RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 19, 2024

Mensagem de Ano Novo de Green Floyd

Nesta altura do ano, quer o Primeiro Ministro, quer o Presidente da República têm por hábito debitar na televisão uma mensagem de Ano Novo aos Portugueses. Não que alguém ligue alguma coisa àquilo (ninguém quer saber) mas é uma já longa tradição da nossa vida política, este circo anual.

E circo porquê? Porque para além dos respectivos intervenientes na realidade nada dizerem, os partidos aproveitam logo todos para “reagir”, e essas reações não são mais do que o habitual circo mediático que os políticos tanto apreciam. Lá está, os portugueses não querem saber, mas os nossos políticos divertem-se assim.

Os partidos da cor política do Presidente e do Primeiro Ministro aplaudem efusivamente, e os partidos da oposição à cor política do Presidente e do Primeiro Ministro rasgam por completo os mesmos. O divertido disto é que se Presidente e Primeiro Ministro forem de cores políticas diferentes, o mesmo partido elogia um e rasga o outro em conformidade com a cor.

Ora eu não me acho menos que esses senhores e portanto resolvi debitar uma mensagem de ano novo aos Sportinguistas! Lá está, tal como os Portugueses não ligam nenhuma ao Presidente da República e ao Primeiro Ministro, provavelmente também os Sportinguistas não me vão ligar nenhuma a mim. Mas fica a intenção.

Parece que António Costa disse aos Portugueses que 2021 é um ano decisivo para o nosso futuro. Não vi a mensagem, li qualquer coisa sobre isto e terá sido algo do género.

Pois para o Sporting Clube de Portugal, 2021 também será um ano decisivo, um ano decisivo para o seu futuro. O Sporting vive neste momento um dos períodos mais conturbados da sua história, tomado de assalto pela escumalha notável vulgarmente conhecida como croquette e com a SAD cada vez mais à beira do abismo.

Não tenham ilusões caros Sportinguistas, a possibilidade de perda do clube por parte dos sócios através da perda da maioria do capital social da Sociedade Anónima Desportiva é cada mais uma realidade a formar-se ao fundo do túnel. As contas estão péssimas, a insolvência é um fantasma cada vez mais real. E aí a solução passará pela alienação das ações. Aquele que é, desde sempre, o endgame da linhagem croquete.

Para aqueles que não têm memória curta, certamente se recordarão do estado do clube em 2013. Nessa altura só não houve insolvência porque se conseguiu finalmente correr com escumalha bolorenta de lá.

E conseguiu-se correr de lá com eles como? Porque o sétimo lugar do futebol no campeonato acordou muita gente. Se em vez de sétimo o futebol tivesse acabado no terceiro lugar da praxe, se calhar a SAD tinha falido mesmo. Relembro aqui que tivemos de vender o nosso melhor marcador da altura por cinco milhões para pagar despesas correntes.

Quero com isto dizer o quê? Que espero sinceramente que o actual bom momento da equipa de futebol não hipnotize os Sportinguistas, não os ponha a dormir como bebés, espero que os Sportinguistas se mantenham acordados e não deixem o Sporting Clube de Portugal acabar como o Valência que está neste momento em 17º lugar da liga Espanhola com apenas mais quatro pontos que o último classificado.

Não fosse a pandemia de Covid-19, provavelmente eles já não estariam lá, o ruído e a contestação seriam demasiado ensurdecedores, não daria para disfarçar, a boa imprensa só por si não os conseguiria sustentar. Por acaso se há coisa que tenho curiosidade é saber quanto sai dos cofres do clube para sustentar esta boa imprensa.

É simplesmente inenarrável a satisfação destes órgãos sociais com o afastamento forçado dos adeptos. O desporto é pelos e para os adeptos, é a sua verdadeira essência e razão de existir. Por estes dias até me custa ver jogos de futebol ou das modalidades, falta o bruá do público, a emoção dos cânticos e dos insultos por parte dos adeptos.

