RUGIDO VERDE

Por esta altura, finais de 2019, pensava eu já não ser necessário abordar algo que devia estar apreendido por todo e qualquer sportinguista: o Sporting só terá aspirações a ser grande quando largar, enterrar, expiar o feudalismo e abraçar a grandeza que o seu crescimento popular lhe trouxe.

Infelizmente, o verão de 2018 foi inequívoco. Os sportinguistas continuam a não entender algo básico e continuam a prestar reverência a figuras que não o justificam, pelo contrário. Figuras que representam uma minoria social com demasiado poder no país, injustificado, tendo em conta o que realmente aportam ao mesmo. 

Depois de décadas de jugo que invariavelmente diminuíram o clube e o tornaram numa coutada particular, esperava-se que, independentemente de tudo, os sportinguistas já soubessem o que não valia a pena, o que era para fechar numa caixa e guardar nas memórias. Mas não. Mais uma vez caíram na esparrela do costume, cedendo aos tipos de boas vestes, boas famílias, bem falantes, notáveis de pacotilha, ou seja, os incompetentes do costume.  Confesso que nunca pensei que fosse novamente possível. Estava enganado.

Dizem que temos de honrar os fundadores, que devemos sempre seguir o ideal deixado  por estes em 1906, que não o podemos renegar, etc, etc. Eu não sei o que os fundadores desejariam em 2019, confesso. Sei que passaram mais de 100 anos, o mundo mudou e o clube também, e que não há sentido nenhum um clube como este, com uma massa enorme que o segue fruto de um passado grandioso e com muitas fases, estar congelado numa realidade passada e ultrapassada.

É altura de realmente sermos diferentes e abraçarmos o futuro como ele deve ser abraçado, largar as carcaças que se lhe colam insistentemente, e focarmo-nos no que realmente importa e é imutável: o desígnio de sermos a maior potência desportiva!

Para isso cada um de nós é importante, cada um de nós terá de ser sócio, mesmo que os tempos nos tirem a vontade de o ser, pois só assim a força da maioria se fará valer.