RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quarta-feira, Abril 24, 2024

O amor é incondicional e o apoio, será?

Pergunta estranha, não é? Porque é que uma pergunta destas é feita, sequer? Não andará sempr, o amor de mão-dada com o apoio?

É uma discussão interessante que emerge dos dias tumultuosos que o Sporting Clube de Portugal atravessa.

Será legítimo dizer que se ama algo, se nos vemos incapazes de torcer pelo seu bem? Este dilema não surge por acaso e, não fosse pela maneira como as coisas têm vindo a ser feitas no seio do nosso clube, talvez nem surgisse de todo.

Saltando à frente, o ponto em que me alongaria sobre as duas facções que actualmente coabitam em redor do Sporting, é importante que se perceba a importância que deve ser dada a certos valores. Um deles é o valor da gratidão, que tem sido desrespeitado e pisado vezes sem conta no último ano.

Só alguém de má-fé pode não reconhecer o esforço que foi feito entre 2013 e 2018 para devolver o Sporting Clube de Portugal aos sócios, removendo-o das mãos gananciosas das elites que tanto gostam de se associar ao Leão para dele tirarem proveito, até do Leão só sobrar o esqueleto.

Ora, partindo do princípio que quem lê estas palavras, reconhece esse esforço, não será ingratidão o que estão a fazer agora ao Sporting?

De sermos reconhecidos pelo mundo por uma luta intensa contra os interesses dos agentes e empresários, garantindo mais-valias sobre os nossos atletas, salvaguardando os interesses do Clube em detrimento de quaisquer outros, voltámos à aquisição de percentagens de passe, hipotecando a totalidade do possível retorno financeiro de uma venda.

De campeões em todas as modalidades de pavilhão, à perda de todos os títulos, ao rapidamente anunciado desinvestimento.

É quase profecia. É impressionante, como tantas das coisas que estão a acontecer agora foram profetizadas aquando da destituição, ingrata, de uma Direcção que durante cinco anos colocou o Sporting num patamar de exigência tão alto, que a maioria dos sócios não conseguiu lidar com ela, sucumbindo à pressão social e mediática.

Posto isto, será assim tão ilegítimo que quem se esforçou em prol de um Sporting altivo, que podia olhar nos olhos de qualquer equipa sem receio, em qualquer modalidade não se reveja no actual clube?

Será assim tão ilegítimo que a vontade e o ânimo sejam os mesmos, quando todas as decisões tomadas por uma Direcção que chegou ao poder de forma sombria vão contra os ideais de Sporting em que se acredita?

Apesar de, talvez na minha inocência, continuar a marcar presença várias vezes e continuar a acompanhar tudo acerca do Clube, não consigo julgar quem, depois de cinco anos de dedicação por um Sporting merecedor do estatuto de grande, vá abaixo animicamente ao ver o rápido retrocesso de tantas vitórias que vão além das que valem três pontos.

Não devia ser preciso uma nova pior classificação de sempre no futebol para se acordar novamente para a realidade.

Não devia ser preciso o definhar do Clube até ao estado em que estava quando foi ressuscitado em 2013. Não devia… Mas será preciso?

Da minha parte, fica o apelo a que quem acredita no Sporting que nos foi mostrado nos últimos anos não desista e fique do meu lado a lutar pelo seu ressurgir.

Foi um erro de cálculo das elites terem deixado que se vislumbrasse um Sporting tão pujante e esplendoroso, porque agora sabemos que não é uma ilusão, mas sim fruto do amor.

E o amor, esse sim, ao contrário do que possa ser o apoio em determinado momento do Clube, é mesmo incondicional.

                                                            De 1998 para sempre, Sporting até morrer.

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Comments

  1. Neca Pinto

    Excelente reflexão. Já várias vezes senti esta ambiguidade. Será que vale a pena sentir amor se não o expressamos? E como expressar este amor incondicional sem o traduzir em apoio incondicional?

    Vou dar um exemplo. Estive no pavilhão João Rocha em plena final da Liga Europeia de Hóquei. Inicialmente pensei: então mas vou ali apoiar a equipa e o FV está na tribuna, será que não se depreende que estou também a apoiar o próprio FV? Tive que me alhear deste facto que de alguma forma me perturbava e pensar que não, apenas estou aqui para apoiar o meu Sporting. E o meu Sporting não inclui o FV!
    Na realidade, foi uma grande festa de união e apoio entre os sócios e a equipa. Foi penoso ver o ar desinteressado e desligado de FV, não obstante o grande jogo e vitória do Sporting. Como é evidente não esperava vê-lo no ringue aos saltos e abraços aos jogadores, mas caramba, seria tão difícil um pouco mais de emoção?
    O que é certo é que como eu deve haver muito mais gente a pensar o mesmo, pois não obstante o momento de vitória e de festejo, FV foi brindado com uma monumental assobiadela quando desceu ao ringue.