Eu sei que aquela gente não gosta nada da escumalha adepta, malcriada e porcalhona, mas para mim o futebol, o futsal ou o hóquei são isto mesmo, o associativismo da massa popular, a javardice das roulottes de bifanas e sandes de torresmos, os pregos e pica paus nas tascas, os insultos aos árbitros, os impropérios aos adversários.

Espero que o povo Sportinguista tenha finalmente aberto os olhos e não lhes perdoe mais, é preciso correr com a escumalha notável de vez do clube, antes que esta acabe com o mesmo. Não consigo sequer compreender como os foram lá meter outra vez depois do estado em que deixaram o clube em 2013.

Mas o que está feito está feito, e agora é preciso é olhar para a frente. E 2021 tem de ser um ano de luta incansável. Temos de conseguir manter o barco à tona mais um ano, até às eleições de 2022. É urgente que os sócios ainda detenham o poder de decisão do futuro do clube nessa altura.

O grande e maior obstáculo a este desígnio é consensualmente Rogério KPM (“kero”, posso e mando) Alves. Rogério KPM Alves é neste momento o dono do Sporting, o manda chuva, o líder absoluto, um autêntico ditador verde e branco dos tempos modernos.

No fundo Rogério KPM Alves sempre foi isto. A diferença para os dias de hoje é que sempre actuou nas sombras, agora é obrigado a dar a cara, é obrigado a chegar-se à frente e a assumir perante os sócios a sua postura ditatorial, é obrigado a dizer-lhes na cara “eu é que mando, isto é tudo meu”.

As desculpas esfarrapadas que arranja para negar as Assembleias Gerais pedidas pelos sócios são ridículas. Ridículas e ilegais porque é função dele marcar uma Assembleia Geral desde que legalmente pedida pelos associados do clube. Até pode ser uma Assembleia Geral para discutir a cor dos azulejos das casas de banho.

Mas Rogério KPM Alves viola os estatutos a seu belo prazer. E os notáveis, as elites, a escumalha bolorenta croquette que recentemente tanto se insurgia contra as violações de estatutos assiste impávida e serena.

“Ah e tal estamos em primeiro”, “estamos em primeiro não se pode criticar”, “é preciso é estabilidade”. Como se a vida desta instituição se resumisse a isso, à posição da equipa de futebol na tabela do campeonato. Campeonato esse que obviamente nunca nos deixarão ganhar.

Estou neste momento a imaginar um dia de trabalho nos escritórios do Estádio da Luz. Estão furiosamente a mandar mails, a preparar vouchers para distribuição e malas para enviar.

E aqui deste lado está tudo muito deslumbrado enquanto o barco afunda. Mas há esperança. O Relatório e Contas foi chumbado, o orçamento também. Claro que Rogério KPM Alves não vai permitir mais veleidades, não tenho qualquer expectativa que nos conceda uma Assembleia Geral tão depressa.

Mas tenho fé que nos próximas eleições, até às quais tenho esperança que o clube sobreviva, os sócios finalmente façam o que já deviam ter feito há muito: correr com os Rogérios, os Varandas e toda essa gente do poleiro.

E aqui podemos contar com o fim da pandemia como nosso aliado. O regresso do público, dos adeptos, dos sócios, para fazerem barulho e os meterem em sentido.

Por tudo isto 2021 será efectivamente para o universo Sportinguista um ano decisivo, um ano fulcral e fundamental para o resto da vida da instituição. Queremos manter o associativismo ou “privatizar” para as mãos duns quaisquer fundos mafiosos? Queremos um clube de cariz popular ou um clube de campo controlado por betinhos que o querem fechar para os seus negócios e festas privadas?

Têm a palavra os Sportinguistas.

Artigos relacionados

Comments

  1. Ricardo Pereira

    É isto.

    Que a atual posição na tabela não anestesie os Sportinguistas quanto à necessidade imperiosa de salvar o Clube.

    Que 2021 seja o ano em que a Casta devolve o Clube aos Sócios.

    L SL