RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Abril 18, 2024

Big Brother is watching

Nos textos que tenho vindo a escrever, por norma, tenho optado por um maior foco na vertente emocional da minha ligação ao Sporting, na esperança de que se houver alguém que se identifique com a minha linha de pensamento, e se cruze com um dos meus textos, esse alguém saiba que há mais como ele. No entanto, desta vez, não posso deixar passar uma das mais recentes polémicas que envolvem e envergonham a essência do Sporting Clube de Portugal.

Refiro-me ao facto de a conquista (inédita para portugueses) de um título mundial de Judo por parte do atleta do Sporting, Jorge Fonseca, ter sido omitida na capa da mais recente edição do Jornal Sporting.

O ecletismo sempre foi, tradicionalmente, uma bandeira do Sporting Clube de Portugal – são inúmeros os títulos em diversas modalidades que foram, e são, motivo de orgulho dos Sportinguistas. Logo por aqui, faria todo o sentido que da capa do Jornal Sporting constasse esta importante conquista, que não o é só para o Clube, mas também para o País.

Mas, ainda assim, quando critico, gosto de levar até ao fim a presunção de que sou eu que estou errado. Assumamos, então, que sou eu que sou demasiado fã de Judo e, de facto, a modalidade não tem relevância suficiente para fazer capa no jornal oficial do Clube. Esta tese esbarra nas capas dos mais relevantes jornais desportivos nacionais (A Bola, O Jogo e Record), em que os dois primeiros fizeram da conquista manchete, e o segundo, pelo menos mencionou o acontecimento na sua capa.

Temos então uma situação estranha, em que a imprensa desportiva por Portugal fora dá mais importância à conquista de um atleta do Sporting (a representar Portugal, claro) do que o próprio Sporting. Chega a ser irónico, já que aquando das capas dos jornais diários, foi criticada a ausência de menção do Clube do atleta… Ora quando esse mesmo Clube não confere a relevância devida à ocasião, deixa de se poder exigir o mesmo a outros Órgãos.

Há que reflectir nisto, gente do Sporting, pois não é a primeira vez nos tempos recentes que o Jornal Sporting, dirigido por Rahim Ahamad, se rege por alguns valores que eu, pelo menos, critico na imprensa nacional e fico apreensivo por ver surgir no jornal oficial do meu Clube.

Este desabafo não se dá por eu ter esperado um grande nível de seriedade ou de profissionalismo por parte de Rahim Ahamad, pessoa pela qual não nutro respeito, tendo em conta as suas atitudes em Assembleia Geral – quem não demonstra profissionalismo perante os sócios, em pessoa, também não o vai fazer por detrás de um computador enquanto escreve o Editorial e dirige o resto dos redactores. Dá-se por, como pessoa da Comunicação por formação, ter interesse especial nesta área extradesportiva do nosso Clube e me deixar extremamente descontente a forma como o Jornal Sporting tem sido usado para veicular informação conveniente e deixar de fora (demasiadas) inconveniências, chegando na última edição à escandalosa omissão referida nos parágrafos acima.

Na minha opinião, que, como qualquer opinião, vai fazer sentido aos olhos de uns e passar ao lado dos olhos de outros, o Jornal Sporting deve reger-se pelos princípios pelos quais eu quero que o Sporting Clube de Portugal se reja, entre os quais se incluem: transparência, honestidade e integridade. Como tal, aqui vai a honestidade da minha parte, referindo que não compro uma edição do Jornal Sporting há uns bons meses, já que me deixei de rever no mesmo.

Pego em alguns exemplos recentes para justificar a minha opinião. Temos, por exemplo, a capa de 4 de Julho, em que se dedica grande porção da mesma com a súmula do processo disciplinar apresentado a Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho. Por outras palavras, parte da capa do Jornal Sporting é dedicada a enumerar as razões pelas quais os sócios devem votar na destituição destes dois sócios em particular. Nem é preciso mencionar a mesquinhez que isto envolve, pode-se apenas mencionar que o Presidente do Clube (que suponho estar acima do Director do Jornal Sporting) na sua campanha disse que não ia proceder à expulsão de sócios, para meses depois, o jornal oficial da instituição que dirige, apresentar uma edição assim.

Outra capa recente que me causou espanto foi a de 8 de Agosto, em que, ao primeiro vislumbre, me pareceu faltar alguma coisa. Falava no foco para o jogo com o Marítimo, falava no Congresso Leonino, falava na Natação (um recorde, pena que os do Judo não tenham tanta importância) e em Thierry Correia. Muitos tópicos, mas eu sabia que faltava ali alguma coisa… e relevante. Foi então que me lembrei que foi nessa semana que fomos humilhados pelo rival benfica. Vergados por 5-0, uma humilhação desportiva aos pés do rival, como eu nunca tinha presenciado nos meus anos de vida, e eis que, é omitida da capa. Uma publicação com transparência e honestidade intelectual, teria de fazer menção a esse horror vivido perante o rival. Naturalmente, não de forma positiva ou chamativa, mas tinha de constar, pois foi um tema mais relevante para o Universo Sportinguista que qualquer outra coisa nessa semana.

