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Quinta-feira, Março 28, 2024

A luta de classes no Sporting

Quando no dia 1 de Julho de 1906 foi formalmente criado o Sporting Clube de Portugal, os seus fundadores estavam longe de imaginar que o clube iria ao longo da sua história ser palco duma violenta luta de classes.

Num primeiro momento, importa referir que o clube é fundado por nobres aristocratas ainda em plena monarquia, altura em que a estratificação social era muito mais evidente e vincada do que nos dias que correm.

Se era sua intenção que o clube ficasse limitado às elites e barrado ao povo apenas os próprios saberiam.

Não tendo eu vivido esse período da história de Portugal, sempre ouvi dizer que o Sporting era o clube do regime (vigente entre 1933 e 1974 – o chamado Estado Novo), no sentido de ser o clube das elites do regime, dos nobres da sociedade.

João Rocha ficará para a história como o presidente que levou o barco a bom porto no conturbado período de 25 de Abril de 1974 e anos seguintes.

Foi um presidente que dinamizou e muito o clube, o seu futebol e as suas modalidades. Tendo sucedido a um presidente que saiu para o governo da república, foi talvez o primeiro presidente a tomar um partido claro pela classe social mais desfavorecida em detrimento das elites que por norma tomavam conta do clube.

Em 1995 tem início aquele que ficou conhecido como Projecto Roquette, o princípio daqueles que nos dias que correm são vulgarmente conhecidos por “croquettes”.

Um clube-empresa, focado no futebol e descurando tudo o resto. Um clube das elites, gerido por elites, em que os sócios são meros acessórios decorativos. Soares Franco chegou inclusivamente a assumir sem rodeios que pretendia um clube só de futebol sem sócios.

Durante este período, que se prolongou até 2013, as modalidades do clube foram fechando praticamente todas e o património foi sendo alienado e desbaratado à revelia dos sócios.

Chegados a este ponto, já muitos sportinguistas desesperavam por um Sporting deles, do povo, do cidadão anónimo, por oposição ao Sporting dos oportunistas, dos políticos, dos banqueiros, das elites corruptas e tachistas.

Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho trouxe essa esperança e essa realidade aos sócios e adeptos do Sporting.

Deu também início a um período em que os “croquettes” foram obrigados a procurar refúgio e conspirar na sombra.

Pouco dado a cumplicidades com essa linhagem arrogante e oportunista, Bruno de Carvalho não conseguiu contudo cortar completamente com o passado, mantendo muitas dessas cobras venenosas no seio do clube e próximas de si.

Desde Jaime Marta Soares, passando por Rogério Alves e terminando no actual presidente Frederico Varandas, todos estes “croquettes” permaneceram religiosamente na sombra aguardando o momento certo para fazer a sua classe regressar ao poder.

Foi uma luta titânica e desigual, pois todos estes nomes possuem do seu lado recursos que mais ninguém tem: poder, influência e sobretudo capital.

Hoje são muitos os adeptos que sentem muitas saudades do estilo de Bruno de Carvalho, o presidente adepto. O presidente que vibra como eles no estádio ou no pavilhão na hora da vitória, o presidente que chega a roupa ao pêlo aos jogadores se não cumprem com o que lhes é pedido com garra, atitude e determinação, o presidente que é um deles e que com todo o prazer iria à taberna mais próxima beber umas cervejas com eles.

O que o futuro nos traz é impossível saber.

Aquilo por que lutamos e iremos lutar com todas as nossas forças é por um Sporting dos sócios e adeptos, do cidadão comum, liberto de elites, de profissionais da cunha e do compadrio, dos esquemas e do politicamente correcto.

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Comments

  1. Carlos Carvalho

    O futuro será o dono da razão, Bruno de Carvalho não merecia por tudo o que passou, é de uma ingratidão atroz o que esta gente que vive do favor lhe fez.
    Acredito piamente que aos poucos a verdade virá ao de cima e será feita justiça ao ser humano que foi achincalhado sem dó nem piedade na praça pública. SL

  2. idalina costa

    isto dá-me uma cambada de nervos que irrita. expulsar o bruno??? podem não gostar dele, desejar-lhe mal, mas agora despedi-lo? expulsar de sócio? e no próprio pavilhão dele, que ele mandou fazer. nunca na vida vai haver um igual. fez tudo bem, só não conseguiu ser campeão.

  3. O João Rocha foi o primeiro grande adversário do projecto Roquete,e aconteceu o que todos sabemos,ao Bruno aconteceu a mesma coisa,os notáveis/incompetentes/corruptos,servem-se do Clube para beneficio próprio,e os sócios são um empecilho,para eles,basta ver este último ano depois do Golpe Palaciano,estamos na versão godinho flopes 2.0

  4. Penso que é errado achar que os croquetes são todos de velhas famílias, poderosos ou ricos. Afinal os meus amigos mais humildes são contra o Bruno e os outros a favor. Tem mais a ver com snobismo e vergonha lá porque o Bruno fazia caretas e era pouco contido. Hoje são os primeiros a dizer que querem é ganhar e que o resto já passou
    Dificilmente aceitarão que erraram mas na altura certa apoiarão um Bruno que não se chame Bruno.
    Aliás já não falta muito, se bem conheço o meu clubes em 6 meses teremos eleições.

  5. Leão do Nordeste

    De uma forma simples, revejo-me completamente nesta curta narração histórica da vida do nosso SCP. É a verdade.
    Direi também que nós sócios e adeptos, não deveremos deixar cair por terra e no esquecimento todo o trabalho positivo que foi desenvolvido por Bruno de Carvalho e por todos aqueles que o acompanharam. Não deveremos de deixar de ser sócios nem de queimar cartões.
    Ninguém deve desistir. É um erro.
    O Clube precisa de todos.
    Portanto, especialmente com serenidade e inteligência, há que combater estes srs. com o intuito de reverter esta situação que o nosso SCP vive nos dias de hoje.
    Saudações leoninas!

    SppooorrrrrttiiinG!!!

  6. Leão do Nordeste

    De uma forma simples, revejo-me completamente nesta curta narração histórica da vida do nosso SCP.
    É a verdade.
    Direi também que nós sócios e adeptos, não deveremos deixar cair por terra e no esquecimento todo o trabalho positivo que foi desenvolvido por Bruno de Carvalho e por todos aqueles que acompanharam na altura.
    Não deveremos de deixar de ser sócios e adeptos, nem de queimar cartões. Ninguém deve desistir.
    Será um erro crasso desistir.
    O Clube precisa de todos.
    Portanto, especialmente com serenidade e inteligência, há que combater estes srs. com o intuito de reverter esta situação que o nosso SCP vive nos dias de hoje.

    SpoorrrrrrrttttonG!!!