha sido substituído. Cada entrada e saída é apenas mais um movimento do treinador no objetivo que há em cada jogo, vencer!

Por isso é que Boeck se agarrou a Slimani quando este empatou. E o Argelino não esteve preocupado com grandes festejos. O primeiro já lá morava o empate mas ainda não chegava. E acreditar depende de todos!

Por isso é que no final do jogo Leonardo Jardim voltou a fazer o seu famoso “uppercut”. São 90 minutos a sofrer, mas que valem a pena.

Por isso é que nós, Sportinguistas, apesar de estarmos habituados a sofrer, podemos criticar, devemos criticar, faz parte do nosso trabalho de bancada, mas é uma obrigação nossa acreditar que esta equipa está a fazer um excelente campeonato acima do que seria esperado.

A uns 60 quilómetros de nós, umas duas horas antes do apito final do nosso jogo, lenços brancos e assobios faziam-se sentir no estádio da equipa que supostamente já nos tinha retirado o lugar de grande e tinha um treinador que para alguns era a melhor opção para a época 2013/2014.

O Sporting não fez um grande jogo, tudo isso é verdade, justificou a vitória porque há um conjunto de 18 jogadores, preparadores, técnicos, médicos e direcção, que todos os jogos entram em campo, sentam-se no banco e acreditam que é possível vencer. Eles acreditam e têm cumprido, dentro do possível, a nós cabe-nos ajudar para que essa comunhão resulte cada vez mais num apoio de sucesso que nos trará os tão almejados resultados desportivos que pretendemos alcançar.

Às 22:15 em Vila do Conde milhares de Sportinguistas cantavam “Nós Acreditamos em Vocês” e esse mote tem de continuar porque apesar de tudo, das más opções técnicas, dos erros dos jogadores, dos problemas que têm acontecido, esta equipa merece tudo pelo que tem feito dentro de campo.

Por isso, obrigado!

Fonte: https://bancadadeleao.blogspot.com

Ficha do jogo:

Estádio do Rio Ave Futebol Clube (conhecido como dos “Arcos”)

Árbitro – Jorge Ferreira (Braga)

Rio Ave – Ederson; Nuno Lopes, Rodriguez, Marcelo e Edimar; Tarantini e Filipe Augusto; Pedro Santos (Renato Santos 82′), Diego Lopes (Roderick 87′) e Braga; Hassan (Joeano 76′);

Suplentes: Ventura, Luis Gustavo, André Vilas Boas, Tiago Pinto, Roderick, Joeano e Renato Santos;

Treinador: Nuno Espírito Santo

Sporting – Rui Patrício; Cedric, Maurício, Eric Dier e Jefferson; André Martins (Mané 46′), William, Adrien; Wilson Eduardo (Slimani 55′), Fredy Montero e Heldon (Carrillo 78′);

Suplentes: Marcelo Boeck, Vítor, Slimani, Capel, Carrillo, Ruben Semedo e Carlos Mané;

Treinador: Leonardo Jardim

Golos: Marcelo pb (48′) (Rio Ave) ; Slimani (70′) e Mané (85′) (Sporting)