RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Abril 18, 2024

Ode ao meu Sportinguismo

Não me recordo ao certo da primeira vez que entrei em Alvalade. Penso que tenha sido num derby, na época 1998/1999. Um jogo de má memória para nós, já que perdemos por 1-2 com dois autogolos daquele que é actualmente o nosso team manager Roberto Severo.

Apesar da derrota foi um jogo especial para mim, já que nunca tinha tido a oportunidade de entrar no nosso estádio e ver os nossos atletas ao vivo e a cores. Regressei uns anos depois para novo derby, desta vez a coisa correu melhor e ganhámos por 3-0. Corria a época 2000/2001. Tínhamos sido campeões na época anterior e viríamos a ser campeões na época a seguir.

O meu momento mais especial enquanto sportinguista foi, sem dúvida, o título de 1999/2000 com o grande Augusto Inácio ao leme. Não éramos campeões há 18 anos, no último título antes desse era demasiado jovem para me lembrar. Vínhamos duma dolorosa travessia do deserto. De tal maneira que a minha descrença era total. Lembro-me de não ver um único jogo nosso nessa época. Limitava-me a conferir o resultado no final. E, como a coisa ia correndo bem assim, decidi continuar.

Até ao penúltimo jogo da época. Em casa contra o Benfica. Tentei arranjar bilhete, mas sem sucesso. Acabei por ver na cervejaria do (ainda velhinho) estádio, juntamente com uma multidão enorme que ali estava em profundo sofrimento.

Aquele golo do Sabry já mesmo no final parecia destinar-nos a um eterno desgosto. Uma semana mais tarde insisti. Fui para os antigos campos de treino, onde é actualmente o estádio, e onde foram colocados ecrãs gigantes para os adeptos poderem ver o jogo.

Nem era preciso ter ganho, já que o Porto perdeu em Barcelos. Mas aquela segunda parte trouxe finalmente a explosão de alegria por que tanto esperávamos. Naquela tarde, em frente aqueles ecrãs gigantes vi expressões de felicidade na cara das pessoas, como nunca tinha visto até então em toda a minha vida.

Terminado o jogo, fui para o estádio a fim de receber a equipa. A equipa não apareceu. Mas um bocado do relvado regressou comigo para casa.

Nunca fui muito de ir ao estádio. Ao novo terei ido duas ou três vezes. Lembro-me de ir num jogo da Taça de Portugal em que vencemos o Mafra por 4-3. E um jogo no reinado de Godinho Lopes, em que vencemos o Gil Vicente por 6-1.

Para além do título 1999/2000, guardo outros momentos carinhosamente nas minhas memórias. Ainda nessa época, o jogo contra o Porto em Alvalade, em que passámos para a frente. Com aquele golão de livre do André Cruz, o melhor defesa central que por aqui passou. Tal como já partilhei anteriormente não vi em directo. Só mais tarde.

A vitória na final da Taça em 1995 foi o primeiro troféu que vi o Sporting ganhar. Nessa equipa jogavam, entre outros, Marco Aurélio, Oceano e Carlos Xavier, Figo e Balakov. E o grande Iordanov, marcador dos dois golos desse jogo.

O título 2001/2002 foi também especial claro. Orgulho ter visto envergar as nossas cores aquela dupla atacante, João Vieira Pinto e Mário Jardel.

E como podemos esquecer algum dia, aquela célebre meia-final da Taça Uefa em Alkmaar. A derrota mais saborosa de sempre com aquele golo de Miguel Garcia aos 120 a qualificar-nos para a final a ser disputada no nosso estádio.

E como estamos em época natalícia, não posso deixar de recordar aquela série épica de épocas em que éramos sempre líderes até ao natal. Chegávamos aí e parecia que um qualquer bruxedo jesuíta entrava em acção para nos afundar na tabela. Bruxedo jesuíta e apito dourado. Na época 1990/1991 começámos com 11 vitórias seguidas, mas após um roubo em Chaves foi sempre a descer até ao tradicional 3º lugar.

Mais recentemente, vibrei intensamente com a Taça de Portugal em 2015 e com o pleno de ceptros maiores em todas as modalidades de pavilhão no ano de 2018. E logo no ano de inauguração do nosso pavilhão.

Após os títulos no virar do século/milénio, eu achei que, finalmente, o Sporting tinha entrado nos eixos e iria voltar a ser campeão regularmente. A desastrosa época 2004/2005 provou-me que os títulos eram sol de pouca dura e iríamos voltar ao marasmo das décadas de 80 e 90. Onde estamos aos dias de hoje.

Não posso terminar esta crónica das minhas (melhores) memórias enquanto sportinguista, sem falar daquele que para mim foi o melhor atleta a alguma vez envergar a nossa camisola.

Houve vários de grande qualidade claro, vários que felizmente nos recordaremos para sempre, mas para mim o melhor de todos (e considerando que os violinos já não são do meu tempo) foi de longe Krassimir Balakov. Este pequeno grande génio da bola esteve connosco cinco épocas (impensável nos dias que corem um jogador deste nível estar por aqui tanto tempo). Entre 1990 e 1995. Com a nossa camisola fez 168 jogos e marcou 60 golos. Ainda esteve na final da Taça de 1995 que falei mais atrás.

Infelizmente, não vejo no horizonte próximo perspectivas de voltar a viver memórias destas. Mas como estamos no natal, excepcionalmente, não vou dizer mal de ninguém nem agoirar para o futuro. Em janeiro, cá estarei para continuar a esmiuçar atentamente a (má) gestão da nossa actual direcção.

Até lá desejo umas boas festas a todos os nossos leitores e também ao staff do Rugido Verde. Que por cá continuemos todos em janeiro de boa saúde e a respirar o verdadeiro Sportinguismo. E seja qual for a vossa ementa para esta consoada eliminem os croquetes da mesma. São altamente nocivos à saúde.

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