RUGIDO VERDE

Segundo Alexandre Godinho, no podcast Sporting160EN  – em breve será publicado o resumo integral da excelente conversa em inglês como referido na notícia anterior – a introdução do VAR “foi um enorme contributo para o futebol moderno.” 

Sofre, no entanto, de críticas naturais mas que são mal dirigidas. “O VAR não resolve todos os problemas; aliás o VAR é operacionalizado por pessoas. Se essas pessoas erram, esse erro reflecte-se no VAR e no desenrolar do jogo. (…) Não é uma ferramenta e um sistema concluído. É dinâmico, está em evolução. As energias têm de ser focadas, por parte das entidades, em melhorar o seu uso, dar mais formação com essa finalidade.” 

“É nisto que as pessoas se devem focar, e não no que eu chamo de política do futebol (soccer politics),” afirmou. “Reduzimos a margem de erro com o VAR, mas ainda existe um longo caminho a percorrer.“

Bruno de Carvalho relembrou o combate que teve de travar para a implementação do VAR: “eles não queriam esta tecnologia no futebol. Eu disse, vai acontecer quer queiram quer não. Quem lidera a FIFA e a UEFA disse-me na cara que não queria. Inclusive quem presentemente preside a FIFA (Gianni Infantino), disse “nunca”.”

Segundo o anterior Presidente do Sporting, a cedência deveu-se a uma razão simples. “Apenas implementaram a tecnologia para sobreviver. Platini e Blatter estavam envolvidos em escândalos, e quem os viria a suceder precisava de mostrar a diferença. De repente, surgiram como fãs da implementação de tecnologia.” 

Descreveu a atitude do invulgarmente ágil líder da FPF perante a possibilidade do VAR. “Numa reunião que tive com Platini, Fernando Gomes passou todo o tempo a rir-se sobre o VAR, e a dizer a palavra nunca. Numa fase posterior, ouvi-o dizer publicamente que Portugal seria pioneiro, clamando louros. A razão? Sobrevivência. Não queriam evoluir, mas sim sobreviver.“

 “(…) As pessoas na FPF eram contra, mas estiveram envolvidas na implementação. Esse era um dos problemas de Bruno de Carvalho para eles, pois eu dizia as coisas como elas eram. Existe esta mentalidade de que o que sucede em Las Vegas, fica em Las Vegas – o que sucede no futebol, fica no futebol,” rematou. 

Foi ainda falada na temática a questão do áudio no VAR, o International Board (IFAB) e o porquê não ser ainda possível ao público em geral ter acesso, tal como no Rugby, acrescentando transparência e pedagogia. Será posteriormente explorado no resumo alargado do podcast que contou com Danny, Christian e Sam, incidindo sobre a temática de poder e a sua manutenção, não só no desporto. Segundo Bruno de Carvalho, “no futebol nada é fácil, porque é tudo sobre poder, e poder significa dinheiro (…) Já não é como noutros tempos, é uma indústria, e o que importa é o dinheiro.”

Alertou igualmente para a utilização do fenómeno como cortina de fumo. “O circo dos tempos modernos é o futebol. Cada vez que se fazem mal as coisas ou existem problemas, coloca-se futebol à sua frente (…) Quando não importa, aí é que se fala dos problemas no futebol.” 

Sobre o jogo de segunda-feira, quer Alexandre Godinho quer Bruno de Carvalho antecipam vitória, mas por resultados diferentes.”Estou a contar com a vitória do Sporting, talvez por 2-1. Vamos esperar só ter de jogar contra uma equipa no campo, e não duas, ” disse Alexandre. Bruno de Carvalho é mais optimista: “acredito que iremos vencer por 3-0. Uma coisa que as pessoas precisam de saber: se vencermos 3-0, 2-0 ou meio a zero, farei um tweet muito bonito com referência ao meu amado Jesus. Eu sempre fui Cristão, mas agora sou fanático. Jesus entrou na minha vida e mudou tudo.”