    Voltando ao momento presente, pela primeira vez penso seriamente em não renovar a minha gamebox ou bilhete de época como penso que era anteriormente chamada. Desde o século passado que não falho uma época. Nem mesmo o ano passado, a quente após todos aqueles acontecimentos, fui capaz de vacilar em relação ao apoio à equipa e renovei a gamebox. Mas desta vez esta ambiguidade assalta-me como nunca e o amor ao Sporting não sei se irá traduzir-se em apoio no estádio.

  2. Tadeu68

    E quem não quer ver isto?
    E quem se recusa, por teimosia e despeito, admitir que foi iludibreada por gente que se veste e fala bem?
    E quem não consegue viver sem o “tacho”?
    E quem se quer apenas aproveitar de uma mole humana para sacar o “seu”, estando se completamente a borrifar, para o amor ou clubismo?
    São os 10% que perderam as últimas eleições para a anterior direção… e fazem parte de um pequeníssimo grupo de pessoas que têm o poder neste país e não podem abdicar dele. Não sabem cozer um ovo nem andar de metro!

  3. Rei Leão

    Parabéns pelo texto. É um texto que se percebe ser carregado de sportinguismo na sua mais pura essência. Compreendo absolutamente o seu dilema, também eu passo pelo mesmo, quantas vezes já me perguntei se vale a pena lutar, muitas vezes pensei já em baixar os braços e dar outra utilidade ao dinheiro das quotas por pensar que está a ser entregue a gente em que não confio. No entanto vou-me apercebendo que não posso abandonar a causa quando há pessoas, como o meu consocio que escreve este magnífico texto, que nasceram em 1998… Se vocês que mal tiveram um vislumbre daquilo que pode ser o nosso grande amor não desistem dele, como é que eu vos poderei abandonar nessa luta que se prevê longa e árdua?
    Conte comigo companheiro. Seguimos juntos e o nosso amor será sempre incondicional ao Sporting e o apoio também o será, da forma como o idealizarmos ao clube e não às gentes que dele se tentarem servir. Grande abraço e continue a brindar-nos com o seu sportinguismo em forma de prosa.

  4. Como Sportinguista, revejo-me muito neste sentido texto. Tenho muita admiração por todos os Sportinguistas que não se revêem na actual estratégia de quem comanda o Sporting Clube de Portugal e continuam estoicamente a apoiar financeira e pessoalmente o Clube.

    Eu estou muito descrente apesar de, obviamente, sentir um aperto de coração sempre que leio ou oiço alguma coisa sobre este Grande Amor que tenho desde pequeno.

    O meu sentimento é de total impotência para evitar o que me parece inevitável: a morte do Clube, mais cedo ou mais tarde. É como olhar para um familiar muito querido a padecer duma doença grave e prolongada, em que acompanhamos, dia a dia, a cada momento, o seu definhar, pensando que aquele ser, outrora belo e cheio de força, não passa agora de um farrapo humano.

    Sendo apoiante de BdC desde a primeira hora, vibrei com o seu entusiasmo e competência. Mas, desde o primeiro momento, receei que a sua estratégia comunicacional interna e externa, viesse a virar-se contra ele. Não me enganei.

    Desde o início se percebeu que os inimigos e os falsos amigos do Sporting o tornariam, mais tarde ou mais cedo, o seu ódio de estimação.

    De tudo o que ele fez de bom, só recordam o mau.

    Ao seu estilo corajoso classificam-no de truculento e belicoso. À forma superior como a sua equipa gerou um Clube falido, atiram com a falência das suas empresas.
    De Alcochete, recordam apenas aquela entrevista manifestamente infeliz e completamente a destempo, isolando as suas declarações mais controversas.
    Confundem o seu amor incondicional pelo Sporting com arrogância, prepotência, soberba.

    Não há ninguém mais cego do que aquele que não quer ver, já diziam os antepassados.

    E presentemente o Sporting está cheio de cegos que não conseguem ver que o rei, infelizmente, vai totalmente nu.

    1. Chairman Meow

      Apenas posso dizer que concordo com todas as palavras que deixou aqui, Hemgê! Creio que falo em nome da equipa quando digo que adoraria ver a sua opinião na nossa página. Se estiver interessado em enviar um texto para os nossos “Rugidos” por favor envie um email para [email protected] e nós teremos todo o gosto em publicar!

    2. Undertaker

      Este comentário emocionou-me e revejo-me em tudo o que está escrito. Só uma pessoa que atue de má fé é que fecha os olhos propositadamente ao que de bom se fez. São esses que não têm lugar neste clube.

  5. ZédasCouves

    Era excelente que nao fosse preciso cair da desgraça. Mas nao acredito. Depois de quem la esta agora sair, entra outro parecido, e apenas quando a fonte secar, voltam a largar o osso.

  6. Undertaker

    Infelizmente vamos ter que voltar à época do sétimo lugar para os iluminados acordarem. E quando isso acontecer a purga terá de ser definitiva, coisa que BdC não conseguiu fazer.

    1. Chairman Meow

      Não conseguiu e não quis, porque queria agregar os sócios e mostrar um caminho melhor. Infelizmente foi atraiçoado pelos mesmos.

      1. Undertaker

        Quis dar-se bem com Deus e Diabo pensando que o Diabo tinha mudado para melhor. Enganou-se, nunca mudam.