Matrix Sportinguista
Matrix é um dos meus filmes preferidos de sempre e considerado por muitos como um dos melhores filmes de sempre dentro do género ficção científica. Saído ainda no século passado (1999), e sem querer entrar em grandes spoilers para quem nunca viu, o filme é sobre um mundo distópico, onde a realidade vivida pelo ser humano é uma espantosa simulação criada por máquinas chamada Matrix.
Na realidade, estaríamos todos em hibernação, vivendo nessa realidade virtual. Eu diria que The Matrix poderia perfeitamente ser o resultado da dominação do mundo por parte das máquinas relatada em 1984, no filme Exterminador Implacável.
O cinema desde há muito que fantasia sobre este tipo de temática. Aqui no Sporting, pensando bem no estado em que se encontra o clube, eu começo a pensar que estamos a viver numa qualquer Matrix desta vida.
Temos uma Matrix que entra na cabeça dos Sportinguistas, através de toda uma comunicação social conivente e que prega, diariamente, a cartilha que tudo está maravilhoso e perfeito no clube.
“O Sporting está no caminho certo”, “é preciso dar tempo”, “temos de nos unir”, “os resultados aparecerão”, “vamos conseguir”, etc e blá bá blá.
Na realidade, não vemos nada disto. Vemos sim, um clube cada vez mais dividido, uma estrutura directiva que nada faz para tentar acabar com essa desunião fazendo diariamente pior, é censura e perseguição a sócios, é desrespeito consciente pelos estatutos, é a desvalorização gritante da marca. Mas o presidente, qual autómato arrogante e autista, insiste em ignorar aquilo que classifica como “barulho” ou “minoria ruidosa”, continuando impávido e sereno no seu caminho de destruição do clube.
Como qualquer programa de realidade virtual minimamente competente, também a Matrix Sportinguista possui o seu grande chavão, aquela mensagem que passa ininterruptamente nos ecrãs de motivação populacional: “Façam o que quiserem”. Mas na realidade, o povo sportinguista pouco ou nada pode fazer perante esta ditadura de lavagem cerebral em vigor.
Qualquer tentativa de manifestação ou de questionar a ordem das coisas é censurada pela comunicação social ou ignorada pelo clube, as reuniões de sócios foram banidas, as claques do clube foram expulsas acusadas de serem organizações à beira da sublevação.
Entretanto, para o presidente da Matrix que enriquece a olhos vistos, após desencantar um cargo político que não exerce a fim de se libertar da pouco remunerada vida militar, o céu é o limite. Desde casas de luxo até dívidas que foram entretanto misteriosamente pagas.
É preciso, contudo, não esquecer que em todas as futuristas realidade virtuais existem movimentos de resistência. No filme Matrix, a resistência era protagonizada por Neo. No Sporting, essa luta é levada a cabo por inúmeros movimentos entre os quais se encontra o Rugido Verde. Aqui, orgulhamo-nos de combater essa realidade meramente virtual dum clube pujante e vencedor, por oposição à realidade real que é a dum clube cada vez mais fraco, inofensivo, mal gerido e à beira do colapso.
Nos filmes, inevitavelmente, a resistência acaba por levar a melhor. No Sporting, meu caro leitor, temo cada vez mais que não seja possível acabar com esta Matrix incontrolável.
Eu colocaria o Sporting mais na realidade da Europa de Leste.
Uma especie de Alemanha de Leste (DDR).
Na DDR as pessoas ouviam uma história. O país era optimo, as pessoas eram felizes, o capitalismo era mau e todos queriam a utopia comunista. O partido era tudo. Quem era do partido podia enriquecer (embora isso fosse um “crime” porque ficar rico era apenas para os porcos capitalistas).
Mas a realidade é que sempre que eles “abriam os olhos” e iam ao outro lado da cortina de ferro, viam uma sociedade com liberdade, com pessoas felizes, com pessoas bem alimentadas…. Mas isso era para os poucos previligiados que conseguiam atravessar a cortina. Para a maioria dos cidadãos, a utopia comunista era a verdade e tudo o resto eram mentiras dos capitalistas.