RUGIDO VERDE

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Sexta-feira, Março 29, 2024

Alucinações de Final de Época

O Sporting Clube de Portugal sagrou-se campeão nacional pela 23ª vez, sendo que venceu a 19ª Liga da sua história – este é um facto e, portanto, não faz confusão nas cabeças que:

a) percebam matemática;

b) percebam história;

c) têm um raciocínio lógico e não precisem de reescrever o passado ou omitir episódios inconvenientes para a sua narrativa.

Infelizmente, o super combatente do Covidário de Kandahar não teve tomates para contar tudo o que sabia da época 2015/2016 e, como tal, o Sporting ficou com pelo menos mais um título nacional a arder.

Antes de me debruçar um pouco sobre algumas das alucinações dos últimos tempos, gostaria de parabenizar o Sporting Clube de Portugal no seu todo por várias conquistas que enchem qualquer adepto de orgulho.

À cabeça vou colocar o futebol sénior masculino pelo simples facto de assinalar uma conquista que fugia desde 2002 e que acabou por ser inteiramente merecida face ao desempenho da equipa e do staff liderado por Ruben “iletrado” Amorim.

Este treinador, confesso, surpreendeu-me muito pela positiva na competência técnica e liderança. No carisma e clareza de conduta/raciocínio só surpreendeu quem nunca o ouviu ou leu enquanto jogador ou “reformado”. Homem coerente, bem-humorado, pragmático, realista, prático e inteligente, revelou-se também uma aposta acertada ao nível do tacticismo e estratégia com que foi lidando com a preparação e o avançar e desenrolar da época.

Há que parabenizar também o director clínico de ano comum por tão brilhante (e cara) escolha, só havendo a apontar o facto de ter sido para aí a 5ª opção em tão curto mandato. E depois de se perceber quem foram as opções anteriores… o panorama só fica mais animador se considerarmos que pelo menos está a existir evolução.

Mais importante ainda ao nível do gabarito exibido nos museus do clube… As vitórias europeias do futsal e hóquei em patins! Que triunfos magníficos! Os respectivos plantéis, staff técnico e secções expandiram o legado que já tinham eternizado no currículo europeu do Sporting, repetindo as façanhas para nosso gáudio e mostrando cabalmente que o desinvestimento nas mesmas não tem razão de ser quando há condições mais que existentes para manter ou melhorar o nível!

Não se pode realmente almejar a enriquecer o palmarés nacional e internacional do Sporting enquanto se abdica de atletas e elementos superiores nas suas respectivas modalidades para concentrar recursos apenas num ou noutro desporto, muitas vezes sem razões que justifiquem tais investimentos.

Mas desengane-se quem achou que tais epopeias serviriam para fomentar a união no seio do clube mais desavindo do tugão. Dando seguimento ao total desinteresse pelos sócios e adeptos, assistiu-se a cenas miseráveis como as cargas policiais injustificadas sobre apoiantes do Sporting de norte a sul do país sem qualquer reparo ou crítica por parte dos comandantes do clube, à total ausência de organização dos festejos referentes à conquista do campeonato – depois dos capatazes da câmara, forças de segurança e clube terem garantido que estava tudo a ser planeado – e ainda a momentos patéticos num discurso sem eloquência ou inteligência nos Paços do Concelho.

Em relação ao discurso então… Eu imagino as vestes que se rasgariam caso as alfinetadas aos rivais, num momento em que nem eram tidos nem achados, tivessem sido proferidas por algum Presidente legítimo. Lá teríamos o grunhir incessante de tudólogos do eixo do bem, lá teríamos ou tu ou eu nas páginas dos pasquins cujo papel nem serve para limpar os entrefolhos, lá teríamos mais uns bons momentos da união certa (pelo menos dentro da tertúlia).

Aguardo agora as justificações para a venda de dívida da SAD (VMOCs) que estava na posse das instituições financeiras e cuja recompra a direcção anterior já se encontrava a acautelar ANOS antes do momento, tal como preconizado na reestruturação financeira que encetaram.

Gostava mesmo de saber as opiniões dos génios da finança que se pavoneiam ali no edifício da Fernando da Fonseca, que rasgaram o acordo com a banca de cima a abaixo e, acima de tudo, deixaram o Sporting Clube de Portugal sem plano de emergência para o vencimento das VMOCs e automática conversão para capital da SAD – com a consequência-mor que bem se conhece.

E na procura de um pote de ouro que possa salvar A potência desportiva nacional, apraz-me também parabenizar individualmente o Pote Gonçalves – mais cinco golos nas últimas duas jornadas que permitiram a conquista da Bota de Prata e que devem ter lançado um certo cepo suíço para uma espiral depressiva.

Aquele barrete que até chegar a Portugal tinha apenas uns 30 golos em 150 jogos de primeira liga, ainda ousou marcar um penálti e grunhir umas palavritas de ocasião ao médio ofensivo que estava prestes a igualar o melhor registo de golos desse avançado de trazer por casa. Saiu-lhe o tiro pela culatra, o jovem Gonçalves não se fez rogado e no último jogo do campeonato espetou um hat-trick que deve ter deixado o helvético a chorar baba e ranho.

Notas finais para a convocatória do seleccionador nacional George M€nd€z: dizer que William Carvalho faz o que mais nenhum médio português faz e é portanto da mais elementar justiça que esteja convocado- mais nenhum é capaz de fazer apenas sombra aos adversários em campo como ele, isto depois de uma segunda metade da época à sombra do banco e da bancada… como ele também. Gostei também da inclusão do Guedes pois acho que nunca é tarde para aprender e a esperança é sempre a última a morrer. Além de que esperança é coisa que nunca há-de faltar a quem também levava o Éder. Agora fico no sofá a observar se essas esperanças não serão falsos positivos como os outros do Covid…

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