De forma semelhante, além da omissão do título de Jorge Fonseca na capa da última edição, também se fez de conta que o Sporting não foi derrotado em casa pelo Rio Ave, perdendo a liderança do campeonato. Em contraste, quando, nas jornadas anteriores vencemos Braga e Portimonense, fizeram-se capas muito bonitas e felizes – principalmente na última em que se regozijou com uma liderança partilhada com o Famalicão.

É uma falta de transparência que roça o gozo para com o Sportinguista. Nós, que sabemos do dia-a-dia do Clube, que vemos os jogos, que acompanhamos as modalidades, não deixamos escapar estes pormenores. Se os contestamos ou não, já depende daquilo que cada um acha importante, mas eu, pelo menos, jamais deixarei passar o registo ditatorial que o Jornal Sporting tem apresentado, que faz com que o jornal pareça uma publicação saída de um livro de Orwell.

Terminando, digo que, obviamente, não aceitando e apontando o dedo às omissões de resultados negativos, percebo o porquê de as fazerem, mas em relação à omissão de um resultado ótimo como o título mundial de Jorge Fonseca, deixo aquilo a que os ingleses chamam “food for thought”: terá a mesma a ver com as palavras de gratidão ao anterior Presidente, Bruno de Carvalho, pela sua dedicação, amor e apoio ao Sporting Clube de Portugal e às suas modalidades? Terá Jorge Fonseca sido “vaporizado” da capa do Jornal Sporting por isso?

Reflictam nisto, pois há demasiadas coisas suspeitas a acontecer para serem todas coincidências.

Bad luck, Jorge, Big Brother was watching.

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Comments

  1. Neca Pinto

    Acho que o meu caro Green Arrow foi muito suave na sua crítica. O que se fez ao nosso campeão foi muito feio. E não pensem que foi uma falha, porque erros todos podem cometer. Isto foi propositado e não é a primeira vez!
    Quando fomos campeões europeus de judo, passou-se a mesma coisa (será perseguição ao judo?), só que pior – a capa era ocupada pela fronha do presidente do conselho fiscal. Nessa altura escrevi um e-mail aos serviços do Jornal Sporting a mostrar a minha indignação e a exigir explicações. Nunca me responderam. Desde então cancelei a minha assinatura do Jornal que já tinha há mais de 20 anos.
    O que se passa actualmente no Jornal e na TV do Clube é uma autêntica vergonha.

  2. Leão Comuna

    Mas uma acha para a fogueira. Os sinais estão todos lá, os tiques aparecem e desaparecem em cada obstáculo, a prepotência e a mensagem do “quero, posso e mando” presente diariamente e bem vincada quando alguma situação fica fora de controlo ou do objectivo, daquilo que tem sido a narrativa Varandistta.

    Terá este nosso campeão Judoca futuro no Sporting? Eu acho claramente que sim.

    Ficará este nosso campeão Judoca no Sporting? Tenho as minhas dúvidas.

    Quererão os sócios este tipo de posturas presidenciais ao leme deste clube centenário? Parece que sim.

    Entretanto o lixo que é a comunicação social continua a passar a mão no pêlo do leão que não morde, não rosna, não nada…
    Quando derem por ele, está M O R T O!

    Acorda Sporting.

  3. HULK VERDE

    Quando o editor do jornal é a personagem que se sabe, alinhado numa estratégia de desinformação e propaganda mais do que desavergonhada, transformando os canais de comunicação do Clube em muletas dos interesses instalados, sabemos que os situacionistas andam calmos e os neo-exigentes menos afectados, sem ditadores coreanos que os deixem irados e revoltados. Muitos ainda foram por eles ludibriados, alguns sentem-se agora enganados, estarão a representar, ou mudaram como se muda de penteados?

  4. 5k1walker

    O jornal do Sporting anda com demasiado caril. Ver se voltamos ao cozido a portuguesa.

  5. Babalu, um leão como tu

    Vivemos tempos sombrios, para além do Jornal Sporting, temos um canal que segue a mesma linha. Durante 5 anos li muitas vezes sobre um líder que achava que o clube era seu, vi comparações de ditadores ao mesmo. O que nunca vi foi vergonhas como estas. Cada dia que esta gente lá está é mais uma faca espetada no leão. Abram a pestana.

    Bom artigo.

  6. Rei Leão

    Espectacular análise. Só não vê quem não quer. Aliás toda a gente vê a forma de actuar das pessoas que dirigem o clube actualmente, só que alguns preferem fingir que não vêem. Conseguir desprezar um atleta que com as suas conquistas engrandece o nome do clube e do país é uma indignidade para o atleta e para os sócios e adeptos que amam este clube. Isto é uma coisa a que não me lembro de assistir em lado nenhum e nem sequer de ouvir falar. Como diz e muito bem a pessoa que escreveu o artigo, já tenho visto “camuflar” derrotas, agora esconder vitórias acho que nem na Coreia do Norte… Ah, mas o outro é que era coreano…
    Parabéns pelo artigo e espero por mais desta qualidade. Pode ser que os que fingem não ver comecem a querer ver.